Cores e música dão o tom no apê de 70 m²
Preservar a distribuição dos cômodos e dos pisos entregues pela construtora manteve o orçamento sob controle. Aí, foi possível direcionar a verba para as soluções decorativas que evidenciam a faceta despojada e musical da moradora
Quando a administradora e contadora paulista Juliana Ogawa Palodetto se mudou para Curitiba, levou na bagagem alguns móveis queridos, uma coleção de discos, outra de livros e uma vontade: montar um lar que refletisse seus gostos e sua história. Para isso, escalou a arquiteta Beatriz de Araújo Empinotti, do Union Architectural Concept, que contou com a ajuda da também arquiteta Claudia Fernandes Dias. Como o imóvel era novinho em folha e tinha um layout inteligente, Juliana pediu alteração apenas em uma parede, a da entrada, que deu lugar a uma charmosa estante. As demais intervenções se resumem a boas doses de cores, revestimentos marcantes e mobiliário funcional, com direito a closet e penteadeira em estilo camarim. Quadros, capas de vinis, entre outros objetos, completam o cenário inspirador, feito em três meses.
Mistura equilibrada
❚ “Apoiando-se em tonalidades neutras, há mais liberdade para a inserção do colorido”, explica Beatriz. A arquiteta decidiu aproveitar o antigo tapete cru da moradora e elegeu um cinza-escuro para o sofá (modelo Hayden , de 2 x 0,92 x 0,86 m*. Etna) e o tom de madeira natural para o piso laminado ( Carvalho Escuro Midnight , da linha Legend, da Quick-Step. Natur Pisos), que percorre todo o apê. A partir daí, a paleta de cores explodiu, como desejava Juliana. Coral e amarelo pontuam toda a decoração, esquentando o clima, enquanto o azul vem na medida para contrabalançar.
❚ Atrás do sofá, foi aplicada a cor Cerca Viva (ref. C064, da Suvinil. Balaroti, galão de 3,6 litros). As gravuras do designer Henrique Martins (30 x 30 cm), alinhadas pela largura do móvel, agregam ainda mais personalidade.
❚ Logo na entrada, a única divisória de alvenaria que separava o hall da cozinha foi trocada por uma estante onde se acomodam livros e objetos queridos, que dão as boas-vindas. A parede vizinha exibe tinta lousa.
Espaços otimizados
❚ Com menos paredes, a cozinha parece muito mais ampla. Para bem aproveitar a área, Beatriz mandou instalar armários sob medida de um lado e, para o outro, encomendou um móvel laqueado laranja com design sequinho (1,52 x 0,28 x 1,85 m), desenhado por ela, com função de cristaleira.
❚ Acima da pia, cerâmicas estampadas ( Provence Mix , da Portobello, de 20 x 20 cm. Balaroti) dão bossa à ambientação.
❚ A iluminação ficou mais elegante com o uso do forro de gesso. “As lâmpadas fluorescentes dentro do rasgo no teto ficam camufladas e geram uma ótima luz difusa”, afirma Beatriz.
Estante versátil: tudo muda em segundos!
❚ Bastou instalar duas prateleiras na parede branca atrás do jantar para que ela virasse a estrela desse canto. As peças, de laminado branco com 8 cm de profundidade, tomam a superfície e ainda continuam após a quina, na alvenaria do corredor. Ali, Juliana apoia seus discos e livros favoritos, que exibem belas capas. “Gosto muito de rock, principalmente de Beatles e Rolling Stones. Até meus livros são sobre música”, comenta a moradora. “O bacana é que esses objetos acabam tendo a mesma função de quadros”, completa a projetista. E a maior vantagem é poder trocá-los e dar novas cores ao ambiente a qualquer momento.
❚ O conjunto de móveis rústicos do jantar, de madeira maciça – que reúne mesa, banco e cadeiras –, foi arrematado por Juliana em um antiquário de Copacabana, durante uma temporada em que ela viveu no Rio de Janeiro. Com azulejos portugueses estampados no tampo, o móvel antiguinho, xodó da moça, faz um belo contraponto com a decoração contemporânea que predomina no apartamento.
A marcenaria tira proveito dos 70 m²
❚ A bancada (1) da cozinha americana é um verdadeiro curinga! A estrutura tem como função principal formar o balcão de refeições, mas ela ainda avança em direção à sala de estar e fica estreitinha, apoiada na parede, servindo como suporte para a TV.
❚ Na suíte, a área generosa permitiu a criação de um closet: o armário planejado (2) foi disposto perto da entrada, delimitando a área de vestir (3). Ao fundo, se encaixa uma penteadeira (4).
Tonalidades rebaixadas para trazer aconchego
❚ No quarto de hóspedes, que abriga o home office, a paleta de cores é mais suave. “Decidimos aplicar papel de parede amarelo estampado em apenas duas superfícies para alegrar, porém em um tom clarinho, que não deixa sobrecarregar o ambiente de 8,10 m²”, conta Beatriz.
❚ Os móveis sob medida também estão presentes aqui, aproveitando cada centímetro do cômodo, inclusive no alto. Bancada e prateleiras receberam acabamento em laca acetinada azul-clara. “Por sorte, a bicama com almofadões que era de Juliana tinha as medidas certinhas para entrar no espaço”, comemora a arquiteta.
❚ “A ideia inicial para o banheiro da suíte era deixá-lo todo branco, entretanto faltava graça. A fim de levantar o astral, decidimos revestir a parede do fundo do boxe com um mix cerâmico que combinasse com a bancada”, justifica. Os móveis com acabamento acinzentado seguem a mesma proposta.
Na suíte de 12 m² coube closet e penteadeira
❚ A área generosa permitiu a divisão em espaços de dormir e de vestir. Um armário com portas de correr forma um corredor que atua como closet e, do outro lado, tem função de divisória do dormitório. ”Nessa superfície, fixei uma prateleira, reforçando a impressão de que se trata de uma parede”, diz Beatriz.
❚ “A penteadeira foi um dos meus primeiros pedidos. Sempre quis me maquiar em um local com ares de camarim”, revela Juliana. O charmoso cantinho conta com uma bancada dotada de gavetas e espelho redondo com lâmpadas amarelas leitosas.
❚ No quarto, ocupando toda a extensão da parede, a cabeceira segue o alinhamento da prateleira lateral, dando a sensação de continuidade. Ali atrás, há uma iluminação de LED embutida, que se projeta na parede azul ( Brisa do Mar , ref. B347, da Suvinil. Balaroti , galão de 3,6 litros).
❚ Distribuídos livremente por toda a alvenaria em frente à cama, foram aparafusados puxadores redondos que têm o papel de penduradores. “Utilizamos pecinhas brancas, normalmente aplicadas em mobiliário infantil”, conta a arquiteta.