Juliana Paes fala sobre Vidas Bandidas, drama de vingança do Disney+
A atriz estrela a nova série brasileira, Vidas Bandidas, que promete reforçar o alcance internacional de Juliana Paes em 2024
A popularidade de Juliana Paes, no Brasil, já se sustenta por mais de duas décadas de trabalhos reconhecidamente de qualidade, navegando entre drama, comédia e até ação. Sempre acessível e simpática, Juliana alcançou um status raro e invejado de muitos artistas: é líder de audiência nas principais plataformas do momento: Globoplay, Netflix e Disney+, onde é a estrela principal de uma novela (Renascer) e duas séries (Pedaço de Mim e Vidas Bandidas).
Em um iate na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, o elenco da série se reuniu para celebrar a estreia e conversar com a imprensa, numa felicidade contagiante e orgulho do resultado que está na plataforma desde do dia 21 de agosto.
Quando pergunto sobre o momento atual tão positivo para sua carreira, Juliana reflete com tranquilidade e pés no chão, sem esquecer do trabalho árduo que a colocou na série mais vista da Netflix (mundo!) na metade do ano e agora com o grande destaque e expectativa de Vidas Bandidas na Disney Plus.
“2024 é um ano oito, né? Uma coisa boa e forma o símbolo do infinito, gente!”, ela brinca comigo num papo novo exclusivo para CLAUDIA, aceitando minha sugestão de que 2024 é ‘o ano de Juliana‘.
“Eu estou muito feliz porque está sendo um ano de colheita mesmo. Porque o ano passado foi muito intenso! Comecei as preparações pra Pedaço de Mim, tive um pouquinho de tempo [para respirar] antes de Renascer. Emendei uma coisa atrás da outra, a sensação de que – claro, o ano não acabou ainda – mas, de realização, de alegria. Não é sempre que a gente tem tantos trabalhos com uma repercussão tão positiva e tão grudadinhos um no outro, essas emoções próximas. É bom demais. É muito gratificante, muito gratificante”, ela concorda.
Cercada de seus colegas de elenco, em especial da atriz Larissa Bocchino, que interpreta sua irmã em Vidas Bandidas, Juliana – que foi capa de CLAUDIA em julho – é toda carinho e simpatia.
Cuidando de Larissa assim como Bruna, sua personagem, faz com Lara (interpretada por Larissa), ela se preocupa em ajudá-la quando o vento atrapalha as fotos e a entrevista, cuidando pessoalmente de colocar grampos para driblar a natureza. Exatamente como vemos Bruna fazendo com Lara, só que a cena que testemunhei não estava no script.
“A gente já estava comentando um pouco antes que a gente fez uma preparação muito simbólica, porque eu não conhecia a Ju e a Maria Silva, que é a nossa preparadora de elenco, fez uma dinâmica que eu tinha que chegar vendada e encontrar a Ju sem vê-la” comentou Larissa.
“E a primeira vez que eu abracei a Ju eu chorei muito”, ela relembra, sem perceber que quem fica com os olhos marejados da confissão é a própria Juliana. “Eu só a conhecia da televisão e eu sempre a admirei. Eu pensei ‘É a Juliana Paes, vou trabalhar com ela’ e fui a abracei do nada e comecei a chorar muito, pensando ‘o que estou vivendo hoje!’ e fiquei muito feliz”, revela.
“Foi uma sacada porque a gente a gente usa mesmo muito a ferramenta do físico pra sentir, pra se conectar e o primeiro ponto de conexão precisa ser esse toque. Olhar no olho e ver o passado, ver histórias que a gente viveu, que nós de fato não vivemos [risos], mas que nós criamos como memória”, completou Juliana. “É importante porque o elo dessas irmãs é o que dá justificativa pra dramaturgia da Bruna”, diz tomando cuidado para não revelar muitos segredos.
A série, que a primeira descrição poderia ser “mais uma” sobre o universo criminoso carioca, é mais do que isso. Com muita ação e drama, é, na verdade, uma história marcada por ganância e vingança, com um Rio de Janeiro menos explorado (na Baía da Guanabara, no Cais do Porto e praias fora da cidade), em um emaranhado de relações violentas e trágicas.
