América recente e do futuro
Exposição vinda do Museu Astrup Fearnley, em Oslo, na Noruega, mostra na Bienal de São Paulo obras dos grandes nomes dos Estados Unidos dos anos 1980 para cá.
Qualquer história da arte contemporânea americana contemplaria gente como Cindy Sherman, Jeff Koons, Matthew Barney, Nan Goldin. Graças à exposição Em Nome dos Artistas – Arte Contemporânea Norte-Americana na coleção Astrup Fearnley, que ocupará o pavilhão da Bienal de São Paulo de 30 de setembro a 11 de dezembro, os brasileiros poderão ver uma boa amostra do impressionante acervo do museu norueguês e tomar contato, pela primeira vez, com vários desses grandes nomes. A curadoria, de Gunnar Kvaran, foca a arte dos anos 1980 para cá, com alguns dos artistas representados em profundidade. “A estrutura pode ser descrita como uma constelação de exibições solo de nomes importantes dos anos 1980 e 90 em paralelo com uma coletiva de artistas emergentes”, afirmou Kvaran. Além de trazer trabalhos pouco vistos por aqui, o evento comemora os 60 anos da Bienal de São Paulo. “Ela reforça nosso papel de conexão com o que está acontecendo no mundo”, diz Heitor Martins, presidente da instituição.
Gunnar Kvaran, curador e diretor do Museu de Arte Moderna Astrup Fearnley, em Oslo, falou a CASA CLAUDIA LUXO:
O que une e separa os artistas escolhidos para a exposição?
Temos trabalhos de nomes que apareceram na cena artística nos anos 1980 e que estão relacionados ao pós-pop art e à apropriação, como Jeff Koons e Cindy Sherman. E há nomes dos anos 1990, como Matthew Barney e Doug Aitken, que reintroduziram novos materiais e técnicas e o ato do artista “em primeira pessoa”, criando narrativas reais e ambiciosas. Também temos os criadores mais jovens, que se tornaram mais e mais visíveis nos anos recentes, como Nate Lowman, Paul Chan e Trisha Donnelly. Eles usam tipos diferentes de matérias e mídias ao criar novos objetos e estratégias.
Os jovens não são tão conhecidos no Brasil. O que devemos esperar da arte americana de agora em diante?
O cenário americano é bem diverso em termos de linguagem e temática. Mas em geral os artistas estão produzindo obras que são narrativas, contando-nos histórias mais ou menos complicadas. Eles têm um diálogo permanente com a história da arte, não só com a dos Estados Unidos como também com a da Europa, são inventivos e poéticos, mas também politicamente engajados e críticos em relação à sociedade americana.
Há peças brasileiras na coleção? O museu teria interesse em adquirir arte do Brasil?
Temos apenas duas obras – de Ernesto Neto. Mas o museu está fazendo uma pesquisa sobre a produção dos brasileiros emergentes, que provavelmente estará finalizada durante a exibição. Então é possível que sejamos capazes de incluir mais obras de brasileiros em nosso acervo.