Nova entrada para mudar a cara do apê
Roubando parte da área do banheiro, o hall dobrou de tamanho e deixou a cozinha à vista. Assim, o imóvel carioca, de 71 m², ficou exatamente como a proprietária desejava
Só depois de duas visitas ao apartamento, a relações-públicas Gislaine Garbelini se rendeu a seus encantos. “O hall apertado e a cozinha fechada me desagradavam, mas o quarto amplo, o piso de tacos e a lavanderia generosa eram o que eu queria”, conta. Decidida a aproveitar o que o imóvel tinha de melhor, fechou negócio e entregou a reforma aos arquitetos Marcel Rofatto e Eliete Mourão. Foram necessários quatro meses e a demolição de algumas paredes para tudo ficar como ela imaginou. A decoração ainda está sendo garimpada. “Gosto de comprar peças que venham para a casa junto com uma boa história”, diz.
Mudanças pontuais
Ilustração: Alice Campoy
❚ O hall de entrada (1), que antes tinha 1,34 m², agora mede 3,17 m². para tanto, foi preciso roubar parte da área do banheiro (2) logo atrás, descartando a antiga banheira. a manobra ainda resultou na integração da cozinha à sala e melhorou a iluminação dos ambientes.
Mais amplitude e pinceladas de cor
❚ Para a conquista de um hall maior, a cozinha perdeu uma de suas paredes, abrindo-se para a ala social. Apenas o piso de porcelanato marca o limite do ambiente – do outro lado, foi mantido o taco original de madeira.
❚ Por ter medidas enxutas, o cômodo não comportava uma mesa, mas Gislaine fez questão de uma bancada para refeições rápidas. A solução veio com uma tábua de MDF (2,19 x 0,35 m) apoiada em mãos-francesas. Acima dela, uma prateleira estreita (15 cm de profundidade) de mesmo material delimita o encontro dos revestimentos da parede – até a metade, a alvenaria é coberta de cerâmica branca, e, dali para cima, a pintura dá cor ao projeto.
❚ Um porcelanato que imita mosaico valoriza o trecho acima da pia.
Na sala, o básico com toques criativos
❚ Integrado ao estar, o jantar conta com uma mesa de madeira com espaço para quatro cadeiras, mas os arquitetos apostaram em uma composição diferente: “Para o lado da parede, sugerimos um banco com futon, o que deu um aspecto mais descontraído”.
❚ No estar, o branco prevalece. Novamente, a proposta foi deixar a ambientação mais luminosa e inserir apenas alguns pontos de cor.
❚ Peças antigas conquistaram seu lugar, não sem antes passar por uma repaginação. O abajur, comprado em um antiquário, teve a cúpula revitalizada pela moradora com papel estampado. Já o sofá, trazido do velho endereço de Gislaine, estava com o estofado gasto, problema escondido com uma capa feita pela costureira da família. “As cortinas também passaram pelas mãos dela, que é quem me ajuda quando é preciso fazer bonito com os tecidos.”
❚ A maior procura foi do rack. “Fiquei mais de um ano no improviso porque não encontrava um do jeito que eu imaginava e com a medida apropriada”, lembra. Então, a moça fez um esboço do móvel ideal e levou o desenho a um colega marceneiro, que criou e executou o móvel.
Uso inteligente de espaços recortados
❚ Com formato em L, a planta do dormitório de Gislaine era um verdadeiro quebra-cabeça. Para ocupar o cantinho da janela sem perder a luminosidade natural, a dupla de arquitetos criou um home office. Bastou posicionar ali uma bancada estreita com um gaveteiro e prateleiras generosas.
❚ E a madeira de demolição também tem vez no quarto! “Gosto de saber que esse material já teve outros usos e foi reinventado. A imperfeição dos detalhes me agrada demais”, justifica a moça. O criado-mudo é um baú antigo, presente do namorado dela.
❚ Nem sempre um pilar no meio do caminho é um problema. No banheiro, o elemento estrutural ao lado do boxe foi transformado em um apoio diferente e funcional. “Descascamos a alvenaria até encontrar a estrutura, e houve profundidade suficiente para fazer um nicho com prateleiras”, revela Marcel.
❚ A boa circulação foi garantida com uma bancada estreitinha, de 30 cm de profundidade, repleta de armários na parte de baixo. E, para ter uma cuba maior, a saída foi recorrer ao modelo de semiencaixe.