O apê alugado tem a cara da nova dona
Tonalidades fortes, arranjos e coleções pelas paredes, peças customizadas e outros elementos marcantes imprimem o jeito da moradora na decoração deste apartamento curitibano de 86 m²
A arquiteta catarinense Ana Cris Willerding sempre se preocupou em poupar as paredes dos apês alugados em que morou. Mas quando se mudou para este, com o filho, Lucas, decidiu que tudo seria diferente. “Antes de entregar o imóvel, é preciso pintá-lo, não importa o quão cuidadoso você tenha sido com o branco original. Já que é assim, decidi encher a casa de personalidade”, conta.
Munida de pincéis e furadeira, coloriu a alvenaria como bem entendeu e bolou as composições de quadros e pratos. “Depois, é só passar uma massinha e repintar”, diz. Animada com o resultado, Ana ainda tingiu a escada de vermelho e reformou alguns móveis.
No meio do caminho tinha uma escada
❚ Desde que Ana entrou pela primeira vez no apartamento, se sentiu incomodada com a escada preta em espiral bem no meio da sala. Quando começou a bolar a decoração, no entanto, veio a sacada: melhor do que tentar disfarçar a estrutura metálica, seria tirar partido dela. Assim, a moça escolheu um vermelho vivo e caprichou nas pinceladas para destacar esse elemento. E não é que a parceria com o amarelo, eleito para as cadeiras, ficou arrasadora?
❚ A cozinha estreita já era parcialmente aberta para o estar, e a arquiteta aproveitou para criar ali o canto de refeições. A função de mesa é cumprida por um tampo de MDF (60 cm de profundidade) instalado sobre a meiaparede da divisória – dali em diante, a chapa se estende com 30 cm até o encontro com a parede, tornando-se um aparador. Uma peça semelhante vai sobre os móveis vizinhos.
❚ Um moderno arranjo de quadros e a querida coleção de pratos convivem lado a lado nas paredes.
Sala compacta, mas cheia de aconchego
❚ A escada delimita o espaço de 6 m² destinado ao estar. A arquiteta dispensou o sofá para dar lugar a duas poltronas. “Me encantei pelo design das peças quando as vi em um mercado de antiguidades. Como o estofamento não me agradou, troquei o forro, apostando em tecidos que trazem estampas iguais, mas com cores diferentes”, conta.
❚ Na parede da frente, que mede 1,40 m de largura, coube apenas um rack para apoiar a TV. Ali, a mesma tinta cinza da cozinha aparece novamente, reforçando a integração visual dos ambientes.
❚ Sentindo falta de mais tons intensos, Ana escalou o turquesa para cobrir a alvenaria da janela e criar um contraste com o vermelho. E ainda repetiu a alta dose de azul no tapete. “Adoro trabalhar com matizes fortes. Como aqui parti de uma base neutra, tive muita liberdade para brincar com as cores, capturando olhares”, justifica.
❚ Banquinhos de madeira, em diferentes alturas, funcionam ora como mesinha lateral ou de centro, ora como assento extra para os dias em que a casa fica cheia. Em encontros mais informais, os convidados se acomodam no chão, apoiados nas almofadas gigantes.
Circulação valorizada
❚ As salas integradas somam 14 m² e, para não entulhar essa área, Ana decidiu abrir mão do ambiente de jantar. Como a cozinha já era aberta, ela usou a base de alvenaria para apoiar uma mesa (1) e colocou apenas um bufê (2) na parede lateral, deixando um bom espaço livre entre o móvel e a escada (3).
❚ Na cozinha, de 1,60 m de largura, o armário estreito (4) em frente à pia deixa 80 cm para passagem.
Economia de espaço e de dinheiro na suíte
❚ A cama e a cômoda da lateral já pertenciam a Ana, mas foram reinventadas nesta decoração. O leito ganhou uma cabeceira que é, na verdade, uma porta de madeira crua parafusada na horizontal. Já o móvel passou por uma bela transformação: a moradora encapou as gavetas com retalhos de diferentes tecidos estampados, grudados com cola branca.
❚ Pensando em poupar cada centímetro do quarto, a arquiteta mandou fazer um guarda-roupa mais magrinho e sem portas – apenas o maleiro fica escondido. Nos nichos inferiores, inseriu caixas de papelão que funcionam como gavetas.
❚ Para fugir da mesmice, Ana não quis criados-mudos convencionais e colocou a peça customizada de um lado e uma mesa lateral branca do outro.
Só há lugar para o descanso neste andar
❚ No segundo piso, fica o recanto de tranquilidade dos moradores. No hall da escada, Ana criou um agradável espaço de leitura e investiu em artigos mais caros, a exemplo da poltrona de design assinado (modelo Brisa, de Fernando Zanardi) e da almofada colorida ( Inove Aplicação). Mesinhas de apoio exibem as peças favoritas da decoração.
❚ A fim de quebrar o predomínio do branco, a arquiteta emoldurou a porta de vidro com o mesmo tom de cinza aplicado na cozinha e na sala. O efeito de lousa foi conseguido simplesmente com a opção pela tinta esmalte fosca. Esse acabamento permite escrever com giz escolar e apagar.
❚ Dois quadros complementam a ambientação. Perceba que eles foram pregados avançando sobre a divisão de cor da parede. “Tentei fugir do óbvio que seria terminar a faixa cinza em um ponto determinado e, dali em diante, fixar as molduras na superfície branca. Estou sempre em busca de liberdade criativa”, aponta.
❚ Por ser localizado no último andar do prédio, o apartamento tem uma gostosa varanda de 9 m². A área tem o piso revestido com deques de madeira e conta com almofadas e futons espalhados pelo chão.