Apartamento grande todo dedicado à arte em Belo Horizonte
Obras modernistas e contemporâneas e móveis de design assinado pontuam os espaços deste apartamento de 630 m² na capital mineira. Tudo orquestrado pelas mãos do arquiteto Pedro Lázaro.

*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012

Esteta por natureza, o mineiro Pedro Lázaro impressiona a cada projeto que se propõe a criar. Este apartamento em Belo Horizonte, onde vivem um casal e seus dois filhos adolescentes, revela a força do olhar ao mesmo tempo racional e intuitivo do arquiteto. Ele concebeu um espaço sensorial para envolver as emoções, acolhendo e inspirando a família. Entre os principais pedidos dos proprietários ao profissional, estavam abolir qualquer traço de modismo, privilegiar a vista da capital mineira e incorporar a preciosa coleção de obras de arte. “O apartamento deveria ter base contemporânea, mas sem perder a identidade e a cultura local, um lugar onde os moradores pudessem se reconhecer o tempo todo”, conta Pedro.










O imóvel sofreu alterações pontuais. Manteve-se a planta original na área social, mas uma das suítes se transformou em escritório e quarto de hóspedes. Além disso, todos os acabamentos foram atualizados. Materiais nobres e naturais, a exemplo da madeira, do mármore e do limestone, dialogam em harmonia. “Busquei também dar autonomia arquitetônica aos espaços e desenvolver um diálogo visual entre eles. As transições têm função fundamental, por isso há contrastes entre as áreas.” Quando se transpõe a porta de entrada, a ambientação apresenta uma forma dramática, teatralizada, onde a peroba-do-campo reveste paredes e teto. A iluminação é focada na imagem barroca do século 18 de Sant’Ana, que, sobre o bloco de acrílico, parece flutuar. Próximo ao hall de entrada está a sala principal, que acolhe o estar, o jantar e o bar – ambientes de contemplação da paisagem. O piso é limestone grigio e as paredes de freijó lavado resultam em uma atmosfera serena. Um dos destaques desse espaço é o painel do artista José Bento, que esculpiu cada um dos elementos vazados com madeira braúna. “O desenho da sala começou tendo por base o painel de cobogós. Ele definiu não só a disposição das peças como também os revestimentos, que com ele se relacionariam”, diz Pedro.
O layout peculiar da sala de estar é como um jogo de espelhos, onde tudo parece se multiplicar, instigando a curiosidade. Dois sofás foram posicionados diagonalmente, valorizando cada um deles. “A ideia dessa paginação apresenta um grande estar, subdividido em dois, que pode funcionar como ala para conversas em grupos pequenos ou maiores. Os tapetes e as mesas de centro iguais cumprem o papel de integrar as áreas.” A paleta de cores neutra, que predomina em todo o projeto, está presente no uso da madeira de diversas tonalidades, no piso de limestone acinzentado e nos móveis com os mesmos tons dos acabamentos arquitetônicos. “Tudo compõe um espaço com identidade e calor suficientes para estimular a permanência. A neutralidade também é necessária para valorizar importantes e intensas obras de arte.” E elas estão em todo o apartamento, definindo planos, atraindo
o olhar e permitindo a contemplação, cercando os moradores de significados diversos. Há trabalhos do artista cinético Abraham Palatnik, do minimalista Frank Stella, dos neoconcretos Amilcar de Castro e Franz Weissmann, entre outros nomes consagrados. “Amo todas as obras, mas em especial a do Amilcar, que sonhava ter desde os meus tempos da faculdade. O altar barroco também é um desejo realizado”, conta a proprietária, Telma Nogueira. Alinhavar todas as preciosidades que formam a decoração sob uma atmosfera elegante exige conhecimento. “Minha criatividade é alimentada pela filosofia, pelas artes, por tudo que me toca e me emociona. O processo de criação se baseia em exaustivas reflexões sobre o tema em questão. Sou munido das informações adquiridas ao longo da vida, aliadas à carga emocional contida nos desejos dos clientes. Tento traduzir em cada ambiente convicções estéticas, momento histórico atual, tradição e cultura a serviço do bem viver”, explica Pedro Lázaro.
*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012