Conheça o loft de Eric Shiner, diretor do Andy Warhol Museum
A filosofia de Erci Shiner é viver para a arte. Por isso, seu loft foi transformado em um espaço de criação com obras e artigos excêntricos
De volta a sua terra natal para trabalhar no emprego com que sempre sonhou, Eric Shiner mobiliou à sua imagem e semelhança um apartamento em Pittsburgh, cidade onde nasceu e passou a infância, assim como o ícone pop Andy Warhol. A decoração pode ser definida como uma compilação de objetos que refletem as viagens que fez pelo mundo e o olhar crítico adquirido durante os anos de estudos e atuação no campo das artes. Sua vizinhança é agitada e, entre restaurantes, cafés e organizações culturais, fica o prédio que, desde sua construção, em 1940, já foi sede de uma loja de carros, uma padaria e um estúdio de balé. Atualmente, alguns espaços comerciais funcionam no térreo, e a casa de Eric fica no piso superior. Em uma grande reforma, reaproveitou-se a madeira do antigo estúdio no apartamento e removeu-se o forro do teto para deixar o pé-direito mais alto e permitir a instalação de claraboias. ParaEric, bastou passar pelo hall de entrada do loft pela primeira vez para escolhê-lo como sua nova morada. Ele ficou encantado com a iluminação natural vinda principalmente de oito grandes aberturas na parede principal da sala. “A luz e o espaço amplo, três vezes maior do que o da minha antiga casa, em Nova York, formam um conjunto ideal e que valoriza tudo o que está no interior”, diz.
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É um legado passado pelos pais e pelos avós de Eric. Feiras de arte, lojas vintage e “família vende tudo” logo se tornaram seus lugares preferidos para garimpar peças, como a mesa de centro do designer George Nelson ou o sofá da sala, que recebeu seu toque pessoal ao ser coberto com um paraquedas comprado no site eBay: “uma escultura para intrigar as visitas”, define. Dos muitos presentes dispostos, destaca-se o que ganhou do diretor do Bass Museum of Art, uma placa com a mensagem “Cash for your, Warhol” e um número de telefone. “O artista Geoff Hargadon pendura esses cartazes em postes do lado de fora de feiras de arte para que colecionadores liguem para ele. Quando alguém liga, uma gravação pede para deixar o nome e o telefone. Achei engraçado e curioso.” Para ele, existem algumas premissas aparentemente simples a serem seguidas na hora de colecionar: “Se a obra fala comigo, me intriga e está ao meu alcance, eu compro!” A partir daí, qualquer estilo ou padrão tem suas fronteiras extrapoladas para se adequar às preferências excêntricas do proprietário. E seu gosto não é formulado sem critério, mas sim resultado de anos de estudo e trabalho. Em 1994, apenas uma semana após a inauguração do Andy Warhol Museum, Eric entrou como estagiário voluntário e ajudou a organizar uma exposição sobre moda. “Uma das minhas primeiras tarefas foi revirar caixas do arquivo em busca de todo tipo de coisa relacionada à moda que Andy guardava, inclusive roupas dele, como jaqueta de couro, botas e perucas. Foi meu primeiro trabalho e o momento em que meus olhos se abriram para a arte contemporânea.” Na University Honors College, recebeu o diploma de História da Arte e Arquitetura. Apaixonado pela cultura oriental, aprendeu japonês durante um intercâmbio de um ano e mais tarde decidiu fazer mestrado sobre arte contemporânea na Osaka University, concluído em 2001.
Nesse mesmo ano, foi convidado para ser o assistente do curador na primeira Yokohama Triennale of Contemporary Art, no Japão. De volta a Nova York, para concluir o doutorado em História da Arte, na Universidade Yale, passou a organizar palestras e exposições, até ser convidado para concorrer ao cargo de curador do Andy Warhol Museum, onde começou a trabalhar em 2008. Três anos e muitas exposições depois, recebeu a notícia de que assumiria a diretoria, posição almejada por muitos. Desde então, Eric passa cerca de dez horas quase todos os dias no museu. Quando não está lá ou viajando a trabalho, gosta de receber amigos e brincar com seu cachorro, Nero. Para seus estudos semanais em casa, acomoda-se sob o retrato de Jackie Kennedy, do artista americano Ain Cocke, estrategicamente posicionado sobre a mesa onde trabalha para lhe servir de inspiração.