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Casa na serra fluminense tem design do arquiteto Jimmy Bastian Pinto

No lugar de móveis rústicos, peças com design contemporâneo de grifes italianas. Em vez de madeira e tijolinhos, estrutura metálica e vidro. Conheça o conceito sofisticado desta casa by Jimmy Bastian Pinto.

Por Reportagem Simone Raitzik
Atualizado em 26 Maio 2022, 09h10 - Publicado em 10 nov 2014, 16h35

A estradinha é de terra batida, sinuosa, com jeito de roça. Uma espécie de purgatório (no bom sentido) para chegar ao paraíso. Mas depois de cruzar o portão deste sítio no alto da montanha, no vilarejo de Secretário, na serra fluminense, o desconforto termina como num passe de mágica. Melhor, ele se transforma em encantamento, porque cada detalhe da casa do arquiteto Jimmy Bastian Pinto é puro deleite. Em todos os sentidos. “Antes, eu tinha um chalé pré-fabricado neste terreno. Mas estava simplesmente podre, comido por cupins. Fui aos poucos comprando mais terras, consegui adquirir as montanhas em frente para não ter vizinhos e preservar o acesso para o rio, que cruza todo o vale. A partir daí, resolvi fazer uma casa para valer. Exatamente como acredito que um espaço no meio da mata deve ser: clean e integrado à natureza”, conta ele, que não se rendeu, em nenhum momento, a clichês rústicos e soluções batidas. Muito pelo contrário. Jimmy teve de domar o terreno de 300 mil m² cheio de pedras e com declive acentuado, desenhar um platô confortável e posicionar ali, com total elegância, sua moradia, erguida com estrutura metálica, grandes painéis de vidro, quase nenhuma alvenaria e linhas retas na fachada. 

Para quem chega, depois de um olhar rápido, a primeira impressão é de uma estrutura imponente, fora do contexto campestre, de alta montanha. Mas basta cruzar as várias portas de vidro deslizantes para sentir o clima extremamente aconchegante dos ambientes. “Como tudo é muito claro e aberto, escolhi móveis com cores, poltrona laranja, tapete estampado… e recheei com peças que garimpo há anos. Com isso, a casa ganhou rapidamente vida e ficou cheia de personalidade. Estar aqui é uma delícia. Venho quase todos os fins de semana, é onde recarrego as baterias”, diz ele. Verdade é que Jimmy sabe como poucos fazer o mix bem dosado de antiguidades e peças com design contemporâneo. É um colecionador assumido – tem  belos painéis de azulejos portugueses por toda parte e louças inglesas expostas no armário de madeira maciça. Seus baús indianos, trazidos das várias viagens ao Oriente, são feitos de cânfora. E ele faz questão de abri-los para exalar o aroma delicioso da madeira. “Sou um acumulador assumido. E tenho relíquias preciosas. Os azulejos vieram de uma demolição de casas antigas na rua Voluntários da Pátria, na época da obra do metrô do Rio. E muitas peças achei em antiquários aqui da serra mesmo”, revela.  

Esse faro para encontrar preciosidades veio do berço. Filho de diplomatas e bisneto do Barão das Águas Claras, desde muito cedo ele frequentou fazendas da região do café, no interior do estado, de onde resgatou várias das preciosidades que hoje estão na casa da serra e no apartamento carioca. “Tenho ainda dois depósitos lotados. Está na hora de começar a desapegar”, brinca, contando que guarda também a liteira em que os escravos transportavam seu bisavô. Até a escada em forma de caracol que leva ao mezanino onde fica o escritório e a suíte se refere à imagem dos acordeões que tocavam nas festas do interior, que frequentava quando criança. Ao lado do passado provinciano, há um Jimmy cosmopolita, que viveu muitos anos na Europa, com os pais, e viajava frequentemente para o Oriente, já que era ligado ao budismo e a terapias alternativas. “Gosto de muita coisa, aposto em diferentes estilos. E essa multiplicidade aparece aqui, na minha casa.”

Mas o que mais encanta Jimmy no momento está do lado de fora: são as flores, que salpicam o jardim desenhado por ele (e motivo de enorme orgulho) no estilo inglês. “Tenho uma estufa com mais de 100 orquídeas. Meu passatempo é catalogá-las e fazer belos arranjos, que vou espalhando por todos os cantos”, revela ele, que plantou ainda, nos pergolados que cercam a fachada, mudas da trepadeira jade nos tons azul e laranja. “Em breve, a estrutura vai mimetizar a paisagem. Só aí a casa vai ter chegado ao ponto certo, o lugar que sempre imaginei”, resume.

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