Os artefatos de couro do cearense Espedito Seleiro
O trabalho com o couro era herança de família. Desde que reproduziu o modelo de sandália criado pelo seu pai para Lampião, Espedito Seleiro não parou mais de criar.
Do avô e do pai, Espedito Seleiro, 73 anos, herdou a sabedoria de fazer artefatos de couro para vaqueiros. Esse foi o ganha-pão da família até 1985, quando chegou a seca no Ceará. “Precisava sustentar dez irmãos. Mas como?” A resposta surgiu ao observar o modelo de sandália feito pelo pai para Lampião, o rei do cangaço, que andou por ali nos anos 1930. “Resolvi reproduzi-la e também criei outros calçados e bolsas.” O negócio deu tão certo que a fama de Seleiro chegou aos ouvidos de estilistas da Cavalera, grife de roupas paulista, que buscavam um artesão para confeccionar peças de couro para um desfile da São Paulo Fashion Week, em 2005. Foi assim que, de um dia para o outro, Seleiro fez sucesso nas passarelas, na TV, nas revistas e até no cinema, vestindo Marcos Palmeira no filme O Homem que Desafiou o Diabo (2007). Além do vestuário, ele incluiu móveis em sua produção. “Eu mesmo faço os desenhos, os moldes, as costuras e a pintura com anilina. Só não mexo com madeira. Isso é com o marceneiro”, conta. Sua cadeira mais famosa é a Sertaneja. “Simples e forte, foi feita para durar a vida toda”, afirma o mestre.