Playboy deixará de publicar fotos de mulheres nuas em 2016
Decisão é apoiada pelo fundador e editor-chefe Hugh Hefner e já vale para o site norte-americano da Playboy
Agora os leitores da Playboy poderão dizer com sinceridade que compram a revista apenas por causa das entrevistas. Segundo o New York Times, a partir de março de 2016, a revista masculina deixará de publicar fotos de mulheres nuas.
A fonte da reportagem do NYT é o presidente-executivo da empresa, Scott Flanders. De acordo com ele, o fundador e editor-chefe Hugh Hefner, de 89 anos, que incorporou o estilo de vida da Playboy em seu pijama de seda, concordou no mês passado com uma sugestão do principal editor, Cory Jones, de parar de publicar imagens de mulheres nuas.
Em uma época em que todo adolescente tem um telefone conectado à Internet e a web está repleta de pornografia, a revista optou por continuar apresentando as mulheres em poses apenas sensuais e provocantes, e não completamente nuas.
“Você agora está a um clique de distância de cada ato sexual imaginável, de graça”, disse Flanders ao Times. “Por isso, a essa altura é apenas passado.”
A revista, que trouxe ninguém menos do que Marilyn Monroe em sua capa de estreia, em 1953, optou por esta mudança após a circulação cair de 5,6 milhões de exemplares em 1975 para cerca de 800 mil em 2015. Após seu sucesso inicial, a Playboy foi (e ainda é) atacada por causa da nudez “indecente” e por feministas que a acusavam de reduzir as mulheres a objetos sexuais.
Algumas mudanças ainda estão em debate, incluindo a manutenção ou não de uma foto de mulher em página dupla central. A colunista de sexo da revista Playboy será uma mulher, que escreve com entusiasmo sobre sexo, disse Jones ao Times.
A revista sempre teve apelo intelectual e contou com grandes escritores. Entrevistas em profundidade com figuras históricas, como Fidel Castro, Martin Luther King Jr., Malcolm X e John Lennon também eram uma característica regular.
“Não me entenda errado,” disse Jones sobre a decisão de eliminar fotos de mulheres nuas. “O meu lado 12 anos está muito desapontado com o meu ‘eu’ atual. Mas é a coisa certa a se fazer.”
Em um artigo publicado nesta terça-feira (13), a Playboy explicou mais detalhes sobre a mudança:
“A pergunta que provavelmente todo mundo está fazendo é ‘Por quê?’. A Playboy tem sido uma amiga da nudez, e a nudez tem sido um amiga da Playboy durante décadas. Uma resposta direta é: os tempos mudam. […] Sim, nós estamos assumindo um risco ao fazer isso, mas esta é uma empresa – como todas as grandes empresas que tem o ‘risco’ em seu DNA. Foi construída quando ninguém achou que faria sucesso, mas agora é impossível (para nós), imaginar um mundo sem a Playboy. Nosso jornalismo, arte, fotos e ficção têm desafiado as normas, desafiou as expectativas e agora precisa estabelecer um novo tom”
Leia o comunicado (em inglês) clicando aqui.
Em entrevista ao Zero Hora, o editor da Playboy Brasil, Sérgio Xavier, disse que, em um primeiro momento, talvez esta mudança não ocorra no Brasil. “Creio que vai ter uma certa orientação, no sentido de ter “olha, estamos indo por esse caminho por essas razões, elas fazem sentido pro mercado de vocês? Se fizerem sentido venham atrás da gente.”, disse.
Esta matéria foi originalmente publicada no Brasil Post.