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Por que a declaração de Mallu Magalhães no ‘Encontro’ é mentirosa

Uma das convidadas do programa, a cantora parece não ter entendido as críticas ao clipe "Você Não Presta".

Por Lucas Castilho
Atualizado em 20 jan 2020, 11h41 - Publicado em 23 jun 2017, 15h42

A cantora Mallu Magalhães foi uma das convidadas desta sexta-feira, 23, do “Encontro”, programa global da Fátima Bernardes. Lá, para promover o álbum “Vem”, ela que já tinha pedido desculpas pelo clipe de “Você Não Presta”, considerado racista, conversou um pouquinho mais com a apresentadora sobre a polêmica.

Leia Mais: Temos problemas maiores? O racismo no clipe de Mallu Magalhães

“Em nenhum momento eu considerei a cor de ninguém durante a seleção de casting, nem reparei no número de pessoas, qual cor elas eram… […] Um grupo de pessoas negras se sentiram ofendidas, disseram que eu estava usando o corpo negro para adornar o meu clipe. Não foi a minha intenção”, se justificou sobre a situação.

De acordo com ela, a discussão sobre o clipe levantou um importante debate, porém continuou a defender o trabalho: “Continuo com a minha opinião de achar que o clipe é bonito e, claro, não foi minha intenção [ser racista] e continuo vendo o clipe como um vídeo de convite, mas o debate que se acendeu, os argumentos das pessoas… Quer dizer, Fátima, a gente aprende também que a gente não consegue prever a ferida dos outros.. […] Eu entendo essas pessoas [ que se sentiram ofendidas]. São argumentos que nunca passaram pela minha cabeça e, por isso, eu fico triste. Realmente não foi a intenção”.

Uma das convidadas do programa, a jornalista feminista Tia Má, nesse momento, resolveu entrar na conversa e explicar para Malu que, além dos argumentos contra o clipe serem verdadeiros, como o fato de apresentar os dançarinos de forma sexualizada e dela aparecer sempre à frente deles e nunca fazer contato, Mallu de certa forma, não deveria continuar batendo na tecla da “intenção”.

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“É como um crime, muitas vezes a gente não tem a intenção, mas acaba atropelando uma pessoa na rua, nem todo mundo que atropelou alguém tinha a intenção de matar, mas terminou cometendo aquilo”, disse ela.

A cantora, no entanto, logo depois da conversa, pareceu não ter entendido nada e, antes de performar a tal canção, resolveu provocar:

”Essa é para quem é preconceituoso e acha que branco não pode tocar samba”, disse a artista.

Para entender como o discurso de Mallu é problemático, o MdeMulher conversou com arquiteta e ativista feminista negra Stephanie Ribeiro:

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“Eu achei uma fala ignorante. O clipe dela continha uma visão racista do corpo negro e foi isso. Ele reafirma, sim, aquele ideal hiperssexualizado do corpo negro… Em nenhum momento as pessoas falaram que ela não poderia cantar samba. Ela se colocar como censurada é uma afronta. Eu me senti ofendida. Em uma época na qual a troca de informações é muito grande, ela cai nessa falácia de pressupor um racismo reverso. Ela pode fazer o que quiser. Agora, foi o indivíduo negro que no passado foi criminalizado e preso pelo samba, pelas rodas de samba. Nossa presença foi, sim, coibida e isso está na história. As pessoas nunca falaram sobre a carreira dela”, explicou.

Sobre racismo reverso, que foi exatamente o que Mallu invocou ao dizer sofrer preconceito, Djamila Ribeiro falou um pouco também:

“Não existe racismo de negros contra brancos porque este é um sistema de opressão. Negros não possuem poder institucional para serem racistas”.

Para quem ainda não está convencido, basta pensar em quantas vagas de emprego perdeu, por exemplo, por ser branco demais. Ou quantas vezes se sentiu inadequado em um ambiente com outras pessoas brancas. O racismo reverso é um mito porque nunca existiu uma perseguição político-cultural contra os caucasianos enquanto grupo étnico. Vamos exercitar a empatia, ok, Mallu?

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