Casa de lazer com linhas retas marca paisagem de Joanópolis
Foram necessárias apenas quatro linhas para compor um retângulo e delimitar o formato dessa casa de lazer, no interior paulista. Desenho simples é a riqueza do projeto
“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”, disse Clarice Lispector. E, embora não tenham citado a escritora ao descrever a casa de férias em Joanópolis, a pouco mais de uma hora de viagem de São Paulo, os profissionais do escritório Una Arquitetos demonstraram concordar com ela. “Diversos fatores nos mostraram que um volume retilíneo era a melhor opção. Analisamos o programa apresentadopelo casal, que precisava de bastante espaço para receber amigos e os filhos, observamos a paisagem ao redor, as condições de luz e ventilação… e chegamos à conclusão de que uma régua de 8 x 40 m faria da morada uma grande varanda, ampla, clara e confortável”, explica Fernando Viégas, sócio de Fábio Valentim, Fernanda Barbara e Cristiane Muniz.
Conheça detalhes deste projeto
O traçado simples encantou também os proprietários, que, depois de alguns anos avaliando onde deveriam fincar seu paradeiro de lazer (“tínhamos dúvidas se na praia ou no campo”, diz o morador), optaram pelo terreno ao pé da serra da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Amigos do quarteto do Una, não tiveram dúvidas a quem recorrer para concretizar o pedido, mas muito se perguntaram sobre que feições deveria ter o projeto. “Planejar uma casa é um exercício de autoconhecimento. Passamos um tempo maturando as ideias, estudando o que de fato nos agradava, pontuando aqui e ali. Hoje, três anos depois da conclusão da obra, podemos dizer: o projeto ficou realmente com a nossa cara, simples no desenho e rico em funcionalidade”, aponta o proprietário, reforçando que nada está ali por acaso. “Cada detalhe foi exaustivamente avaliado”, garante. Se resultou à imagem e semelhança dos donos, o espaço da moradia denota também que o casal com três filhos prefere a discrição à ostentação. “As demais propriedades do condomínio se mostram mais, sobressaem nos lotes. Aqui, decidimos mantê-la a salvo de olhares e mimetizá-la no cenário”, conta Fernando. Para isso, os autores aproveitaram o declive do terreno, encaixando a construção conforme o desníveldo solo – quem transita pelos arredores mal vislumbra a laje da cobertura, perpassada por uma torre central. “Não queríamos competir com a paisagem, e sim contribuir para a beleza dela. O protagonista é o cenário”, diz o arquiteto, que acredita, assim como os sócios, que a casa deva ser um amparo à vida cotidiana – vida essa adoçada pelas horas a fio que os moradores e seus convidados podem gastar admirando o entorno.