Bruna é a chefe criminosa de uma quadrilha que assalta turistas e que gerencia um cassino flutuante, mas é traída por Serginho (Rodrigo Simas) e Raimundo (Thomás Aquino), numa reviravolta que muda a vida de todos para sempre.
“Mesmo para os personagens que não estão exatamente ligados nesse páreo de um enganando o outro, a vingança respinga nas suas histórias, né? Como no caso da Marina, que acaba vivendo esse acerto de contas na pele com a vida toda virada do avesso”, comenta Larissa Nunes, que interpreta a ex-namorada de Raimundo, atualmente enganada por Serginho.
“De fato, pra Raimundo é nítido que o arco dele vai ao máximo, só que ele tem uma índole que, por mais que tome caminhos errados, de fazer o crime, de tentar atalhos para conquistar dinheiro para ser feliz com a namorada e, quem sabe, constituir uma família, você vê que ele volta à essa índole no final dos capítulos. Porém, será que isso acaba com esse desejo de vingança? Eu acho que esse é o ponto”, comenta Thomás.
O único que fica quieto é Rodrigo, cujo personagem é abertamente antagonista e irresponsável.
“Eu consigo defender Serginho, mas assim, realmente, ele tem escolhas muito difíceis, né? Com consequências muito difíceis também”, ele brinca com os companheiros fingindo surpresa de falar bem do bandido que destrói a vida de todos. “Na cabeça dele o importante é ter dinheiro, viajar e viver a vida, mas vai se atropelando inteiro”.
Será que é o que dizem? Fazer vilão é mais divertido?
“É muito gostoso”, Rodrigo confirma. “Porque é isso, a gente consegue brincar num lugar de não ter que defender o tempo inteiro. É mais divertido, é mais prazeroso. Mas não quer dizer também que vários mocinhos, vários não vilões, não seja bom fazer também. São desafios e cada projeto é um projeto, mas fiquei muito feliz de interpretar e de vivenciar o Serginho”, confirma.
Nesse universo de antagonistas empáticos, Juliana Paes tem experiência anterior à Bruna com a inesquecível Bibi Perigosa, da novela A Força do Querer. Ela entende que a princípio possam considerar que sejam variações de um mesmo cenário, mas alerta para as diferenças.
“Elas são totalmente diferentes, as motivações delas são diferentes. Talvez a estética fique um pouco parecida quando você vê uma mulher empunhando uma arma, né?”, ela comenta.
“Elas chegaram nesse lugar de crime de uma maneira muito diferente. A Bibi foi jogada, quase uma vítima de um marido criminoso que a jogou naquela grande arapuca e ela com muita culpa entrou, mas com muita responsabilidade também. A Bruna não, ela criou esse império. E o que mais me chamou a atenção no roteiro e na personagem tem a ver com esse lugar de uma mulher num espaço de poder.”
Ela continua: “Eu achei interessante, eu gostei de ver uma mulher, ainda que dentro do mundo do crime, numa escala de poder, coordenando, mandando, chefiando homens, botando medo. Foi divertido de fazer, foi gostoso. Foi gostoso encher aquele segurança de sopapo, dar com a chave de fenda na cabeça do outro”, riu lembrando das cenas onde Bruna parte para a violência.”
Sem revelar spoilers, embora seja sobre Vingança, Vidas Bandidas pode surpreender.
“O que é a vingança? O que nos move para nos vingar? Será que enquanto seres humanos, nesse plano, nessa terra, como que se desvencilhar de uma vingança? Porque a esperança está aí. Ter a sabedoria de lidar com os nossos erros, nossos defeitos, é outra coisa”, reflete Thomás. “Como nós podemos nos perdoar, perdoar o próximo. É difícil e falo aqui porque eu tenho tentado esse exercício. Como respirar fundo? Como dialogar? Como escutar? Há esperança”, sugere.
E Juliana reforça.
“O que importa é que o público embarque nessa perspectiva, que no final das contas, começa com uma grande traição, com todo mundo querendo se dar bem e, no final, a gente vê onde é que dá”, avisa.