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Casa no Espírito Santo tem construção artesanal e muito bambu

Helena Dias Sardenberg, a brasileira reconhecida na América e na Europa como boa surpresa da arte contemporânea, dá um tempo em sua vida peregrina e se estabelece – por ora – numa casa de construção artesanal nas montanhas do Espírito Santo.

Por Reportagem Maria Helena Pugliesi | Fotos Rômulo Fialdini
Atualizado em 26 Maio 2022, 10h43 - Publicado em 8 abr 2014, 18h35

Em sua edição de outubro, a revista de arte americana Flaunt dedicou capa e várias páginas sobre a obra de Helena Dias Sardenberg, atestando seu sucesso internacional. Por aqui, seus painéis gigantes também são vistos com bons olhos: “Eles têm muito de novo, uma mescla de pintura, de tapeçaria, de cartaz, da monumentalidade de um grande grafite”, afirma o curador Emanoel Araujo. O curioso é que essa capixaba é autodidata e que não faz mais de cinco anos resolveu largar a alta costura que produzia em Los Angeles, nos Estados Unidos, para experimentar a pintura. “Tudo começou com a construção desta casa. Desapontada em não poder mais alugar o chalé em que eu sempre ficava em meus retornos ao Espírito Santo, decidi comprar uma casinha. Descobri esta – na verdade era um celeiro – encravada na floresta das montanhas de Pedra Azul. Encantada com o lugar e estimulada pela maestria do pedreiro Alcimar Pires de Lima, idealizei um abrigo perfeito para me estabelecer de vez em meu estado natal.” O bangalô charmoso beira obra de arte. Toras de bambu se entrelaçam, dando sustentação às pedras, escolhidas uma a uma por Helena, que formam as paredes, e ao telhado, coberto de sapé. “Tudo foi muito detalhado. Nos dois anos de construção aprendi a apreciar a genialidade do trabalho artesanal. Eu sonhava, rabiscava no papel e o Alcimar, com seu único assistente, tornava possível o que eu queria.” Enquanto assistia crescer seu pedaço de paraíso, Helena arriscou os primeiros traços sobre tela. Mostrou o resultado ao amigo e fotógrafo Rômulo Fialdini e ele sugeriu algo mais autoral.

Foi assim que Helena se lembrou do lote de 10 mil quimonos antigos comprados no Havaí para fazer experiências em sua confecção. “A essa altura, eu já tinha posto na cabeça largar de vez a alta-costura e me dedicar ao desenho. Daí, pensei, por que não usar pequenos pedaços dessa maravilhosa vestimenta como complemento às pinturas? A ideia me animou e começou a nascer um trabalho inédito, misto de colagens e tintas, base perfeita para um universo fantástico, povoado de seres em ação.” Não demorou muito para que suas primeiras obras se tornassem conhecidas nos Estados Unidos, mas nem por isso o empenho na casa diminuiu. Os azulejos da cozinha e do banheiro, que lembram os dos botequins dos anos 60, são fruto de muita procura. “Hoje, não se fazem mais peças de 15 x 15 cm, encontrei estas no estoque antigo de uma azulejaria do Rio Grande do Sul.” O piso também tem história. Para conseguir a beleza, a praticidade e o diferencial que Helena queria, a amiga e arquiteta Tania Eustáquio sugeriu misturar cimento queimado com terra local de diferentes tonalidades e pó de mármore. O mobiliário é mais um sintoma do olhar apurado da dona da casa. Aqui e ali se veem peças bem garimpadas, a maior parte delas dos anos 50 e 60, como as cadeiras Rabo de Andorinha, de Zanine Caldas, e outras desenhadas por Lina Bo Bardi, ou ainda as mesinhas e os acessórios descolados em lojas de antiguidade em Palm Springs, na Califórnia. Como é também ateliê, o bangalô vive decorado por trabalhos de Helena. São painéis grandes, alguns de até 5 m de altura, que migram pelos ambientes, até chegarem ao seu destino – casas, museus e galerias do mundo todo.

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