Chateau carioca se impõe no topo de um lindo jardim
Cenário de memoráveis encontros, esta casa no Rio de Janeiro se impõe no topo de um jardim, cercado pela paisagem estonteante.
Poderia ser a residência do governador fluminense. Ou a elegante moradia do prefeito. Mas a casa imponente, com ares coloniais no alto de Santa Teresa e cercada por um terreno que não deixa nada a dever às antigas chácaras que outrora se espalhavam pela região, não é exatamente um endereço oficial, apesar de já ter recebido vários visitantes ilustres, entre artistas e políticos de diversas partes do mundo. É, sim, uma casa de família, com nome, sobrenome e permeada de (boas) histórias. Foi neste jardim exuberante, salpicado de strelítzias, helicônias, palmeiras-imperiais, bambusas e bromélias, habitado ainda por cotias, galinhasd’angola e seriemas, que duas filhas do proprietário se casaram. E ainda é ali o ponto de encontro para celebrar as datas festivas, como os batizados dos netos, ou simplesmente um fim de semana à beira da piscina. “Há algum tempo, o proprietário, que é fã confesso de Santa Teresa, resolveu experimentar morar perto da praia, em um apartamento com vista para o mar. Mas não se adaptou e acabou voltando para o alto da montanha. Esse lugar é o seu mundo. Ali ele montou também o escritório, onde trabalha com todo o conforto cercado pela vista de 360 graus”, afirma a arquiteta Rosa May Sampaio, que, logo depois que as filhas saíram de casa, há cerca de cinco anos, foi convocada para fazer uma reforma completa no imóvel. “Não foi pouca coisa. Tivemos que restaurar pisos, trocar forros, modernizar a cozinha. E, quanto à decoração, o desafio foi harmonizar os móveis e as coleções de época com elementos e objetos mais modernos, trazendo uma maior presença de designers brasileiros”, conta ela, que chamou Roberto Riscala para cuidar do paisagismo. “O principal foi criar molduras naturais e exuberantes para essa paisagem fantástica”, arremata ele, que apostou em um sotaque tropical na vegetação.
Foi em 1971 que a história desta casa começou, quando o proprietário, recém-casado, pediu a Wladmir Alves de Souza, arquiteto que fez também a Chácara do Céu de Castro Maya, no mesmo bairro, e o Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, que desenhasse o projeto de sua residência no belo terreno que já pertencia à família. Apesar do traço modernista de Wladmir, a preferência foi pelo estilo mais colonial, seguindo a estética bucólica da região. “Por isso a fachada tem esse visual de uma fazenda urbana”, revela Rosa, que em 2007 fez uma grande renovação no desenho original, acrescentando dois terraços e impregnando os ambientes de um tom mais moderno, visível na escolha dos tecidos, na estampa das almofadas, na forma reta e elegante dos sofás e nas luminárias com visual mais leve e contemporâneo. “Há um bom mix de peças e obras de arte. Desde antiguidades preciosas até garimpos com personalidade, como o banco-escultura em forma de porco, trazido de Londres, que foi parar na biblioteca”, revela ela. Enquanto nas salas do primeiro piso o estilo é clássico, com direito a estantes lotadas de porcelanas da Companhia das Índias e quadros de Djanira, Cicero Dias, Pancetti e Milton da Costa espalhados pelas paredes, o ambiente próximo à piscina tem um clima mais relaxante. Para lá foram levados todos os móveis que compunham a decoração do apartamento da praia. “Conseguimos encaixar tudo ali porque esse espaço já tinha passado por uma reforma anterior, feita pelo Claudio Bernardes. O tom era relaxante, com parede de pedra e muita madeira”, lembra Rosa, que, para as fotos, espalhou belos arranjos de flores pela casa. “A base é tão linda, que basta salpicar toques de delicadeza e cor. O restante está pronto”, reflete.