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‘Mulheres Alteradas’ vira filme dirigido e roteirizado por homens

Os dilemas femininos escritos pela cartunista argentina Maitena Burundarena são adaptados para as telonas por Caco Galhardo

Por Priscila Doneda
Atualizado em 20 jan 2020, 12h50 - Publicado em 6 jun 2017, 12h36

Em meados dos anos 1990 a cartunista argentina Maitena Burundarena dava início ao que se tornaria uma série de sucesso: os quadrinhos Mulheres Alteradas. Neles, cenas do cotidiano eram retratadas de forma caricata, com o humor característico da época. No Brasil, as tirinhas foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo e também na revista CLAUDIA, entre 2003 e 2008. Em 2010, os quadrinhos foram adaptados para o teatro por Andrea Maltarolli, sob a direção de Eduardo Figueiredo. Agora, a obra ganhará uma versão para os cinemas.

Os direitos já estavam comprados há alguns anos e a equipe que conduziria este trabalho foi escolhida graças à química que rolou nos bastidores de Lili, a Ex, exibida pela GNT. O time que produziria Mulheres Alteradas, então, estava formado. O diretor Luis Pinheiro assume seu primeiro projeto cinematográfico, Caco Galhardo assina o roteiro com colaboração de Lilian Amarante e Andrea Barata Ribeiro é a responsável pela produção do longa, além de participar da criação, de modo geral.

Deborah Secco é Keka, Alessandra Negrini é Marinati, Maria Casadevall é Leandra e Monica Iozzi é Sônia. O time estrelado dá vida a personagens que buscam representar mulheres contemporâneas que vivem a faixa dos 30 anos e uma série de paradigmas.

Monica Iozzi, Alessandra Negri e Deborah Secco (Ariela Bueno/Divulgação)

Marinati, por exemplo, é uma workaholic que alcançou sucesso profissional. No entanto, quando se vê surpreendida por uma paixão arrebatadora por Christian (Daniel Boaventura), “ela começa a viver em um mundo cor-de-rosa”, conta a atriz que a interpreta. “Ela vai ler um documento de trabalho e tudo está em grego, literalmente”, revela Negrini aos risos.

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Apesar dessa amostra dar a ideia de que a mulher não conseguiria lidar em paralelo com a carreira e com um relacionamento, a produção garante que o roteiro tem sido adaptado. Afinal, os quadrinhos em que o filme foi baseado são dos anos 1990 e muita coisa já não faz sentido nos dias de hoje.

(Maitena/Reprodução)

Para Deborah, as personagens não representam estereótipos, mas mulheres reais, com as quais todo mundo vai se identificar em algum momento. “Não é um filme que briga pela mulher, é um filme que conta a mulher”, define a atriz. “A Maitena não é tão atual e, no longa, a gente fala de temas do nosso cotidiano, como maternidade, casamento, trabalho e amor. São coisas que continuarão sendo atuais ainda no futuro, já que a mulher vai continuar tendo esses mesmos dilemas por muitos e muitos anos. Eles são dilemas universais e atemporais”, comenta.

Já Maria Casadevall acredita que as mulheres estão sendo parcialmente representadas no filme. Porém, a atriz ainda está começando a gravar as cenas de sua personagem e garante que é necessário ver qual será a entonação dada pelo diretor e por cada uma das colegas no decorrer do trabalho. “Existe uma questão de tom, de como o diretor vai colocar as coisas e contar aquela história. Eu acredito que existe um trabalho na adaptação desse roteiro, mas não acho que ele tenha sido totalmente neutralizado. Penso que, de certa forma, está presente uma visão machista sobre a mulher, ao colocá-la como porta-voz das neuroses humanas”, admite.

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“A obra da Maitena foi escrita nos anos 1990, era outro tempo. De alguma forma, lendo os quadrinhos, eu acredito que eles ainda reproduzem alguns mecanismos machistas. Às vezes, nem de forma tão proposital, mas eu creio que eles estão presentes. Era comum na época em que a série foi escrita. Eu penso que, na adaptação para o roteiro, o Caco [Galhardo] consegue trabalhar as mulheres de maneira mais subjetiva e individual, mostrando as neuroses particulares de cada uma, o que eu acho que é inerente à condição de qualquer ser humano”, considera Maria.

(Maitena/Reprodução)

Apesar disso, a produtora Andrea Barata garante que o filme tem seu lado Girl Power. “Fazer um filme sobre mulheres, só com protagonistas mulheres, em que elas acabam felizes ao assumir as suas próprias loucuras já é empoderador, mas a intenção não é essa. O objetivo é fazer um filme divertido sobre a Maitena. A ideia é ser popular, é fazer sucesso“, pontua.

Será preciso esperar até o primeiro semestre de 2018, quando o filme está previsto para estrear nas telonas de todo o país, para descobrirmos o resultado. Será que Mulheres Alteradas realmente conseguiu neutralizar os traços ultrapassados e preconceituosos das tirinhas de Maitena? Ou será que o filme virá para reforçar ainda mais certos estereótipos? Seguimos no aguardo! 

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