Isay Weinfeld: casa que se abre e fecha como uma flor noturna
Desenvolvida em volumes simples, esta casa paulistana se transfigura completamente graças a grandes janelas, portas pivotantes e divisões espaciais,
Sala de TV, living, jantar e piscina. Todos esses espaços, conectados em um único e contínuo térreo, marcam esta casa de 2004, que Isay Weinfeld fez para pessoas muito próximas. A Casa Marrom é dominada, como o nome diz, por materiais dessa tonalidade – como o gradil das janelas, a portentosa estante de madeira, a coifa metálica do espaço gourmet. Tais elementos e volumes horizontais em tons acobreados e rebaixados são a impressão digital do projeto, que hoje, visto em retrospectiva, se afirma como um ponto fora da curva de uma tendência que tomou conta da arquitetura paulista na primeira metade da década passada, período marcado por grandes superfícies brancas e incontáveis derivações de tons claros. Isay conta que o marrom foi uma escolha natural com base na principal diretriz do projeto, o aconchego. Mas, apesar desse aspecto uterino, a Casa Marrom é ampla, luminosa, fluida.
O projeto partiu de um desejo dos proprietários de tocarem a água da piscina de dentro da sala de estar. Uma vontade que surgiu de uma das conversas com o arquiteto sobre a futura moradia do casal com dois filhos adolescentes. A casa é uma composição compacta com pequenas surpresas e ambientes que se transformam com um abrir (ou fechar) de portas, janelas e cortinas. É um lugar íntimo, para estar com a família. E também para receber.
“Foi um momento especial pelo que representava projetar uma casa para pessoas queridas”, pontua Isay, que costuma acompanhar a relação dos clientes com a casa mesmo depois da ocupação da obra. “Pessoas diferentes representam clientes diferentes, programas diferentes e casas diferentes – naturalmente”, diz. Mas os projetos de Isay, embora únicos, têm algumas marcas, como seu cuidado em cada detalhe. Não por outra razão, a Marrom guarda um aspecto cinematográfico que impregna a produção do arquiteto, um aficionado a Stanley Kubrick que aqui criou o que poderia muito bem ser um cenário intimista de Claude Chabrol.
O cinema, a arte e a música influenciam o premiado arquiteto paulistano Isay Weinfeld. Extremamente curioso, ele tem interesses profundos por diversos temas e a arquitetura é mais um deles. Assim, Isay também amplia sua atuação. Cenários, exposições, filmes, desenhos de móveis são alguns trabalhos no Brasil e no exterior que já levaram sua assinatura, bastante reconhecida. As entrelinhas das longas conversas com os clientes o ajudam a elaborar os projetos residenciais, onde sempre que possível integra áreas verdes aos espaços internos. Espaços em que formas essenciais, puras são temperadas por várias surpresas visuais, transmitindo a força de sua arquitetura.