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Troquei o café pelo chá por 17 dias e foi isso o que aconteceu

Uma história que envolve choro, guerras e até mesmo dragões.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 20 jan 2020, 09h39 - Publicado em 28 jul 2017, 16h01

17 dias sem café. Sim, 17 longos dias sem café. Se eu fosse fazer um top três das bebidas favoritas da minha vida, o café estaria em primeiro lugar (seguido, obviamente, de cerveja e do vinho). É incrível o poder dele de transformar em arco-íris o mais cinza dos dias, de dar aquele abraço forte quando tudo o que você quer é chorar no banheiro da firma, de verdadeiramente ser o seu companheiro na saúde e, principalmente, na doença – exceto, claro, quando você desenvolve uma gastrite.

Leia Mais: Tudo o que você precisa saber sobre o chá

Acha que eu estou exagerando? Imagina! Apesar da cafeína ainda ser uma substância um tanto misteriosa, ela faz do café um aliado poderoso desse jeitinho mesmo. Quem afirma é a ciência, tá? É comprovado, por exemplo, como ela estimula os neurônios, reduz a fadiga e aumenta a capacidade de concentração e memória. Basicamente, ela atua como um beijinho doce e aquele empurrãozinho que todo mundo precisa durante a manhã. Além disso, nos últimos anos, surgiram diversos estudos que comprovaram como o café é a Mulher-Maravilha do mundo das bebidas: ele combate a celulite, atenua as olheiras, é amigo da beleza, pode previnir o câncer e auxilia no controle da diabete tipo 2. E pensar que antes de 2016 acreditavam que ele poderia ser cancerígeno…

E, ó, ele também está mais famoso do que nunca! Ok, o chá, depois da água, ainda é o drink mais popular do mundo (é, eu também fiquei chocado), mas o café, queridinho nacional (o Brasil é o maior exportador do mundo), vive um período de glória nos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, metade da população norte-americana consome a bebida diariamente. E, graças aos millennials, a forma como ele é apreciado também mudou: as pessoas estão trocando o cafezinho feito em casa por opções gourmetizadas produzidas “na rua” – seja de uma pequena lojinha hipster no Brooklyn, seja da Starbucks. De acordo com relatório da Associação Nacional do Café (NCDT), nos Estados Unidos, a venda de cafés gourmet, por exemplo, entre 2008 e 2016, subiu de 13% para 36% entre a população de 18 a 24 anos, e de 19% para 41% entre o público de 25 a 39 anos. O café virou cult.

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(Reprodução/Tumblr)

Meu café, minhas regras

É até meio embaraçoso como eu comecei a gostar de café, mas vamos lá, vou ser sincero: comecei a tomar a bebida por causa de “Gilmore Girls”. Sim. Imagina você, um adolescente encantado com o mundo das garotas Gilmore: as referências à cultura pop, a relação próxima de uma amizade entre mãe e filha, algo que eu nunca teria com a minha, por exemplo, os péssimos hábitos alimentares, os diálogos mais rápidos do que os beijos gay na Globo, e, claro, as duzentas xícaras de café consumidas diariamente por aquelas personagens deliciosamente egoístas e carismáticas. Me rendi.

Logo, o café virou meu mantra, meu vício e, infelizmente, muitas vezes, minha muleta. Se eu pudesse, parafraseando a Lorelai, colocaria café nas veias todas as manhãs. Mentira. Quer dizer, verdade. Bem, eu não acho que eu seja um grande viciado, mas, talvez, os quatro copos de cafezinho diários consumidos por euzinho sejam um pouco exagerados, sim (Desde 2003, o limite de cafeína recomendado é de 400 mg ou cerca de três xícaras de 150 ml de café, como informa o Life Science Institute).

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Durante esses mais de (ALERTA IDADE) dez anos devotados ao café, eu sumariamente ignorei o irmão dele mais famoso (estou falando do chá, galera). Por pura ignorância, eu sempre associei o chazinho com a figura da avó (te amo, vó!), com aquele consumo relegado apenas ao horário da soneca… Sempre considerei o chá como aquele meio-irmão feioso do café, sem toda a força e, claro, o charme do cafezinho. Eu estava enganado.

