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“Mulan”: diretora Niki Caro fala sobre o aguardado live-action da animação

"A indústria não é igualitária e as estruturas estão contra nós, mas ninguém pode te deter. Use sua voz", diz a diretora de "Mulan".

Por Luísa Pécora, da Nova Zelândia (colaboradora)
Atualizado em 15 jan 2020, 09h04 - Publicado em 4 out 2019, 15h18

A versão live-action de “Mulan só chega aos cinemas em março do ano que vem, mas já representa um marco em Hollywood: é apenas a quarta vez na história que uma mulher dirige um filme com orçamento acima de US$ 100 milhões.

Esta mulher é Niki Caro, diretora neozelandesa que encarou a missão de dar nova cara à clássica saga da guerreira chinesa. É um novo desafio para uma cineasta que conquistou as plateias internacionais com “Encantadora de Baleias”, drama familiar centrado em uma garota indígena na Nova Zelândia. Mas Niki também vê semelhanças entre seus diferentes projetos: “Uma das razões pelas quais quis fazer ‘Mulan’ foi o fato de a história ser muito parecida com a de ‘Encantadora de Baleias’: a de uma jovem mulher que passa a entender e a respeitar seu próprio poder”, afirmou, durante o seminário Power of Inclusion, dedicado à inclusão no cinema e realizado nesta semana na Nova Zelândia.

Niki Caro Power of Inclusion
Niki Caro, diretora de “Mulan”, no seminário Power of Inclusion, na Nova Zelândia (Michael Bradley/Getty Images for New Zealand Film Commission/Getty Images)

A diretora também não nega ter sido atraída pela oportunidade raramente oferecida às mulheres de dirigir um blockbuster. “Queria brincar no parquinho maior”, brincou. “Quando você tem todos os brinquedos, pode fazer coisas lindas.”

Niki foi escolhida pela Disney num concorrido processo de seleção. Para ela, duas coisas contaram a seu favor: o fato de já ter trabalhado com o estúdio em “McFarland dos EUA” e o sucesso de “Mulher-Maravilha”, de Patty Jenkins, que abriu portas para muitas diretoras nos filmes de grande orçamento. Além de Niki, o set de “Mulan” também contou com Mandy Walker como diretora de fotografia e Liz Tan como assistente de direção. “Éramos três mulheres tomando todas as decisões e criando um espaço de trabalho seguro e produtivo para todos”, comentou.

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Rodado em 84 dias (e ligeiramente abaixo do orçamento, segundo a diretora), “Mulan” é ambientado na China mas grande parte das filmagens foi feita na Nova Zelândia. O público do Power of Inclusion pôde conferir um breve clipe do longa, que reforçou o que o trailer já indicava: o filme tem belíssima fotografia e um cuidadoso trabalho de direção de arte, com figurinos de época e muitas, muitas cores.

Combates também não devem faltar, já que “Mulan” conta a história de uma jovem chinesa que finge ser um guerreiro para salvar o pai. Niki disse ter adorado dirigir as cenas de ação, que, segundo ela, foram inspiradas nas artes marciais e fogem ao padrão “muito barulho e coisas explodindo”.

“Neste filme, a ação tinha de vir da personagem”, explicou. “Ela não é uma heroína, não sabe voar. Sua ação tinha de acontecer dentro do que a física permite, e foi algo lindo de se criar.” Ajudou o fato de que a protagonista do filme, a atriz chinesa Liu Yifei, tenha experiência como dançarina. Ela, inclusive, optou por usar dublês o mínimo possível: é a própria atriz quem anda a cavalo e empunha a espada da personagem.

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Liu Yifei como Mulan. ()

Enquanto março não chega, Niki tenta controlar a expectativa. Numa indústria marcada pela desigualdade de gênero, ela sente a responsabilidade de repetir o sucesso de “Mulher-Maravilha” e continuar abrindo caminho para outras diretoras. “Se não fizer sucesso, estarei negando essa oportunidade a outras mulheres”, afirmou. “Minha missão, agora, é colocar meu braço na porta para que o maior número possível de mulheres possa passar.”

Ao mesmo tempo, ela gostaria de não ser chamada de “cineasta mulher” e, sim, apenas cineasta. “As diretoras têm vozes únicas e individuais, não falamos com ‘voz de mulher’. Talvez vejamos as coisas com lentes femininas, mas é limitador dizer que somos apenas uma coisa, assim como é limitador dizer que todas as mulheres que vemos na tela têm de quebrar tudo e ser fortes. Não, elas não têm, porque nós não somos sempre assim.”

Niki também aproveitou o seminário para dar um conselho às mulheres que querem ser cineastas: não esperar por permissão. “A indústria não é igualitária e as estruturas estão contra nós, mas ninguém pode te deter. Use sua voz.”

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