Entrevista com Kenneth Cobonpue: o design como língua nacional
“O design é uma língua que vale para qualquer cultura”, é o que diz o filipino
Nascido nas Filipinas, ele tem em seu DNA a serenidade e o clima solar do arquipélago. Seus móveis tramados a mão unem essa pegada à responsabilidade social.O designer filipino participou da mesa-redonda mediada pelo diretor de CASA CLAUDIA, Alexandre Ferreira, na Maison & Objet, realizada no mês passado, em Paris.
Qual é a importância de valorizarmos a produção local no design?
O design é uma língua que vale para qualquer cultura. E a minha marca está conectada com as Filipinas e com nosso estilo de vida. Somos calorosos, hospitaleiros e criativos, com uma cultura permeada pelas influências hispânicas, americanas, malaias e chinesas. Esse mix é uma fonte de maravilhosas inspirações, ideias e desenhos. Utilizar materiais e técnicas locais possibilita que o mundo entenda e aprecie também quem o filipino moderno é. Isso é importante para mim, olhar para estes materiais e processos de produção que podem ser feitos somente no meu país e a preços justos.
O que significa para você continuar trabalhando com materiais feitos a mão enquanto outros designers têm criado móveis tão tecnológicos?
Cada cultura tem algo único para contribuir com o design global. O futuro tecnológico é um produto de nações industriais, enquanto o feito a mão é um produto que representa bem o meu país. Existe uma familiaridade e um acolhimento em móveis que são feitos com cuidado e individualmente por um ser humano, que os feitos por máquinas não têm. Venho trabalhando com vários materiais, desde fibra de carbono até papel e não há nada que possa ser comparado a algo feito a mão. Você também pode ver e sentir isso quando se trata de um sapato de uma marca de luxo ou um relógio Suíço. Além disso, existe um status de “premium” por algo artesanal, pois trata-se de uma arte que está sumindo no mundo.
Por que a sustentabilidade é uma preocupação central no seu trabalho?
O fato de morar em uma ilha mantém o desejo de continuar usando sempre o processo mais sustentável possível. Em um ambiente em que os designers muitas vezes acabam optando por segurança e soluções genéricas, eu penso que uma das coisas que me faz feliz é ter criado peças que misturam materiais abundantes e o talento dos artesãos da minha região. Penso que tudo pode ser feito de uma maneira mais natural e sustentável e sempre busco maneiras de desafiar o convencional. De alguma forma, isso ficou mais visível no meu design ao longo dos anos.
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