Usar ou não o cartão de crédito?
Se você não tem controle sobre os gastos, é melhor deixá-lo guardado na gaveta, em casa
Catarina adora uma comprinha: um batom aqui, uma blusinha ali, um celular novo parcelado acolá. Quando chega a fatura, é sempre aquele drama: “Como assim? Como eu consegui gastar tudo isso? Eu juro que deve haver algum problema, este gasto aqui não fui eu que fiz!”. Quem nunca se viu nesta mesma situação?
Eu brinco que cartão de crédito é como um carro. Se você sabe usá-lo, ele te leva de um lugar ao outro. No entanto, se você não sabe, a história muda de figura: ele vira uma arma na sua mão. A vítima? Sua vida financeira.
Uma série de estudos de economia comportamental mostra que só de você andar com o cartão de crédito na carteira, você corre o risco de gastar mais. Afinal, você não entra em uma loja “só para dar uma olhadinha” quando está sem nada na carteira, não é? O cartão de crédito cria a ilusão de que você não precisa ter dinheiro para comprar o que quer.
Além disso, fazer uma compra em dinheiro é muito mais dolorido do que simplesmente passar o cartão. Você precisa abrir a carteira, contar as notas e ver aquele dinheirinho precioso indo embora para nunca mais voltar.
Já com o cartão, não existe esta mesma dor, pois o processo fica distanciado do ato de gastar. Basta inserir sua senha e pronto: o cartão volta para a sua carteira em poucos segundos, e não temos a sensação de que algo que era nosso foi embora. A fatura –ah, aquela fatura– só chega no final do mês. Você pensa: “depois eu dou um jeito!”, e passa o cartão sem medo de ser feliz.
Da mesma forma, a compra online é ainda menos dolorida. Muitas vezes, basta preencher uma senha e pronto, seu pedido foi confirmado. Sem dor, nem testemunhas. Quanto mais distante o ato de pagar é da retirada física de dinheiro da sua carteira, menos dolorido ele é – e, por isso mesmo, fica mais fácil de gastar sem culpa.
Pior ainda: o cartão de crédito promove também a compra parcelada. O parcelamento é uma preferência nacional –em nenhum outro país existe esta opção. Aqui, a gente adora o “10 vezes sem juros”, mas esse mito é como o Papai Noel. Os juros ficam embutidos na compra e acabam encarecendo bastante a aquisição. Como ninguém lembra todas as outras compras parceladas que fez nos meses anteriores, a fatura vira uma soma enorme de compras que você fez, talvez nem lembre ou use mais, mas que continua pagando.
Muita gente me pergunta: mas e as milhas? Não vale mais gastar no cartão, acumular pontos e ganhar descontos? Para quem é organizado, sabe exatamente quanto gasta no cartão e nunca teve que parcelar uma fatura, o uso do cartão de crédito compensa sim. Por outro lado, se você já teve que pagar o mínimo e vive levando susto após susto com a fatura, talvez este não seja o melhor meio de pagamento para você.
A cereja neste bolo indigesto são as taxas de juros. Na média, elas chegam a 387% ao ano –o que quer dizer que a sua dívida basicamente quintuplica em um ano. Sim: se você tiver uma dívida de R$ 1.000 no cartão e não pagar o mínimo, em um ano ela vira R$ 4.870. Em dois anos, ela explode para R$ 23.716. Em cinco anos, ela vira o chocante valor de R$ 2,8 milhões. O custo potencial de uma dívida não controlada no cartão de crédito é tão grande que as milhas simplesmente não compensam.
Por isso, minha dica é simples: se você é organizada, aproveite e use o seu cartão de crédito. Mas se você não tem controle dos gastos, é melhor deixá-lo em casa, guardado em uma gaveta, para um imprevisto ou compras planejadas. Você pode pagar seus gastos do dia-a-dia com cartão de débito, dinheiro, ou até cartão de crédito pré-pago: com qualquer uma dessas opções, fica simplesmente impossível você gastar mais do que tem. Se você tem dúvidas, este teste pode te ajudar!
Seu bolso –e sua paz de espírito– agradecem.
Para saber mais sobre cartão de crédito, acesse o Finanças Femininas!