Um dúplex temperado pelo artesanato brasileiro
No andar de baixo deste dúplex, as paredes de concreto dominam a cena. No piso de cima, vem a surpresa: muitas plantas e até um ofurô
Ao comprar a cobertura dúplex de 185 m², os publicitários Tassia e Caio Rosa já tinham definido o tom do concreto como a base para o décor. “A cor tem um espírito urbano, que combina com o nosso jeito. É intensa e neutra ao mesmo tempo”, diz a moradora. Fã de peças autorais, o casal convidou o arquiteto e designer Paulo Alves, da Marcenaria São Paulo, para tocar o projeto de interiores. Ele, por sua vez, chamou uma parceira de várias obras, a arquiteta Ana Luiza Almeida Prado Sawaia, para mais essa empreitada. “O processo de criação entre nós flui de uma maneira muito natural”, afirma Ana.
A dupla não alterou a planta do apê, entregue ainda no contrapiso, mas tratou de criar um visual povoado de detalhes únicos e charmosos. No primeiro piso, ficam três quartos, além do living e da cozinha. Na cobertura, onde havia uma piscina a céu aberto, surgiu o delicioso espaço que integra sala de estar e jantar, cozinha, horta, deque e ofurô sob uma leve – e térmica – cobertura metálica. Tudo cercado por plantas, ladrilhos hidráulicos e muita madeira. “Investimos no material para aquecer a tonalidade acinzentada que cobre piso, paredes e teto”, diz Paulo. “E tingimos as paredes das janelas de verde. Assim, a vista entra no ambiente de forma emoldurada”, completa Ana. A paisagem merecia mesmo esse cuidado: ao longe, dá para ver o Parque Estadual da Cantareira.
No living, enfeites de pedra-sabão (Alva Design) se aliam às mesinhas de acrílico (Carbono), de compensado de madeira (Marcenaria São Paulo) e de formato orgânico talhadas por discípulos de Fernando Rodrigues, da Ilha do Ferro (AL). A cor vem das almofadas (Dpot, Poeira e Collectania) e das obras de Sergio Fingermann (Dan Galeria).
O andar de cima (85 m²) ganhou ares de quintal graças às plantas, em vasos de alturas variadas (paisagismo de Thomaz Magno Samara), e ao piso revestido de diferentes materiais: deque de madeira e cimento queimado.
No sofá Daybed, desenhado por Paulo Alves, até a mascote Faísca tem autorização para descansar ao lado de Tassia.
Com portas de madeira ripada, a bancada de concreto se harmoniza à mesa Guaimbé e às cadeiras Atibaia, assinadas por Paulo Alves. Ladrilhos hidráulicos da Dalle Piagge e cobertura metálica da Danica.
Há duas cozinhas: no primeiro andar, fica a mais usada no dia a dia, com bancada de garapeira.
A marcenaria ganhou um tom forte de grafite nas portas de laminado melamínico.
A textura da madeira aquece os quartos, com piso de taco de cumaru. De autoria do arquiteto, a cabeceira da cama é um painel com vários tipos de madeira ladeado por pendentes azuis (Lumini). Roupa de cama da Auping, tapete da By Kamy e, na parede, foto de Evelyn Müller.
Sobre a mesa de jantar de roxinho, pendente de cobre (Lumini). Uma prancha de mogno africano define o vão do passa-pratos. O guarda-corpo rouba a cena: são ripas de cumaru enceradas (Marcenaria São Paulo com a colaboração de Lucas Rosin).