De acordo com vários estudos, o chá pode ser tão poderoso quanto o café: traz os mesmos benefícios, oferece o mesmo nível de alerta, reduz o risco de depressão e com a vantagem de não prejudicar o sono. Me rendi. #desculpacafé

Lorelai Gilmore

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17 dias sem café

Com todas essas coisas incríveis sobre o chá, pensei: ‘é, vai ser difícil, mas acho que vou me adaptar’. A verdade é que eu sou uma pessoa muito teimosa – sou taurino, né? – e queria provar por A + B a inegável superioridade do café – não importasse o quão sofrido fosse esse período.

Paguei minha língua? De certa forma. A primeira semana foi horrível. HORRÍVEL. Eu parecia um dos dragões da Daenerys, Nascida na Tormenta, Mãe de Dragões, Mysha, Rainha dos Ândalos dos Rhoinares e dos Primeiros Homens. Nossa. Eu queria explodir a cabeça de todo mundo. Não conseguia ver a luz no fim do túnel. Não conseguia nem conversar direito com os meus amigos. Não conseguia aguentar um almoço de mais de uma hora com qualquer pessoa. Nem eu estava me aguentando.

Resultado? Comecei a descontar tudo o que eu não podia beber de café em doces. E, olha, eu nem gosto tanto assim de doces. Todo o tempo eu falava para o meu eu interior ‘por que, diabos, você decidiu se meter nessa?’, ‘calma, Lucas, isso logo vai acabar’, ‘porra, eu ODEIO CHÁ’. É foi bem assim.

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O que eu não contava era com o plot twist. A vida, essa danadinha, esperou eu passar por esses primeiros dias horríveis para, na segunda semana, me esmurrar com uma verdade bastante inconveniente: o seres humanos se adaptam a tudo.

E lá estava eu, feliz em testar todos esses sabores novos de chá: limão, jasmim, bergamotta e outros nomes tão difíceis de “digitar de cabeça” quanto Arnold Schwarzenegger. Eu tinha incluído a bebida na minha rotina e esquentava a água pela manhã, depois do almoço e, de vez em quando, no fim da tarde. Eu estava em paz comigo mesmo. Eu fiz as pazes com os meus amigos. Voltei a almoçar com outras pessoas. É, eu havia saído daquela caverna oculta. Daquele vortex sem saída no qual eu me encontrava na semana anterior.

Nem preciso dizer como a terceira semana passou faceira e tranquila…

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Copo de café da Starbucks
(Reprodução/Tumblr)

O que aprendi

Hoje, após a primeira xícara de café depois de 17 dias, eu chorei  percebi que, sim, o café pode ser substituído tranquilamente pelo chá. Eu senti na pele o que a ciência já avisava: os benefícios são os mesmos.

E, na real, a nossa cabeça é muito vilã, né? A gente entra “numas piras” que fazem parecer o rolê muito pior do que ele realmente é. Eu acho que eu reclamava mais pelo prazer de reclamar por estar sem café do que pela falta propriamente dita dele.

Fisicamente não percebi nenhuma mudança: meu peso continuou o mesmo, minha pele continuou a mesma e meu ânimo continuou o mesmo. Talvez eu também tenha tido sorte, já que muita gente reclama de dores de cabeça horríveis após aposentar o cafezinho e outras mudanças bastante chatas.

A verdade é que, mesmo com esse experimento, eu não vou trocar mesmo o chá pelo café. Eu amo café. É meu ritual. Eu amo essa experiência que, para mim, é quase espiritual. Mas vou, sim, olhar com mais carinho para o chá e incluí-lo, de vez, na minha vida mesmo que ele não consiga entrar nem no meu top cinco drinks favoritos.

A maior lição? É péssimo para o orgulho comprovar que você estava sendo teimoso. Mas sendo bastante moralista e finalizando este texto com a tradicional mensagem motivacional que este texto merece, é maravilhoso quando a gente resolve ser menos duro consigo mesmo e se permite abrir para o novo, se permite estar errado. Eu estava errado.

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