Peças históricas de um casal paulistano compõem novo apartamento
O casal paulistano decidiu montar um apartamento para aumentar a família. Mas reservou lugar especial para as dezenas de objetos que já faziam parte de sua história.
“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória”, escreveu o português José Saramago. E foi por não querer abrir mão das lembranças que neles moravam que os proprietários deste apartamento de 380 m² em São Paulo decidiram fundir sua história prévia nos capítulos da nova vida, que contemplaria o aumento da família. “Embora quisessem compor um endereço bem diferente do anterior, os dois faziam questão que a ambientação atual ressaltasse a presença de objetos trazidos da antiga casa, principalmente peças de design e toy art que eles colecionam há anos”, conta a arquiteta Tania Eustáquio. Contratada para adequar o imóvel recém-entregue pela construtora aos anseios dos clientes, Tania reservou espaço em boa parte dos cômodos para a presença dos itens vindos na mudança. Em uma das paredes da sala (veja na página seguinte), chegou a montar um expositor onde alguns dos itens conquistaram o realce esperado pelos donos. “Além do apelo afetivo, os objetos são de muito bom gosto. Mereciam o destaque”, afirma. À outra encomenda feita pelos clientes – a de uma ambientação acolhedora, que considerasse diferentes texturas e tonalidades –, Tania respondeu com madeira, ladrilhos hidráulicos e um acabamento sintético que imita cimento queimado. Tudo afinado com a paisagem, já que a localização do imóvel num andar baixo traz as árvores vizinhas para o interior. “Eles vivem em apartamento, mas o clima é o de uma casa”, diz a arquiteta. “É possível abrir a sala para o jardim, integrar a copa ao living e à cozinha e compor um ambiente único, amplo e aconchegante, para curtir momentos em família [o tão esperado primeiro filho nasceu durante a obra] ou com amigos.” Para alcançar essa atmosfera, foi fundamental a experiência de Tania, que detectou a importância de remover a parede entre a copa e a sala e substituí-la por portas de correr, criando uma área de refeições ora íntima, ora coletiva. “Como os moradores adoram cozinhar, esse espaço pedia um tratamento especial”, explica. Veio dela também a ideia de dispor um banco de limestone na varanda, que contorna a floreira e torna a área ao ar livre ainda mais convidativa. “São detalhes simples como esses que muitas vezes fazem a diferença na receita de um projeto”, ensina ela – que se esqueceu de mencionar ingredientes como um bom profissional e clientes habitados por excelentes memórias.