Casa modular: quatro lições que esse modelo de moradia pode ensinar
“Moradas construídas com módulos nos reconectam com a natureza”, defende Caio Dotto, um dos autores da Casa Aqua, apresentada na CASA COR SP 2016
Em um país onde a alvenaria é tão popular, novas técnicas construtivas têm desembarcado e ganhado adeptos. Durante a 30ª edição de CASA COR SP, os arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb e Caio Dotto, do escritório Mindlin Loeb + Dotto, apresentaram uma casa modular, construção ainda pouco conhecida por aqui, mas que pode nos ensinar muito – tanto quando o assunto é tempo de obra quanto quando se fala em sustentabilidade. O espaço, batizado de Casa Aqua, é uma parceria desses profissionais com a Inovatech Engenharia. Confira quatro lições que esse modelo de moradia pode ensinar.
1. Mais rápida de ser construída. Uma casa modular é uma espécie de casa de lego: suas partes são pré-fabricadas e só precisam ser encaixadas umas às outras. “A Casa Aqua, apresentada em CASA COR, tem cerca de 200m² de área total, sendo que 50m² são dos próprios cômodos. Tudo foi construído em apenas 18 dias. A rapidez é resultado do procedimento dinâmico para construí-la: as empresas entregam prontas as “partes” da casa (paredes, chão e encanamentos) e apenas é necessário encaixar tudo e colocar em pé. Claro, são peças pesadas e que requerem guindastes para serem erguidas”, conta Caio Dotto, que completa que a morada de CASA COR tem as paredes da sala e do quarto de concreto, enquanto as do quarto e banheiro, de drywall.
2. Flexível e adaptável. Como uma casinha de lego, é possível adaptar os cômodos da construção conforme as necessidades – sem precisar investir em uma grande reforma. “Na Casa Aqua, temos quatro cômodos: sala de estar, dormitório, banheiro e cozinha. São espaços independentes e ligados por passarelas. Se um casal morar nessa casa e quiser acrescentar um quarto para os filhos, basta comprar os módulos para erguê-lo, sem investir em uma reforma tradicional, que leve mais tempo, faz mais sujeira e resulta em resíduos poluentes. Da mesma forma, pode fazer o contrário e se desfazer das partes que compõem um cômodo e enviá-las para reciclagem. Em termos financeiros, a diferença não é tão significativa, mas a vantagem aumenta quando o assunto é a agilidade e os benefícios para o meio ambiente”, conta Dotto.
3. Sustentável. Agredindo menos o meio ambiente, casas modulares são mais sustentáveis, afinal, incentivam que o proprietário pense se aquele espaço realmente é necessário. Afora isso, diferentemente de uma reforma tradicional, os módulos retirados de uma construção podem ser reutilizados em outra morada, evitando o desperdício de materiais. “Na construção do projeto apresentado em CASA COR, especificamente, o que também colabora com a preservação ambiental são painéis fotovoltaicos instalados no telhado e que geram a energia consumida pelos cômodos da residência e mais um excedente. No caso, essa quantidade extra está sendo direcionada ao sistema do Jockey Clube de São Paulo, onde a mostra é realizada, e tem contribuído para diminuir a conta de luz do evento”, afirma o arquiteto do projeto. Na construção, também foi previsto um sistema de captação de água da chuva.
4. Socialmente interessante. Casas modulares trazer à tona uma questão sobre o morar: do que realmente precisamos para viver? “Esse tipo de construção faz com que as pessoas pensem no que realmente precisam para viver, nos cômodos que são necessários em sua morada de fato. Quando paramos para refletir sobre nossas reais necessidades, evitamos o excesso. Módulos podem nos reconectar com nossas reais necessidades e, assim, nos reconectar com o próprio mundo em que vivemos”, acredita o profissional.