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Emma Watson faz discurso transformador pela igualdade de gêneros na ONU

A atriz e embaixadora da Boa Vontade pela ONU Mulheres defendeu o feminismo e pediu que os homens apoiassem mulheres na luta por direitos iguais

Por Alessandra Campos (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 05h31 - Publicado em 21 set 2014, 22h00
Alessandra Campos
Alessandra Campos (/)
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“Aparentemente, estou no grupo de mulheres cujas expressões são vistas como fortes, agressivas, solitárias e anti-homens”
Foto: Getty Images

A atriz Emma Watson, nomeada Embaixadora da Boa Vontade pela ONU Mulheres há seis meses, fez um discurso inovador sobre feminismo e igualdade de gêneros no último fim de semana na sede da ONU em Nova York. Recém-graduada pela Universidade Brown, a britânica de 24 anos desmistificou a palavra “feminismo” e convidou os homens a também participarem das ações por direitos iguais. “Homens, igualdade de gênero é um problema de vocês também”, anunciou a atriz para apresentar a campanha mundial “HeForShe”, (Ele por ela, em português), que busca recrutar cerca de um bilhão de homens, de jovens a adultos, para militar pela igualdade dos direitos civis entre os gêneros em 12 meses. A tentativa da ONU de incluir os homens na luta feminista é inédita. “Nós queremos acabar com a desigualdade entre os sexos e, para isso, precisamos do envolvimento de todos”, pediu.

Em seu discurso, motivador e emocionante, Watson revelou que começou a refletir sobre a igualdade de gêneros há muito tempo, pois, aos oito anos de idade, foi chamada de “mandona” na escola por querer dirigir as peças de teatro que eram apresentadas para os pais, enquanto os meninos não passavam por esse problema para fazer o mesmo. “Quando tinha 14 anos, comecei a ser sexualizada pela mídia. Aos 15, minhas amigas decidiram parar de praticar esportes para não aparentarem um corpo musculoso. Aos 18, meus amigos homens não eram capazes de expressar seus sentimentos. Por essas e outras razões, decidi que era feminista – e isso não me parecia complicado. Mas minhas pesquisas recentes me mostraram que o feminismo se tornou uma palavra não-popular. Mulheres estão escolhendo não serem identificadas pela palavra”, contou.

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A nova Embaixadora da Boa Vontade falou também sobre o uso errôneo do conceito de feminismo. “De seis meses para cá, percebi que quanto mais eu falava do feminismo, mais via que a luta pelos direitos das mulheres estava se tornando um sinônimo de ódio aos homens. Com certeza isso tem que parar”, afirmou e completou, “feminismo pela definição é a crença de que homens e mulheres têm de ter direitos e oportunidades iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social dos sexos”.

Emma Watson faz discurso transformador pela igualdade de gêneros na ONU
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A atriz, famosa pelo papel de Hermione, da saga “Harry Potter”, foi escolhida como Embaixadora da Boa Vontade.
Foto: Getty Images

Ovacionada pelos presentes, Watson ressaltou ainda o estereótipo criado para mulheres feministas. “Aparentemente, estou no grupo de mulheres cujas expressões são vistas como muito fortes, muito agressivas, solitárias e anti-homens. Pouco atraentes, até… Por que a palavra se tornou tão desconfortável?”. 

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“Eu sou do Reino Unido e acho que é justo que eu seja paga do mesmo modo que meus colegas do sexo masculino. Acho justo que eu possa tomar as decisões a respeito do meu corpo. E que as mulheres se envolvam, em meu nome, nas políticas e nas decisões que afetam a minha vida. Eu acho certo que, socialmente, me seja dado o mesmo respeito que aos homens. Mas, infelizmente, eu posso dizer que não há um único país no mundo onde todas as mulheres possam esperar receber esses direitos. Nenhum país no mundo pode dizer que alcançou a igualdade de gêneros”, afirmou.

Além disso, ainda lembrou que sua posição é privilegiada e que nem todas tiveram oportunidades, ressaltando que muitos lutam pelos ideais feministas mesmo sem saber. “Meus pais não me amaram menos por eu ter nascido uma filha. Minha escola não me limitou porque eu era uma garota. Meus mentores não presumiram que eu iria menos longe porque eu posso dar à luz uma criança um dia. Essas influências foram os embaixadores da igualdade de gêneros que me fizeram quem sou hoje. Eles podem não saber, mas são os feministas ao acaso que estão mudando o mundo”. E ainda completou, “se você odeia a palavra, não é a palavra que é importante, e sim a ideia e a ambição por trás dela. Porque nem todas as mulheres receberam os mesmos direitos que eu recebi”.

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“Feminismo pela definição é a crença de que homens e mulheres têm de ter direitos e oportunidades iguais”
Foto: Getty Images

Como pela primeira vez a ONU decidiu envolver os homens nessa luta para acabar com a ideia de que o feminismo é uma luta das mulheres contra os homens, mas de ambos pelos mesmos direitos, a britânica falou sobre o porquê da ideia. “Se homens não precisam ser agressivos para serem aceitos, mulheres não se sentirão obrigadas a serem submissas. Se homens não precisam controlar, mulheres não precisarão ser controladas. Homens e mulheres, devem se sentir livre para serem sensíveis. Ambos, homens e mulheres deveriam se sentir livre para serem fortes. É a hora de todos nós olharmos os sexos como um todo, em vez de dois conjuntos de ideais opostos”, explicando o significado da campanha.

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Sobre não ser levada a sério por muitos por ter interpretado a célebre bruxa Hermione do filme Harry Potter, ela também se defendeu. “Você pode estar se perguntando: ‘Quem é essa garota de Harry Potter e o que ela está fazendo discursando nas Nações Unidas?’. Essa é uma boa pergunta que eu mesma me fiz. Tudo o que sei é que eu me importo com esse problema. E quero torná-lo melhor. Tendo visto o que vi, e aproveitando a oportunidade, eu sinto que é responsabilidade minha dizer alguma coisa”. E finalizou, “estamos lutando por um mundo unido, e a boa notícia é que temos um movimento unido. Ele se chama HeForShe. Eu convido vocês a se apresentarem, a serem vistos e se perguntarem: ‘Se não eu, quem? Se não agora, quando?'”.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=p-iFl4qhBsE%5D

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