Apê é transformado em um refúgio particular repleto de lembranças
Conheça o apartamento do artista plástico Dan Fialdini, que abriga um acervo de peças que representam cada momento de sua vida
Localizado em uma famosa avenida da capital paulista, onde o vai e vem de carros e pedestres é intenso, o charmoso prédio de poucos andares esconde um espaço onde parece que o tempo parou. O apartamento que abriga a coleção do artista plástico Dan Fialdini, tão diversa e impressionante, é um mundo à parte.
Além da relevância artística, o acervo é delicadamente emocional. Cada peça representa um momento de sua vida e conta histórias, a exemplo das poltronas criadas por Le Corbusier e fabricadas pela Cassina, trazidas de Paris há 40 anos. “Tenho coisas que coleciono desde os 10 anos de idade, como as pedras que costumava juntar. Algumas estão por aí ainda hoje. Depois, comecei a reunir borboletas e assim fui seguindo”,diz.
Hoje, o acervo também comporta obras de arte, inclusive as suas, objetos e mobiliário. Apesar disso, Dan não considera que tenha uma coleção. “É um conjunto do que gosto e valorizo porque aprecio cuidar do que foi feito por alguém. Aqui não tem nada contemporâneo. É quase tudo antigo”, explica. Cada canto do apartamento, com uma vista incrível para um dos raros trechos verdes de São Paulo, está preenchido por peças que o morador organiza de um jeito particular.
Não há regra, mas tudo é orquestrado com a experiência de quem entende muito de arte e sentimentos. A coleção de obras indígenas, por exemplo, ganhou um espaço especial logo na entrada, e, na sequência, seguem as africanas, que estão entre as preferidas do artista.
Essa profusão de objetos tem seus momentos de respiro, quando Dan trabalha com brancos. O canto próximo à janela e
sua delicada composição de parede é um exemplo. Sobre a mesa de jantar, um espaço especial está reservado ao busto de sua mulher, Cecília, que morreu no ano passado. A peça foi esculpida por Florian Raiss.
Apesar de parecer que não há espaço livre para mais nada, o acervo continua crescendo e Dan sempre encontra um jeito de expôr o que chega por último. “As pessoas costumam me dar muitas obras de presente de aniversário, pois sabem que eu gosto de tê-las, e trago tudo para cá”, revela.
Além de abrigar as peças, as paredes brancas também funcionam como um caderno, pois recebem anotações de frases e versos que o artista descobre e não quer esquecer. “Às vezes, encontro algo interessante na internet e gosto de escrever aqui”, explica.
Assim, seu apartamento é como uma obra viva, que vai sendo construída conforme surgem as memórias. Eclético, o universo que Dan criou é um refúgio em que as peças dão o clima de afeto e surpresa.