Arquitetura geométrica e um belo jardim marcam projeto de Marcio Kogan
Organizada em função de um extenso pátio verde, esta casa paulistana se impõe como um amplo espaço democrático, onde a separação entre pais e filhos foge às convenções.
Pedra, madeira, concreto, vidro e aço inox. O morar elegante não se restringe aos materiais mais nobres – ao contrário. Nesta casa paulistana de 700 m² de área construída – lar de um casal com três filhos adolescentes –, as escolhas recaíram sobre um belo jardim, móveis de design assinado e uma reduzida, porém expressiva, coleção de arte contemporânea. A moradora, arquiteta e designer de interiores, ocupou-se do décor. E o que poderia facilmente se tornar o pesadelo de qualquer escritório de arquitetura resultou em um projeto personalista, fruto da parceria entre cliente e profissional. “Foi uma experiência um pouco diferente. Não apresentamos um 3D ou uma volumetria já pronta. Os donos foram muito participativos desde o começo, e a casa realmente reflete a personalidade deles”, explica Renata Furlanetto, do studio mk27, de Marcio Kogan, coautora do projeto. O terreno, onde antes havia uma antiga residência que fora demolida, é cercado por construções mais altas. Para preservar a privacidade da família, optou-se pela ausência de janelas. Mas um lugar sem janelas poderia ser inabitável, já que a luz é fundamental para a manutenção e a convivência no espaço doméstico.
A solução encontrada foi o desenho de um pátio estreito e comprido que interliga todos os ambientes do volume superior. Esse espaço externo, delimitado por empenas acabadas com massa e pedra, traz luz para os quartos, que se abrem inteiramente para ele. O paisagismo e o piso de madeira contribuem para tornar o pátio um lugar agradável para o estar e uma extensão da ala interna. O térreo é formado por uma grande sala paralela ao deck-jardim e à piscina. No living, as generosas aberturas horizontais criadas por imensos caixilhos deslizantes integram totalmente o interior ao exterior. Para quem entra na casa, a sensação que se tem é que esse ambiente parece feito de vidro e sustenta todo o volume superior, um paralelepípedo puro construído com alvenaria. “Tudo aqui pode e deve ser usado”, acrescenta Renata. “Diferentemente do que costumamos fazer em outros projetos do escritório, os materiais não são os mais clássicos, mas refletem o jeito despojado do casal.” Mesmo localizada no agito dos Jardins, a moradia segue resguardada do entorno e resume o melhor de dois mundos: a sensação de privacidade e uma localização mais do que privilegiada.