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Revolta de Stonewall: entenda o conflito que revolucionou o movimento LGBT

Conflito em bar de Nova York foi o ponto crucial para o início das manifestações e da luta à causa LGBT.

Por Fernando Gomes
Atualizado em 5 jul 2022, 21h54 - Publicado em 28 jun 2019, 07h00

No dia 28 de junho de 2020, a Revolta (ou Rebelião) de Stonewall completa 51 anos de história. Esse marco simboliza a luta pelo respeito aos LGBT e o início do movimento que perpetua até hoje.

Stonewall Inn é o nome de um bar, localizado em Nova York, nos Estados Unidos, que tinha como visitantes frequentes os integrantes da comunidade LGBT. Bissexuais, lésbicas, gays, travestis e transexuais iam ao local para curtir um momento único e se sentirem, pelo menos por um tempo, livres. Alguns eram muito pobres, e até mesmo não tinham casa para morar.

As autoridades da época eram muito rígidas com aqueles que se comportavam diferentemente do “padrão”. Os LGBT eram marginalizados pela sociedade da década de 60 e vistos como criminosos. Essa condição foi mudando gradativamente. Em 1962, pela primeira vez, o estado de Illinois alterou a lei que criminalizava a homossexualidade. Em 1972, outros estados seguiram a mesma decisão. Em NY, a mudança aconteceu em 1980 e, apenas em 2003, os chamados “atos homossexuais” passaram a ser totalmente aceitos pela legislação americana.

Todo o rebuliço começou em 1969, neste bar que acolhia pessoas LGBT. O Stonewall Inn só funcionava pois o dono do estabelecimento tinha relações com a máfia e, portanto, pagava propina a policiais para permanecer intacto. Mas na noite do dia 28 de junho de 1969 nove desses policiais resolveram entrar no estabelecimento repentinamente e começaram a agredir pessoas que se encontravam lá – travestis e drag queens em sua maioria.

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Imagem registrada da noite de confronto entre LGBTs e a polícia no bar Stonewall Inn.
Imagem registrada da noite de confronto entre LGBTs e a polícia no bar Stonewall Inn. (NY Daily News Archive/Getty Images)

A invasão resultou em treze pessoas detidas. Ao serem levadas para as viaturas, as outras testemunhas do acontecimento começar a lançar objetos na direção dos policiais, como pedras e garrafas. E as autoridades revidaram violentamente.

Foi tamanho o ataque que até um incêndio gerou-se dentro do bar. Ali acontecia um atrito histórico e intenso entre os dois lados. Um representava o conservadorismo da época, e o outro a resistência e a luta pela liberdade de ser e agir como quiser.

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O ato foi reconhecido anos depois pelo governo norte-americano como um marco para a causa LGBT. Em 2015, a prefeitura de Nova York fez do bar um monumento histórico da cidade. Barack Obama, em 2016, também reconheceu a luta e discursou sobre isso em sua posse.

Os passos seguintes

Voltando a 1969, um mês depois da rebelião, Brenda Howard, pessoa próxima dos ativistas de Stonewall, aproveitou a onda e não quis deixar essa conquista passar em branco. Ela organizou a “Christopher Street Liberation Day March“, marcha em que os LGBT desfilaram reforçando publicamente suas identidades.

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Brenda, uma mulher bissexual, foi a responsável pela criação da Parada do Orgulho LGBT. Após o conflito de Stonewall e a marcha na rua do bar, vários outros movimentos foram surgindo gradativamente. Em 1970, Chicago e Los Angeles foram palco de manifestações. Em 1971, outras setes cidades – inclusive europeias, como Paris – organizaram desfiles LGBT.

Desfile LGBT em Nova York, em 1989, em comemoração ao 20º aniversário do conflito de Stonewall.
Desfile LGBT em Nova York, em 1989, em comemoração ao 20º aniversário do conflito de Stonewall. (Walter Leporati/Getty Images)

No Brasil, temos vários atos da mesma natureza. Em São Paulo, por exemplo, acontecem a Marcha Trans, a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais e a Parada LGBT – reconhecida como a maior do mundo e que acontece desde 1997.

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Existiu um “Stonewall” no Brasil?

Há um caso de revolta menor, porém similar ao de Stonewall aqui no Brasil. Em 1983, mulheres lésbicas organizaram um protesto no chamado Ferro’s Bar, um estabelecimento localizado em São Paulo e que tinha como público principal essas mulheres.

O ato foi conduzido após o dono do bar ter impedido que elas vendessem ali no local uma revista intitulada “ChanacomChana”, com a justificativa de que aquilo feria os “bons costumes”.

A atitude do homem gerou revolta e as mulheres se reuniram contra o preconceito velado. O acontecimento teve repercussão na época e mais tarde, em 2003, a data do protesto (19 de agosto) foi reconhecida como o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil.

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Fachada de Stonewall Inn, bar que foi local do conflito que originou a luta pela causa LGBT.
Fachada de Stonewall Inn atualmente (Monica Schipper/Getty Images)

Apoio à comunidade após Stonewall

Até hoje, Stonewall é visto como um marco determinante para o início das conquistas dos LGBT na sociedade. E com a visibilidade crescendo cada vez mais, também surgem celebridades apoiando a luta dessas pessoas.

Madonna foi uma delas. No dia 1º desse ano, a cantora visitou o bar Stonewall, que hoje permanece o mesmo e funcionando normalmente, e realizou um show exclusivo ao lado de David Banda, seu filho de 13 anos. Além disso, ela fez um discurso emocionante a respeito das conquistas e do aniversário de 50 anos da revolta.

“Nunca vamos nos esquecer dos motins de Stonewall e daqueles que se levantaram e disseram ‘basta!'”, postou ela no Instagram.

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