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Sebastian Herkner: 15 peças assinadas pelo designer alemão

A visão antenada de Sebastian Herkner

Por Texto: Liége Copstein | Fotos: Divulgação
Atualizado em 25 Maio 2022, 12h24 - Publicado em 1 fev 2016, 17h32
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Avesso a modismos, ele construiu seu percurso até o panteão do design mundial com uma obra inovadora. Convidado a assinar a instalação Das Haus na IMM Colônia 2016, a badalada feira internacional de móveis, realizada no mês passado, o alemão exibiu uma morada sem paredes numa crítica sutil ao comportamento moderno. “As pessoas se escondem em casa, mas se expõem nas redes sociais. Precisamos entender essa contradição.”

1. Para quem você cria?

Meus projetos têm atitude e caráter bem definidos. Prefiro trabalhar com companhias que conheço pessoalmente, executando a maior parte do trabalho em suas próprias fábricas ou próximo a elas. Gosto de ter a colaboração de pequenos produtores, não importa em que lugar do mundo estejam. Prefiro também materiais sólidos e autênticos como porcelana, vidro, bronze, cerâmica, madeira, lã. Minha meta é criar peças que vão acompanhar o comprador por toda a vida. Adoro trabalhar com cores e misturas de materiais. Ambos garantem uma personalidade específica aos móveis, luminárias e acessórios. As pessoas precisam entender essa abordagem para entender meu design.

2. Qual é o conceito contemporâneo de lar?

Atualmente existem algumas situações paradoxais. De um lado, nossas vidas se tornaram mais e mais abstratas. Pense na nuvem virtual onde você salva todas as suas lembranças e imagens. Ao mesmo tempo, queremos cada vez mais objetos realmente bons em nossas mãos, algo sólido, até meio nostálgico. E queremos também privacidade, cobrindo nossas janelas com cortinas, trancando várias vezes nossas portas, só para depois expormos a nós mesmos e nossa vida íntima no ambiente online. Acho que essas mudanças de comportamento são tão interessantes que os designers e toda a sociedade deveriam pensar e se posicionar sobre elas.

3. Seu projeto para a instalação Das Haus na IMM Cologne 2016 é sua forma de posicionar-se sobre o paradoxo que acabou de citar?

A casa que projetei para a Das Haus é aberta, fala de hospitalidade, ela nem sequer tem porta. Os visitantes devem chegar tão despreocupadamente como acontecia na casa dos meus avós no campo, onde os vizinhos apenas batiam e entravam. Cortinas transparentes flexíveis, desenvolvidas em parceria com a têxtil belga Nya Nordiska, cercam toda a instalação. Nós estamos convidando o público a entrar e ficar, a comunicar-se e utilizar seus sentidos. Sem limites nem cercas, nós deveríamos ser curiosos a respeito de nossos vizinhos e do que está ocorrendo na comunidade. E repito, é um paradoxo que nós tranquemos nossos apartamentos a sete chaves e câmeras de vigilância, mas exibamos situações muito íntimas no Instagram ou no Facebook. Em Frankfurt e Berlim estão surgindo condomínios fechados, a exemplo dos americanos, e nos centros urbanos os moradores cada vez mais reclamam do ruído da vida boêmia que foi justamente o maior atrativo para a revitalização desses locais. É importante pensar sobre que direção nossa cultura do morar está tomando, e a Das Haus é uma oportunidade.

4. Qual a receita para combinar peças de design com outras menos sofisticadas?

Na minha própria casa gosto de combinar móveis clássicos selecionados – adoro a simplicidade e a originalidade da T Chair de Douglas Kelly, Ross Littell e William Katavolos, criada em 1952 – com meus próprios projetos e também produtos de colegas que admiro. É uma decoração muito pessoal, temperada com objetos encontrados durante viagens de férias ou negócios pelo mundo e peças de arte contemporânea. Uma grande decoração precisa nascer pouco a pouco. É errado pensar que ela dever ser perfeita e acabada desde o início. Prefiro adicionar itens pouco a pouco, desde que tenha certeza que são as peças certas. Seguir tendências também é o jeito errado. É melhor adquirir peças de qualidade que durarão para sempre.

5. Na sua opinião, é a cultura que influencia o design ou o design também tem o poder de influenciar a cultura?

Definitivamente, ambas as coisas. Busco muita inspiração de outros povos e culturas. Visitar países diversos como a Colômbia e o Japão é essencial para meu trabalho, para conhecer seus artesanatos, técnicas, suas percepções sobre cores e materiais. Por outro lado, os designers têm uma grande responsabilidade ligada ao desenvolvimento dos novos produtos que influenciam o futuro e o comportamento das pessoas. Especialmente no contexto dos produtos eletrônicos, os designers ditam parâmetros importantes.

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6. Qual entre suas peças é sua preferida e por quê?

Essa pergunta é difícil. Projetar para mim é sempre algo muito pessoal e demorado, com muita discussão sobre os detalhes, produção, necessidades a serem satisfeitas, etc… Há projetos que levam três semanas e outros levam cinco anos. O que quero dizer é que é como um relacionamento interpessoal, cada experiência é única, e assim fica difícil avaliar qual objeto ou projeto é o meu favorito.

7. Qual dos seus projetos alcançou mais sucesso, e a que você atribui esse sucesso?

O que significa sucesso? Estamos falando de vendas, de prêmios ou de feedback do público? Há projetos como a luminária Oda ou a mesa Bell que estão vendendo muito bem, mas há também projetos premiados que vendem poucas peças por ano. Para mim é sempre muito gratificante receber um post ou mensagem de um cliente mostrando uma de minhas peças em sua casa, isso é uma forma de sucesso.

8. Como você lida com a questão da sustentabilidade?

Sustentabilidade não é algo sobre o qual eu precise falar, não é uma ferramenta de marketing para mim. Desde que criei meu estúdio dez anos atrás essa é uma diretriz em meu trabalho. Além disso, minha colaboração com pequenos artesãos e manufaturas é uma forma de sustentabilidade social. É sobre desenvolver algo novo a partir de valores e técnicas tradicionais.

*D X A **L X P X A

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