Minha peça de design favorita
Arquitetos e designers famosos elegem os móveis e acessórios que mais admiram
Se você tivesse que eleger em sua casa uma peça do coração, qual seria? Aquela que, entre todas as outras, enche seus olhos? Fizemos essa pergunta para dois arquitetos e dois designers, que explicam a seguir sua escolha. Depois de conhecer estes clássicos, que tal conhecer banquinhos contemporâneos?
A B3, também chamada de Wassily, é uma cadeira de 1925 que continua atual. Foi uma das primeiras a usar aço tubular cromado na estrutura. Tenho um par delas na sala, ao lado do sofá. São os protótipos feitos no Brasil, em 1962, época em que eu era diretor da Forma e começávamos a produzir aqui os móveis da Knoll (empresa americana fundada em 1938). Ganhamos a licença de fabricação e tivemos um grande sucesso sobretudo na venda de móveis de escritório. Este modelo é de lona reforçada, como o idealizado por Marcel Breuer, que quis contrastar a fluidez do aço com a rigidez das tiras. Hoje, as cópias são feitas com faixas de couro. Aurélio Martinez Flores, arquiteto mexicano radicado no Brasil.
Tenho duas poltronas LC2 há muito tempo, desde 1980, quando mudei para São Paulo. São peças de que eu gosto muito, não só por seu desenho mas também pelo que representa para o design. Le Corbusier realizou estudos sobre o sentar. Ele se inspirou nos móveis de madeira Thonet e aplicou a ideia da estrutura tubular em seu projeto, que distingue de maneira clara o que é estrutura e o que é estofamento. É uma poltrona baixinha, que proporciona muito conforto e, não por acaso, ganhou o apelido de Petit Confort. Tem uma modernidade incrível, apesar de ter sido desenhada em 1928. É neutra, atemporal e acolhedora como um abraço. Ótima para ler o jornal de manhã e conversar depois do jantar. Claudia Moreira Salles, designer carioca
Tenho a Fortuny há 15 anos. É o meu xodó. À noite, vira o sol da minha casa. Deixo-a com a luminosidade baixa, mas nem assim ela passa despercebida. É uma das primeiras luminárias do mundo e se mantém bonita apesar do tempo. É incomparável em seu desenho e sua proporção. Vi a peça pela primeira vez em Paris e fiquei apaixonado. Anos depois, quando chegou a Belo Horizonte, não pensei duas vezes e comprei uma para mim. Ela fica de frente para as paredes de vidro de minha casa, que tem vista para a mata, dando uma sensação de sol e lua. Gosto dela porque, apesar de poderosa usa lâmpada incandescente de 500 W , oferece uma luz confortável e amena. Carlos Alexandre Dumont, arquiteto mineiro conhecido por Carico
Valorizo os designers brasileiros e esta peça é um clássico de nosso design, concebida por Geraldo de Barros, a quem admiro por sua complexidade e multidisciplinaridade. Ele trabalhou com arte concreta, pintura, fotografia, design. Dentre as cadeiras que desenhou, esta é a que mais demonstra racionalidade. Tem leveza e suavidade no trato com a madeira. Usa a palha, que é um elemento característico dos anos 1950 e tem tudo a ver com nosso clima e a arquitetura daquele momento. É uma construção precisa, concisa e ao mesmo tempo despojada. Esse conjunto de características me agrada muito. Acho ótimo o fato de ela estar em produção e não virar peça de colecionador. Gerson de Oliveira, designer e dono da loja Ovo, em São Paulo