Japan House estreia exposição sobre revitalização regional pela arte
A exposição 'Simbiose: a ilha que resiste' estreia em 30 de novembro e apresenta projeto realizado em Inujima, no Japão
Nesta terça-feira (30), a Japan House São Paulo vai estrear a exposição “Simbiose: a ilha que resiste”, que fala sobre revitalização regional através da arte e da cultura. O projeto foi realizado em Inujima pela arquiteta Kazuyo Sejima, sócia fundadora do escritório SANAA e vencedora do prêmio Pritzker em 2010 e pela curadora Yuko Hasegawa, diretora do 21st Century Museum of Contemporary Art de Kanazawa.
Uma comunidade com aproximadamente 30 casas, onde a maior parte dos moradores são da terceira idade. Paisagem industrial abandonada, agora é tomada por arte e arquitetura integradas ao ecossistema local. Essa é Inujima, uma pequena ilha localizada no Mar Interior de Seto, no Japão, com apenas 0,54 km², “a ilha que resiste”.
A exposição reúne obras de arte, fotos, vídeos e depoimentos de moradores de Inujima. O projeto ficará exposto do dia 30 de novembro até 6 de fevereiro de 2022, com entrada gratuita. A obra conta ainda com uma grande representação arquitetônica do espaço geográfico da ilha, famosa por suas pedreiras, que atraíram o interesse da indústria ao local até meados do século XX.
“Os atuais habitantes passaram por diferentes momentos da ilha: de um passado industrial ativo até uma realidade de escassa atividade e pouquíssimos habitantes com faixa etária avançada, resultante em uma mudança radical de hábitos e interesses”, explica a diretora cultural da Japan House São Paulo, Natasha Barzaghi Geenen.
“É um projeto que ultrapassa as lógicas do pensamento arquitetônico de práticas puramente construtivas, que exercita uma arquitetura mais experimental. Por meio da associação ‘arquitetura e arte’ propõe uma nova ocupação e uma nova maneira de se relacionar com o entorno. Sejima e Hasegawa criaram uma série de atividades para envolver os habitantes da ilha nesse lindo trabalho que estão realizando”, conta.
A simbiose se dá pela convivência harmônica e mutuamente benéfica entre diferentes organismos – o passado e o contemporâneo, o meio ambiente e a ação humana, moradores e visitantes dessa ilha única.
“Aos poucos, o projeto está mudando o panorama local. Trata-se de um processo de recriação e valorização da paisagem da ilha ao mesmo tempo que preserva e valoriza a sua história”, comenta a arquiteta Kazuyo Sejima, uma das responsáveis pela obra.
Além da exposição, o projeto também realizou revitalizações na ilha. Em destaque está a Casa F, com a obra de Kohei Nawa, artista de relevância internacional que apresentou uma exposição na Japan House São Paulo em 2017, e o Inujima Life Garden, um belo jardim ecológico localizado próximo ao vilarejo, a oeste da ilha, onde foi recuperada uma estufa de vidro e construído um café ao ar livre.
A proposta ainda oferece vários workshops e aulas para os habitantes locais aprenderem sobre a convivência com as plantas e com a natureza. E na residência artística, é oferecido um ambiente onde os artistas podem habitar e vivenciar o cotidiano da ilha enquanto desenvolvem seus projetos.
“A ilha toda está imbuída de um passado marcado, que ao invés de ser apagado, coexiste com uma renovação contemporânea importante e harmônica, que valoriza e inclui a população existente. É um interessantíssimo modelo de revitalização regional em desenvolvimento no Japão que pode servir de inspiração. Aqui no Brasil, podemos pensar em alguns paralelos muito bem-sucedidos como o Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG) e a Usina de Arte, em Água Preta (PE)”, acrescenta Natasha.
A exposição não requer agendamento obrigatório e conta com recursos de acessibilidade. Depois do Brasil, o projeto viaja para Londres e Los Angeles dentro do programa de itinerância global da Japan House.