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Design holandês: uma entrevista com Lex Pott

Graças à pegada audaz, os holandeses conquistam território no mundo do design, a exemplo de Lex Pott e seus objetos poéticos

Por Luciana Benaduce Figueiredo
20 ago 2015, 14h01
Design holandês: uma entrevista com Lex Pott

Até o estúdio do designer impressiona: fica num antigo estaleiro em Amsterdã. Ali ele inventa surpreendentes peças de madeira, pedra e metal, seus materiais prediletos. “Quase todos possuem muitas qualidades ocultas. Tento desvendar essas características e criar um novo diálogo, que é sempre inesperado”, revela Lex, formado pela Design Academy Eindhoven (DAE), um celeiro de grandes talentos dos Países Baixos.

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1. Fale sobre seu trabalho atualmente. Como você descreveria sua pesquisa em geral? Como você elabora seu repertório e suas influências?

O que eu normalmente tento fazer é investigar o material. Os materiais que mais utilizo são os naturais, como pedra, madeira e metal, porque eles sempre envelhecem. Tudo envelhece na vida, então por que não usar isso como um benefício. Ao mostrar ou acelerar a idade nós podemos desenhar/criar produtos envelhecidos que irão durar ao longo do tempo. Quando começo a trabalhar com um certo material, eu tento investigar e experimentar a qualidade deles. Quase todos materiais possuem muitas atributos ocultos. Eu tento mostrar essas características ao criar um novo diálogo com o material. Antes de finalizar, não imagino o resultado ou o tipo de produto antes de começar um projeto. A pesquisa é totalmente voltada para o material.

2. Algum artista ou designer o influenciou de alguma forma?

Eu sou um grande admirador do artista italiano Giuseppe Penone, conhecido pela experimentação com materiais não convencionais. Na minha opinião ele é mestre em mostrar madeira de uma forma poética. Suas esculturas são fenomenais em sua simplicidade e beleza.

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3. Qual é o seu ponto de partida e o aspecto mais importante para desenvolver uma obra?

O ponto de partida basicamente é a qualidade do material ou a técnica. Como sempre uso aqueles comuns, procuro sempre experimentar e trabalhar os seus limites.

4- Na sua opinião, qual é o valor máximo do design contemporâneo? O que importa e o que não importa? O que nunca se deve perder de vista e o que deve ser evitado ao se criar hoje?

Eu espero que possamos evitar mais as tendências . Atualmente o design parece que nem a moda. As coleções mudam de maneira muito rápida e as pessoas querem mais e mais objetos. Eu acredito no objeto que você possa carregar para a vida toda, pela sua história e qualidade. Eu acho que os produtos deveriam durar mais do que as últimas tendências.

5. Você tem um público específico? Quem é o consumidor das suas peças de design? Você pensa em alguém ao desenhar um objeto?

Eu nunca penso nos compradores em potenciais para o meu trabalho. Sempre começo a partir de um ponto de vista pessoal ou fascinação. Espero que as pessoas possam apreciar o meu trabalho pela qualidade que ele tem de contar uma história.

6. Você acha que o design holandês tem alguma peculiaridade, algum diferencial em relação ao que é criado ao redor do mundo? Talvez liberdade no sentido mais amplo?

Eu acredito que a mentalidade holandesa é muito aberta, nós questionamos tudo sempre, inclusive no design. Nós sempre nos perguntamos como podemos fazer as coisas de forma diferente, na nossa própria maneira. Muitas vezes essa liberdade leva a novas perspectivas.

7- Todas as suas obras são encomendadas? Recentemente você foi escolhido com mais sete designers por Kilian Schindler, presidente da Tolix, para fazer uma reinterpretação da cadeira Tolix, um clássico do design.

Também trabalho bastante por conta própria além das peças encomendadas. A Tolix é uma cadeira de metal e, portanto, se oxida. Como oxida, lentamente degrada. Eles me pediram para mostrar a beleza desse envelhecimento. Eu oxidei a cadeira de uma forma muito controlada e consegui marcas que deixaram sua silhueta mais forte.

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8- Fale um pouco sobre o conceito da série Diptych, como tudo começou?

Woes van Haaften , fundador da galeria New Window ( newwindow.nl), me pediu para criar a nova coleção de lançamento da plataforma New Window.nl. Ele me deu carta branca para o projeto, com isso eu decidi investigar a madeira.

9- Você está preparando alguma exposição no momento?

Será aberta em breve “The future prefect” (em Nova York), “Dutch design week” (em Eindhoven) e “The North Modern” (em Copenhagen).

10- Quais os planos para o futuro?

Muitos! Infelizmente eu não posso dizer muito sobre isso ainda, mas há muitos projetos sendo finalizados. Entre eles, vários projetos para a New Window, objetos produzidos em massa e um monumento para o governo.

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