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Marcelo Rosenbaum e a casa de seus pais

Graças à escolha dos materiais e à implantação, esta casa se insere com suavidade na Mantiqueira, a serra predileta dos paulistas. A assinatura é de Marcelo Rosenbaum

Por Reportagem Cecília Reis I Fotos Ana Casatti e Marco Antonio
Atualizado em 9 abr 2024, 11h51 - Publicado em 18 dez 2012, 18h01
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A casa pré-fabricada ficava na parte alta do terreno, debruçada sobre o forte declive. Ladeira abaixo, era só mata, oferecendo a quem olhasse pelas janelas uma visão de abismo. A velha construção, sem estilo nem conforto, estava cansada da vida, pedindo uma reforma. Além disso, não atendia aos desejos da família, que tinha crescido. Merecia ser demolida, e assim foi.

O designer Marcelo Rosenbaum resolveu começar de novo. Em vez de brigar com a geografia do lugar, explorou o potencial do lote. Seu projeto acomodou gentilmente a casa na encosta, de modo que ela se misturasse com a vegetação nativa, adotada como jardim. O entrosamento do interno com o externo foi ponto de honra para o autor. Através de generosos panos de vidro, o verde abraçou todos os ambientes, organizados verticalmente em quatro pisos. Paredes de pedra protegem a morada, instalada com tanta naturalidade que parece ter nascido ali, entre as quatro araucárias que demarcam seus limites.

Quem chega enxerga apenas uma pequena construção e pode imaginar que está diante de um singelo cottage. Ultrapassada a porta de entrada, vem a surpresa: uma escada em caracol serpenteia de cima a baixo, levando desse hall, no primeiro plano, passando pelo andar dos quartos, até o terraço que se abre para o jardim. A peça escultural foi propositadamente colocada sob uma claraboia. “O lugar foi projetado para dar passagem à luz do Sol e à da Lua. São como verdadeiros faróis. Uma beleza”, elogia Rubens Rosenbaum. É por causa dele que o projeto tinha um valor especial para Marcelo. Trata-se da casa de seus pais.

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Construir a quatro mãos foi uma prova de amor trocada entre pai e filho. É claro que algumas ideias espantaram o casal: pintar o teto dos quartos cada qual de uma cor ou colorir de amarelo a porta de entrada – será? A certa altura, Rubens decidiu dar carta branca ao designer. Advogado de formação, construtor autodidata, empenhou toda a sua experiência para viabilizar o projeto.

Da obra, foi ele quem cuidou. Naqueles dois anos e meio de trabalho, enfrentou desafio de todo jeito. As pedras das paredes chegaram a Campos do Jordão, onde fica a casa, numa carreta. E lá, o material teve de ser transferido para caminhões menores para poder passar pelas estradinhas do condomínio. Junto com o lote, Rubens trouxe um aplicador experiente, de modo que não ficasse à vista nadinha do cimento. Assim como o filho, ele é caprichoso.

Também foi mérito de Rubens a cuidadosa escolha das madeiras. A perobinha-do-campo foi trazida da demolição do velho prédio da Tecelagem Bangu, no Rio de Janeiro. Idosa e já bem trabalhada, resiste aos humores do clima. Por honra dessa opção, as janelas dos quartos abrem e fecham sem titubear, exibindo um vão livre de 22 m.

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De resto, a casa é toda Marcelo. Sua assinatura fica evidente na volumetria de grande equilíbrio e na composição dos materiais. Do lado de fora, pedra bruta e cruzetas de postes antigos emprestam solidez à construção, que, nesta roupagem, se confunde com o entorno. Na sala, um bloco de mármore travertino navona faz da lareira mais uma escultura.

Ao piso de madeira de demolição cabe grande parte do aconchego. Os tons de marrom, bege e branco, aquarela discreta que domina a decoração, foram propositadamente escolhidos para transformar a paisagem na maior atração da casa.

 

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Marcelo Rosenbaum

Um olhar cuidadoso sobre a brasilidade e a conexão com a valorização da cultura popular formam a base do trabalho de Marcelo Rosenbaum. Nascido em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, em 1968, o designer leva como referência a pluralidade dos costumes de sua família, que reúne ascendência alemã, russa, portuguesa e italiana – mistura comumente vista no Brasil. Talvez seja essa identificação e a facilidade de se comunicar que o tornaram uma figura querida e reconhecida por grande parte da população. Democrático, ele tem em seu portfólio casas de diferentes estilos e tamanhos, e muitas coleções de mobiliários e acessórios. Tudo de um jeito bem divertido, colorido e brasileiro.

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