Conheça a coleção de cadeiras do advogado José Orlando Lobo
Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Karim Rashid, Gaetano Pesce, Philippe Starck são alguns dos designers que assinam as peças.
Este apartamento na capital paulista abriga móveis, objetos e obras de arte reunidos pelo advogado José Orlando Lobo durante décadas. As peças em exposição formam um conjunto fabuloso, espelho de um criativo estilo de vida. Remonta à infância do advogado José Orlando Lobo, vivida em Moçambique, a semente de seu colecionismo. “Guardo até hoje o primeiro carrinho de ferro que ganhei”, conta o sócio-fundador do escritório Lobo & de Rizzo, com endereços em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A aspiração à beleza, a curiosidade intelectual e o gosto para assuntos relacionados ao design foram lapidados desde cedo. “Adorava desenhar carros e aviões e fazer maquetes de casa com caixas de fósforos. Eu guardava tudo.” Quando ele cresceu, o que era brincadeira se tornou assunto sério, mas não menos divertido. Hoje, Lobo tem uma coleção de automóveis de luxo, que inclui modelos da Porshe, Ferrari e Jaguar. Também fundou a Lobini, empresa que fabrica carros esportivos. No universo do morar, um de seus acervos mais importantes teve início em meados dos anos 1990: o de cadeiras, com cerca de 150 modelos criados nos séculos 20 e 21. Os autores, em sua maioria consagrados, são talentos nacionais e estrangeiros, como Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Karim Rashid, Gaetano Pesce, Philippe Starck. Entre os exemplares preferidos do advogado, um tem assinatura do escultor baiano Mario Cravo Jr. “Em comum, todos apresentam um desenho que considero interessante. Busco a solução diferente para uma mesma questão, que é o sentar. Acho a cadeira a peça mais nobre do mobiliário”, explica Lobo, radicado no Brasil desde 1974.
Parte das cadeiras está guardada em uma casa na Grande São Paulo. Outra parte está em exposição e, claro, em uso no apartamento de 630 m², erguido na década de 1960 na capital paulista. Cada móvel, obra de arte, objeto antigo e livro arrematado ao longo de muitos anos tem um significado afetivo para Lobo. São peças que contam um pouco de sua trajetória, pelos lugares que passou, pelos encontros marcantes, e que também formam um conjunto visual precioso. Para reunir todas essas coleções de maneira coerente e criativa, o advogado convidou o arquiteto Marcio Cantarelli para adaptar o imóvel. “O apartamento era muito escuro. Por isso, a ideia era trazer leveza visual a fim de destacar as cadeiras e as obras de arte. Também organizamos a distribuição de alguns espaços. A sala de jantar se transformou no home theater, e a copa virou sala de jantar”, diz Marcio Cantarelli.
As instalações elétricas e hidráulicas foram trocadas, assim como os acabamentos e o mobiliário da cozinha e dos banheiros. O piso de madeira dos ambientes sociais permanece original, mas as boiseries e os armários dos quartos precisaram de nova pintura. Um dos desejos do morador, que não tem receio de ousadias visuais, era paredes de cores diferentes em todos os cômodos, resultando em um caleidoscópio vibrante. “O projeto não deveria parecer um showroom de móveis”, diz José Lobo, que conseguiu, por meio da combinação criativa de materiais, formas, cores e estilos, uma morada de personalidade absolutamente única. Com seu olhar irretocável para o design, ele segue em busca de novas cadeiras.