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Entrevista com os designers Ingo Maurer e Dirk Vander Kooij

Ingo Maurer, que abre endereço em São Paulo no segundo semestre, celebra a obra de Dirk Vander Kooij

Por Texto: Denise Gustavsen* | Fotos: Divulgação
Atualizado em 25 Maio 2022, 10h20 - Publicado em 22 mar 2016, 18h53

Aos 83 anos, o alemão Ingo, um dos mais importantes lighting designers do mundo, continua ligado na tomada e incentivando novos talentos: durante a última Munich Creative Business Week, ele abriu o ateliê em Munique para a mostra de seu ex-estagiário Dirk Vander Kooij – hoje, um dos nomes mais incensados da Holanda. “Dirk é revolucionário”, diz o anfitrião. Em conversa com CASA CLAUDIA, o mestre alemão revelou que inaugura em breve o Estúdio Brasil Ingo Maurer, assinado pelo Rizoma Arquitetura e resultado da parceria com a FAS Iluminação. Abaixo, leia as entrevistas com os designers.

Ingo-Maurer

Entrevista exclusiva com Ingo Maurer:

1. O que inspira a sua produção nesse momento?

Minha cabeça anda indomável com tantos projetos maravilhosos, mas amo dois deles em especial: o pavilhão em Inhotim, perto de Belo Horizonte, MG, e o Estúdio Brasil Ingo Maurer, em São Paulo. Estou ansioso para a inauguração de ambos. Quero que os brasileiros vejam tudo que estamos criando sem ter de viajar para Munique ou para Nova York para visitar nossos estúdios. Eu sempre quis estar um pouco mais perto do Brasil. Adoro tudo do país, o povo, a língua, a comida, o mar, o tom provocativo das coisas. Tenho bons amigos brasileiros, entre eles os irmãos Campana, que, além de muito criativos, são lindos seres humanos, e Bernardo (Paz, criador de Inhotim). Nós nos gostamos e nos respeitamos. Quando Bernardo, que já colecionava várias obras minhas, propôs criar um museu para expor meu trabalho no complexo de arte mineiro, eu respondi que estava muito velho, que ainda estava vivo, e não queria um museu – voltei para a Alemanha, fiquei pensando se aceitava ou não, cada vez mais atraído pela ideia. Assim surgiu o pavilhão Broken Egg, com a geometria de um ovo, dedicado à luz.

2. O que mudou no seu olhar ao longo desses anos?

Acima de tudo, a velocidade do mundo. A temperatura dos corações dos seres humanos também diminuiu. Ao mesmo tempo, o espírito “burguês” ganhou força. Também perdi minha esposa Jenny, que morreu no ano passado.

3. Qual é o poder da luz sobre mentes e corações?

Luz para mim é um forte elemento religioso espiritual. A luz pode ser usada para o prazer ou para a tortura. Hoje, porém, na minha opinião, o mundo tem muita poluição e lixo luminoso.

4. A profusão de insetos em algumas de suas criações tem alguma influência do movimento Art Nouveau?

A ideia para usar insetos veio durante um estudo. Amo insetos. Eu gostaria de ser uma borboleta, um daqueles belos exemplares que existem no Brasil.

5. Em que ponto do processo criativo uma peça funcional se torna também uma obra de arte?

A arte está sempre no olho do observador. Um simples parafuso também pode ser uma obra de arte. Mas, para mim, ao projetar uma luminária, a qualidade da luz é a parte essencial, embora a estética também me atraia. Eu tenho prazer em transformar algo frio e feio em algo belo. Eu gosto de vislumbrar beleza até na feiura.

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6. O que faz o trabalho de Dirk Vander Kooij, que já foi seu estagiário, ser tão especial?

Ele é revolucionário no que faz e, acima de tudo, no processo que usa, no seu jeito de fazer. Eu gosto do que Dirk cria, da sua mente inventiva, do modo como usa a tecnologia. Dirk terá um grande futuro pela frente.  

Vander-Kooij

Entrevista exclusiva com Dirk Vander Kooij:

1. Que influências você carrega do tempo em que trabalhou com o Ingo Maurer?

Ingo foi a pessoa que me deu a primeira oportunidade de expor em Milão, com a nossa mesa de pele de elefante. Em todos os seus objetos se percebe claramente a alegria de fazer e de inventar. Eu amo a delicada escala de seu trabalho, a maneira como ele trata coisas complicadas com soluções compreensíveis, belas e simples. São soluções honestas, quero dizer que você pode ver claramente como o produto final é construído, nada é escondido de quem o observa.

2. Você pertence a uma geração de designers holandeses que criam projetos provocantes e originais. O que desafia a sua curiosidade?

Sou apaixonado por fazer coisas. Para mim, design não é apenas desenhar, mas testar novos materiais e novas técnicas. Estes resultados tem seus próprios limites, além disso novas fronteiras surgem porque estou sempre atrás de uma nova técnica ou material. Desta forma você chega a novos produtos, ou ‘alienígenas’ como eu os chamo às vezes.

3. Qual é o segredo para harmonizar artesanato e 3D, uma forte combinação em seu trabalho?

Gosto do conceito do faça você mesmo! O robô entra para fazer cada produto acontecer. Assim você descobre exatamente como o material reage quando você está trabalhando com ele e quais são os seus  limites. Um verdadeiro ‘craftmenship’ tem de sentir as reais possibilidades de determinados materiais sem necessariamente ter de tocá-los, assim pode fazer adaptações no meio do caminho. Tudo isso porque sabe exatamente como o materiais vai reagir.

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5. Quando veio da ideia de usar um robô aposentado (retirado de uma produção chinesa) e transformá-lo em uma máquina de prototipagem rápida?

Os robôs são tão incrivelmente livres no seu movimento, que eu sempre admirei a ideia de um robô sobre uma caixa para impressão. Foi a minha máquina de sonho, e boa base para a impressão técnica que eu imaginava desenvolver.

6. O que é mais relevante no design contemporâneo?

Para mim, o mais importante é a tradução do processo de execução no produto final, para que você possa ler o produto, entendê-lo e se relacionar com ele. 

* Largura x altura x profundidade

*A editora Denise Gustavsen viajou a Munique a convite do IF Design Awards.

 

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