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Mano: bloco de espuma em formato de pessoa em posição fetal

Criado pelo artista plástico Heleno Bernardi, o Mano é uma escultura afetiva. Mas também pode ser usado como pufe ou como objeto de decoração. É a arte que virou design

Por Por Regina Galvão
Atualizado em 26 Maio 2022, 15h26 - Publicado em 4 set 2012, 19h07
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Nada de museu ou galeria, o artista plástico Heleno Bernardi, um mineiro radicado no Rio de Janeiro, decidiu levar seu objeto artístico, o Mano, para a casa das pessoas. Produzida a partir de um bloco de espuma recoberto por tecidos listrados, a peça, criada em 2001 e que está viajando o mundo, foi apresentada pela Dpot durante a semana do Design Weekend, em agosto passado. Cada módulo, que pode ou não ser agrupado, está à venda por 750 reais (90 x 90 x 10 cm) na loja de design brasileiro, em São Paulo.

 

 

 

 

O que é o Mano?

Defino-a como uma escultura afetiva. É uma peça que parece um colchão, mas com a silhueta de uma pessoa em posição fetal. Ele pede para ser acolhido e também oferece abrigo e acolhimento. É um trabalho de arte que funciona nessa mão dupla.

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Quando você o criou?

O Mano foi criado em 2001. Ficou em meu ateliê bastante tempo até eu entender como ele se inseriria no mundo das artes. Em 2007, comecei a fazer mais algumas peças e fui agrupando-as, montei instalações.

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Como surgiu a ideia de fazê-lo circular pelo mundo?

Imaginei um sistema no qual o Mano viaja sozinho e de graça. Criei uma caixa para ele, como a de um violão, e coloquei uma cartinha dentro dela. Uma amiga saiu do Brasil e levou o Mano para a Irlanda. Chegando lá, ela o entregou para outra pessoa. A cartinha pede que, nessa convivência com o Mano, a pessoa fotografe, filme e escreva coisas sobre ele e depois compartilhe essa experiência comigo. Recebo todas essas informações por e-mail. Depois disso, a pessoa escolhe para quem quer passar o Mano. Eu não tenho ingerência nesse processo e ele está viajando o mundo pelas escolhas dessas pessoas.

Desde quando ele está viajando?

Desde 2009. Já passou por Irlanda, Inglaterra, Austrália, Tailândia, Estados Unidos, Portugal e Áustria. Sumiu durante uns seis meses e depois apareceu de novo.

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Como foi seu encontro com a Dpot?

Comecei a pensar de que maneira o Mano poderia sair do circuito de artes plásticas para chegar a mais gente e a mais lugares. Nesse meio tempo, conheci a Baba (Baba Vacaro, a diretora de arte da Dpot) e apresentei o projeto para ela. Contei a história de ele estar circulando o mundo e ela se interessou. Decidimos, então, transformá-lo em um objeto múltiplo com uma tiragem aberta. Ele passa a ser comercializado nessa intersecção de arte e design, vendido por uma loja de design.

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Você está feliz com essa possibilidade de trazer a artes plásticas para a casa das pessoas?

Sim. Minha proposta é ir um pouquinho na contramão do que é a lógica do mercado de arte, que trabalha com a exclusividade. Quanto mais exclusivo, mais valioso o trabalho se torna. A proposta do Mano é diferente: quanto mais exemplares e quanto mais pessoas ele atingir, mais interessante ele se torna. Não financeiramente, é claro, mas conceitualmente. Quero que ele se multiplique cada vez mais. É uma obra que se propõe a oferecer abrigo, por isso não pode ser excludente, ter uma limitação. Esse projeto tem de se multiplicar e se tornar mais acessível também.

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