Por trás da indústria de mobiliário high-tech
Numa viagem a Bordeaux, na França, descobrimos como as marcas se tornam mais velozes e tecnológicas
Num mundo acelerado, com demandas de produção de curto prazo, a indústria de mobiliário se rendeu à velocidade. Não parece, mas, por trás dos ambientes gostosos que você vê aqui, existe muita tecnologia, o que ajuda marcas como as italianas Moroso e B&B Italia e a britânica Godfrey Syrett a atender a pedidos em tempo recorde sem perder a qualidade. É aí que entram em cena as máquinas de corte de tecido e couro de alta precisão e os softwares desenvolvidos pela francesa Lectra, empresa cujos produtos são usados por grandes grifes de design para conseguir a modelagem ideal.
Em novembro passado, visitamos durante dois dias a sede em Bordeaux para conhecer o Focus, um novo equipamento 4.0 de corte veloz, e entender, numa série de palestras, como a produção digitalizada desenha o futuro da produção de móveis. “Nossa ideia é fornecer instrumentos a uma indústria diversificada e exigente, que cria peças de difícil execução, voltadas a um mercado globalizado e online”, explica Christophe Gaysse, gerente de contas global da Lectra.
Entre os palestrantes estava Christian Tomadini, COO da Moroso, que nos deu a entrevista abaixo.
Como a tecnologia é usada em uma indústria conhecida por sua manufatura?
Ambas trabalham juntas, mas a tecnologia atua em etapas menos personalizadas e mais automáticas, momentos em que a expertise do artesão seria subaproveitada. Com isso, ganhamos tempo e qualidade.
E você imagina uma tomando o lugar da outra no futuro?
Acredito que não, pois faltariam o cérebro e a paixão do artesão na hora de produzir.
Os designers que criam para vocês se envolvem em todo o processo industrial?
Geralmente, sim. Alguns mais e outros menos. Patricia Urquiola, por exemplo, é uma pessoa que se envolve bastante, tentando entender como funciona a indústria, do começo ao fim, sem perder nenhuma etapa.