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Filme com Jamie Foxx questiona sistema prisional racista nos EUA

Em Luta por Justiça, Michael B. Jordan é um advogado que precisa tirar o personagem de Jamie Foxx do corredor da morte

Por Marianne Morisawa
Atualizado em 17 fev 2020, 10h32 - Publicado em 3 jan 2020, 07h00

Michael B. Jordan é um dos astros da nova geração de Hollywood. Brilhou em Pantera Negra, que arrecadou mais de 1,3 bilhão de dólares. Jamie Foxx tem um Oscar por Ray, de 2004, e mais de 20 anos de carreira. Ainda assim, como homens negros americanos, eles vivenciam o mesmo racismo diariamente. “Outro dia, um policial ficou me seguindo. Quando parei no posto de gasolina, ele me encarou, não quis conversa. Só mudou de postura quando alguém me reconheceu”, contou Foxx em entrevista a CLAUDIA.

O ator estava em Nova York com Michael B. e Brie Larson para promover Luta por Justiça. Ele lembra outro episódio, quando tentou pedir panquecas num mercadinho e a atendente perguntou se ele tinha mesmo dinheiro para pagar. “No passado, havia um ingresso na Disneylândia que dava acesso aos brinquedos mais radicais, chamado E. Eu gostaria que houvesse um ingresso E para que as pessoas que não são negras pudessem ter a noção de como a vida é para nós, negros, mesmo tão bem-sucedidos, como eu ou Michael B.”, disse Foxx.

O ingresso E não existe. Uma alternativa, portanto, continua sendo fazer filmes que colocam o dedo na ferida e causam reflexão, caso de Luta por Justiça. A trama é baseada na história do advogado Bryan Stevenson, que, logo depois de se formar em direito na Universidade de Harvard, nos anos 1980, declinou ofertas de grandes escritórios, mudou–se para o Alabama, que tem uma história violenta de racismo e segregação, e passou a oferecer aconselhamento legal para condenados à morte.

(Divulgação/Divulgação)

“Sendo um homem negro nos Estados Unidos, não tem como essa narrativa não ser levada para o pessoal. Constantemente somos julgados pela nossa aparência e pela nossa origem. Eu espero que o filme ajude a mudar a perspectiva de algumas pessoas e remodele a imagem das pessoas negras e pardas”, acrescenta Michael B., que é protagonista e produtor do longa. Foxx interpreta Walter McMillian, condenado à morte pelo assassinato de uma adolescente branca. Stevenson descobre uma série de ilegalidades jurídicas – o acusado foi colocado no corredor da morte antes mesmo do julgamento – e falhas na investigação, incluindo detetives que deixaram de checar álibis e a veracidade de testemunhos. “Este é o filme mais importante de que já participei”, declarou Foxx. “Acho maravilhoso Michael B. estar usando sua arte para contar essa história, porque o que Bryan Stevenson prega é necessário ouvir.”

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(Divulgação/Divulgação)

Em sua experiência de mais de 30 anos, o advogado percebeu que quem é culpado e rico é mais bem tratado pela Justiça do que o inocente pobre – mesmo assim, foi capaz de reverter a pena de morte em 135 casos. O sistema criminal, que lucra bilhões de dólares anualmente, penaliza justamente quem não pode pagar advogados, apelações ou fianças. Afeta desproporcionalmente os negros, que são apenas 12% dos habitantes do país, mas 35% da população carcerária. “Um juiz de Los Angeles me disse que se aposentou depois de ver adolescentes negros sistematicamente mandados para a cadeia por serem colocados em filas de reconhecimento de suspeitos durante investigações de crimes”, contou Foxx.

Para Brie Larson, que interpreta Eva Ansley, assistente de Stevenson, o desejo é que a trama inspire as pessoas a buscar mais sobre o assunto e a tomar posições. “Procuro projetos que vão impactar a vida dos outros.” E, nesse caso, há urgência. Segundo dados da organização de Stevenson, a cada nove executados, uma pessoa foi considerada inocente. “Ele faz uma analogia: se descobríssemos que, de cada dez aviões, um cairia, os voos seriam suspensos”, explica Michael B.. “Para ele, a pergunta não é se alguém que cometeu crimes deve morrer, mas, se nós temos direito de matar sem um sistema que funcione 100%.” O objetivo do ator é que o filme seja a semente de uma imagem que cresça na cabeça dos espectadores. “Acho importante que as pessoas vejam um homem negro salvando outro homem negro, porque nós temos a habilidade de nos salvar.”

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