Apartamento descolado exibe personalidade dos jovens moradores
Coleção de memórias: este apartamento no centro de São Paulo guarda em cada detalhe um pedaço da história do casal
As janelas eram grandes e convidavam à entrada de luz. A metragem, dentro do esperado. “Queríamos comprar para reformar e este apartamento precisava de uma reforma urgente. Foi perfeito!”, lembra a proprietária, Laura Magri. Prestes a se casar, ela e o então namorado, Hugo Frasa, foram em busca de um imóvel no centro de São Paulo. Ao encontrá-lo, chamaram os amigos Fernando Falcon e Rodrigo Cerviño Lopez, do escritório de arquitetura Tacoa, para comandar as mudanças, que duraram um ano, finalizadas em maio de 2012. Quando os profissionais visitaram o apartamento, tiveram certeza de seu potencial de transformação. “Definimos os acabamentos juntos e propusemos que toda a estrutura – pilares e vigas – e a infraestrutura – tubulações –, que haviam sido expostas com a demolição, assim permanecessem”, explica Fernando.
O espaço, de 220 m², ganhou uma nova configuração: a antiga área de serviço foi incorporada como varanda e circulação, e a nova ficou restrita a uma pequena parte da antiga cozinha, que agora se integra à sala de jantar e estar, livre de divisões. Dos quatro quartos originais, dois se transformaram na suíte do casal, um virou quarto de hóspedes e outro deu origem a um pequeno escritório com sala de TV. Outros dois quartos de serviço formaram o estúdio, onde Hugo trabalha sua arte – do desenho à pintura, passando pela fotografia, música e vídeo.
Enquanto o apartamento começava a ganhar forma nas mãos dos arquitetos, o primeiro item do mobiliário aguardava, embalado, para integrar a decoração. Era uma mesa de jacarandá, comprada do antigo morador, que na sala de jantar, depois de reformada, ganhou a companhia das cadeiras Tião, do designer Sergio Rodrigues, e de centenas de objetos garimpados pelo olhar minucioso de Hugo. Segundo a esposa, ele consegue dar novas expressões a peças aparentemente sem valor. Nesta casa, o rústico, o rococó, objetos dos anos 1950 e 60, estampas étnicas e obras de arte contemporâneas convivem em perfeita harmonia. “A mistura de coisas e influências diferentes é que faz o lugar ficar realmente com a nossa cara”, comenta a proprietária. Neste último ano desde a mudança, Laura e Hugo vêm construindo uma identidade que se faz única a cada nova peça garimpada, a cada visita de amigos, familiares e presentes recebidos, que transformam o local em uma verdadeira coleção de memórias.