Este móvel divertido parece um ouriço cheio de espinhos
As gavetas do móvel são camufladas por 20 mil espinhos de madeira
Encaixadas uma a uma na estrutura de aço e bordo, as estacas de bambu conferem um visual surpreendente ao Magistral Chest (1,60 m x 61 cm x 60 cm*), do designer e artista plástico chileno Sebastián Errazuriz. “Aliei emoção à funcionalidade”, diz sobre a natureza híbrida do trabalho. Abaixo, confira uma entrevista completa com o designer.
Entre design e arte, onde se situa seu trabalho?
Nem penso nisso, só sinto e sigo minha intuição. Basicamente, tento incorporar elementos psicológicos e existenciais aos desenhos funcionais, tento também incorporar um certo grau de função, responsabilidade e propósito às minhas obras de arte. Eu crio edições limitadas e numeradas de móveis “high-end”, de alto padrão. Normalmente, eles interessam a colecionadores que já têm peças assinadas por artistas como Andy Warhol ou Jeff Koons, e querem mais itens exclusivos e surpreendentes para suas casas. Eu gosto de “torcer” os objetos do cotidiano, acrescentar a eles camadas de significados que ultrapassem sua utilidade prática. Só assim atingirão a definição de arte. Na verdade, meu trabalho ganhou atenção justamente por causa desse embate entre design e arte, mas eu costumo me perder entre essas fronteiras, pois aprecio os dois universos. Eu tentei separá-los, mas se você consultar minhas anotações, está tudo misturado, peças de design seguidas de ideias para projetos de arte.
Quais são suas referências, de onde vem a inspiração?
Inspiração é algo que vem de dentro, como um pressentimento. Percepções pessoais cujo gatilho são situações e elementos do cotidiano que partilhamos com todas as outras pessoas. Se você permanecer autêntico e fiel às suas próprias visões e colocar essas visões únicas e intransferíveis para o resto do mundo, sempre existirão pessoas profundamente conectadas com você, valorizando aquilo que você produz. Mas se copiar o que já existe, muitas pessoas podem ter uma resposta até relativamente positiva, porém superficial do que você criou. Ao final você não ofereceu nada de muito original e seu trabalho se perderá num mar de coisas parecidas. Eu prefiro artistas como influências para meu trabalho. Mas designers como Mark Mullin, Philippe Starck e Ross Lovegrove são fantásticos! Estudei sua obra no passado e hoje tenho a sorte de estar entre eles. É uma imensa honra.
Suas peças de marcenaria exigem execução muito precisa. Até que ponto você se envolve nesse processo?
Cada novo gabinete exige um tanto muito considerável de trabalho. Eu desenvolvo o conceito e a técnica no estúdio, junto com a equipe. Depois, tudo é projetado e desenhado na minha oficina, assim posso resolver qualquer problema no momento em que ele aparece e refinar diretamente o design. O processo todo é muito experimental e cada móvel é completamente novo, nada parecido com o que foi feito antes. Assim, eu me envolvo em cada passo da produção. A maioria das peças exigiu mais de um ano de pesquisa antes de resultar num primeiro protótipo. Eu faço centenas e centenas de esboços até encontrar uma ideia que realmente quebre um paradigma.