Morar sozinho não é mais tabu
Laís e Dante fazem parte do grupo de pessoas que optou por morar sozinho
Já em 2012 o jornal britânico The Guardian anunciava: “Pela primeira vez na história, um grande número de pessoas – de todas as idades, em todos os lugares e de diferentes posições políticas – passou a viver desacompanhado”. Desde então, essa quantia aumenta no mundo todo e o Brasil não fica fora.
Nos últimos dez anos, a taxa passou de 5,5 milhões para 9,9 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Diversos fatores estão por trás disso, como a reconfiguração das famílias, a emancipação feminina e a pequena metragem dos apartamentos. E, claro, a vontade de curtir um mundo particular.
Afinal, morar sozinho por opção não é mais um tabu. O perfil desses moradores vai de jovens adultos com renda suficiente para se bancar a pessoas que se divorciaram e preferiram permanecer sozinhas. Há também os casais que moram em casas separadas.
“Isso anda ao lado de uma tendência maior de autodescobrimento, em que as pessoas se desconectam do mundo caótico e acham oportunidades para desenvolver autossuficiência e bem-estar”, explica Bia Bezamat, executiva sênior do bureau Stylus.
São muitas as histórias de quem vive assim. No caso do administrador de empresas Dante Lima, essa solução vem pela praticidade. “Tenho uma rotina intensa e moro sozinho há anos. Meu apartamento é todo integrado e me permite trabalhar com calma pela manhã antes de ir para o escritório”, explica.
Já a relações-públicas Laís Bemerguy ficou no apartamento após a mãe mudar de cidade e, aos poucos, percebeu uma nova sintonia com o ambiente. “Tomei conta do espaço. Pintei as paredes e pendurei meus quadros, que deram outra vida ao décor”, explica. Laís gosta de redescobrir a casa quando volta de viagem. “Abro um vinho e aproveito o silêncio para relaxar e ler livros”, diz.