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Paciente 63: Seu Jorge e Mel Lisboa falam sobre a 2ª temporada (Exclusivo)

Podcast original do Spotify acompanha Pedro Roiter e Dra Elisa em uma viagem no tempo para impedir o fim da humanidade

Por Kalel Adolfo
8 fev 2022, 08h58
Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações de Paciente 63.
Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações de Paciente 63.  (Bruno Poletti (Spotify)/Reprodução)
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A segunda temporada de Paciente 63, podcast de ficção científica estrelado por Seu Jorge e Mel Lisboa, estreia nesta terça-feira (8) no Spotify. Para quem não conhece, a produção gira em torno de Pedro Roiter e a Dra. Elisa Amaral, que precisam viajar no tempo para impedir que o vírus “pégaso” extermine a humanidade. Aliás, você pode conferir o resumo dos primeiros episódios na plataforma de streaming.

Neste novo arco, Elisa acorda dez anos antes dos acontecimentos mais marcantes da sua vida, enquanto Roiter está preso em um futuro perdido. Os papéis, aliás, se invertem: desta vez, é ela a paciente de um terapeuta misterioso. Mas por que isso está acontecendo? Podemos realmente fugir do destino? São essas as questões centrais levantadas pela produção.

Para compreender melhor sobre o universo da áudio série, Claudia bateu um papo exclusivo com Seu Jorge e Mel Lisboa, que refletem sobre os novos capítulos, desafios de gravação, imprevisibilidade da vida e o contexto político por trás da narrativa. Confira:

Mel Lisboa nas gravações de Paciente 63.
Mel Lisboa nas gravações de Paciente 63. (Spotify/Divulgação)

CLAUDIA: o que mais te atraiu neste projeto? Você já era fã de ficção científica?

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Mel Lisboa: quando a ficção científica é muito boa ela nos afeta profundamente, porque sempre vai colocar alguma coisa que aparentemente é distante, mas não é. E aí você fica intrigado com a possibilidade daquilo acontecer, ser uma realidade. Eu acho que quando nos identificamos com o tema a proposta fica muito potente. Quando fui indicada para fazer a série, a produção original chilena já havia sido lançada e eu fui conferir. Acabei maratonando a primeira temporada, não conseguia parar de ouvir, e isso já diz muito. Eu tinha surtos escutando, ficava aflita, nervosa e arrepiada. Essa foi uma experiência bacana, porque antes de eu saber que ia participar da versão brasileira, eu já estava pensando: ‘Nossa, por favor, eu quero muito fazer isso’.

CLAUDIA: nós falamos muito sobre a preparação para papéis no cinema ou televisão. Como foi se preparar para interpretar um personagem de podcast?

Seu Jorge: foi muito desafiador, porque eu nunca havia trabalhado com uma áudio série. Eu também desconhecia a possibilidade de existir um público ávido por podcasts no Brasil a ponto de fazer com que Paciente 63 se tornasse tão popular. Conforme fui gravando e percebendo o ritmo da história, soube que as pessoas iam gostar, mas eu não tinha a menor ideia de que rolaria essa aclamação toda. É maravilhoso. Também existe o desafio da voz, porque as pessoas já me reconhecem pelos meus trabalhos como cantor. Eu precisei garantir que meu personagem não tivesse a minha cara. O resultado é um grande orgulho para mim.

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CLAUDIA: falando em criar uma voz autêntica para o podcast, vocês compartilham alguma semelhança com os seus personagens em Paciente 63?

Mel Lisboa: assim como a Doutora Elisa, eu tenho uma natureza um pouco mais cética. Ao mesmo tempo, eu não sou fechada ao ponto de não ver aquilo que está na minha frente. Tenho uma natureza voltada ao ceticismo, mas posso me deixar levar por situações que mostrem que minhas verdades não são absolutas. Pelo contrário, muitas vezes você está apegado a algo, e a vida te mostra que é bem diferente daquilo. Esse é um dos poucos pontos parecidos com a minha personagem.

Seu Jorge: como ouvinte, eu me identifico com muitas coisas sobre o Pedro. Como ator, eu tenho total distância, não consigo enxergar nenhum componente semelhante, com exceção de minha voz.

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CLAUDIA: na história, a sua personagem lida com o vírus “pégaso”, que aparenta ser inevitável. Em sua vida, como você lida com questões imprevisíveis e inevitáveis?

Mel Lisboa: que complexo! Como nós sabemos que algo é inevitável, né? Às vezes não temos uma resposta na hora. Muitas vezes só conseguimos observar melhor após um tempo. Quando estamos vivendo o momento, agimos de forma mais intuitiva ou sem conseguir avaliar aquilo de forma racional. No caso da série, os personagens estão tentando evitar o “pégaso”. É inevitável? Talvez. A questão filosófica que fica em Paciente 63 – e que nós inevitavelmente acabamos pensando durante a nossa vida – é esse paradoxo entre o destino e o livre arbítrio. Até que ponto você pode mudar a realidade? Até que ponto temos liberdade de escolha? Podemos decidir o nosso destino? Não temos como saber. Mas são questões profundas e importantes que a história traz.

CLAUDIA: na história, o futuro da humanidade está nas mãos de pessoas desconhecidas, e não de entidades governamentais ou indivíduos que ocupem espaços de poder absoluto. Isso é algo proposital na trama? Existe um comentário político por trás disso ou é apenas coincidência?

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Mel Lisboa: sim, existe um contexto político em relação à maneira que lidamos com os outros, com o nosso próprio planeta e pessoas que têm poder e capital político para tomar decisões importantes que vão desencadear uma série de consequências. A série também aborda esses assuntos. Estamos num momento da humanidade em que nossas liberdades individuais são muito caras, e fazemos parte de uma sociedade. Suas decisões e liberdades têm seus limites dentro do coletivo. E todas essas reflexões são levantadas na trama, apesar de não ser o foco.

CLAUDIA: em Paciente 63, o “pégaso” pode causar o fim da humanidade. Agora, no mundo real, você acredita que exista uma questão que, caso não seja resolvida, poderia provocar o nosso extermínio? Há algum problema que deveria ser resolvido hoje para não gerar consequências graves no futuro?

Seu Jorge: vivemos em um momento de muitas crises profundas. Há a crise climática, econômica e ética. Na série, o Pedro enxerga um futuro em que não existe nada, com exceção da fé de que talvez seja possível reverter a situação. Não pela linha de tempo do passado, e sim do futuro, do que pode vir a ser. Adoro que a segunda temporada nos fará entender melhor o que é o entrelaçamento, porque isso já é algo que acontece em nossas vidas. Neste tempo aqui estou entrelaçado com a minha amiga Mel Lisboa, por causa desse trabalho maravilhoso.

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