Uma casa-escritório de 250 m², repleta de livros, arte e coleções no Rio
De Tintim à cultura africana, o rico universo estético do arquiteto carioca Chicô Gouvêa está à vista, em sua casa-escritório de 250 m².
O arquiteto Chicô Gouvêa é um colecionador por natureza, um gourmet de mão-cheia e dono de um olhar atento, incansável e sem preconceitos sobre tudo e todos. E é justamente essas múltiplas facetas que se fazem presentes em cada canto de sua deliciosa casa-escritório: um imóvel de 250 m², dividido em três pavimentos, em uma rua estreita e tranquila da Gávea, na zona sul carioca. “Resolvi simplificar a vida e organizei minha rotina em um único lugar. No primeiro andar, fica o espaço onde trabalho, um ateliê confortável com uma equipe que me acompanha há anos. Em cima, é mais exclusivo, só sobem os convidados, já que ali se concentram a sala de estar e a cozinha, praticamente integradas em um único e amplo ambiente. Mais um lance de escadas e chego ao meu quarto, com teto inclinado forrado de madeira e aquele clima de aconchego que faz um bem danado. Aqui me sinto abraçado por tudo de que mais gosto”, explica.
A localização da casa é tudo
Este imóvel, para onde Chicô se mudou há cerca de dois anos, quando resolveu melhorar a rotina corrida, dividida entre o escritório de arquitetura no Leblon e as lojas Olhar o Brasil, que pilota no Rio e em Itaipava, é um verdadeiro achado. Pequeno mas bem dividido, foi completamente reformado, ganhou um terceiro piso montado rapidamente com estrutura metálica e tem tudo o que ele mais aprecia por perto: a feira livre das sextas na vizinha praça do Jockey, a exuberância verde e o bucolismo do Jardim Botânico para as caminhadas diárias e a lagoa Rodrigo de Freitas, opção mais rápida para pegar a estrada rumo à serra, onde passa praticamente todos os fins de semana.
A personalidade define a mistura na decoração
Há quem diga que ele é um mulato de olhos verdes, por causa da paixão pela cultura africana. Ou um índio de pele branca, já que a admiração pela arte plumária fica evidente nos quadros que emolduram cocares ou nas estampas que desenvolve para objetos e tecidos. Outros preferem defini-lo como uma eterna criança, que cultua um espírito jovem e ainda se encanta com as aventuras de Tintim e com miniaturas de soldadinhos de diferentes épocas. Enfim, quaisquer que sejam as formas e palavras, é sempre complexo revelar a personalidade estética do arquiteto Chicô Gouvêa.
Essa mistura domina a decoração, lotadas de livros, quadros e esculturas, bonecos, antiguidades, brinquedos, vasos com orquídeas… Peças que garimpa por onde passa, nas viagens que faz a cada três meses. “Quase nenhuma superfície lisa fica à vista por aqui. Coloquei prateleiras por todos os lados e organizei minha biblioteca por temas. As lombadas viraram um revestimento e estão até na escada, onde encaixei os exemplares sobre o Rio antigo embaixo dos degraus. Mas tem também os de arquitetura, arte do século 20 e até de culinária. Sem falar nas revistas, uma loucura. Tudo vira referência”, explica. Há, ainda, muitas obras de arte, colecionadas ao longo de toda sua trajetória profissional, que já soma mais de 30 anos. “Tenho um pouco de tudo, mas me orgulho especialmente dos Krajcbergs, que me emocionam. Atualmente, meu olhar está voltado para novos talentos. Vivo garimpando ideias e pessoas, movido por puro instinto.”