Profissão: salva-vidas
Conheça a história de Maria Aparecida Lira. Ela fica longe da família no Réveillon para fazer resgates e salvar vidas
Maria Aparecida sempre passa as festas longe dos filhos
Foto: Arquivo Pessoal
“No ano passado, estava em mais um dia de trabalho no posto de atendimento do Samu, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, em Guarulhos, São Paulo, quando uma mulher com uma menininha no colo veio me cumprimentar. Disse que se chamava Regina e me perguntou se eu me lembrava dela. Fiquei olhando para o rosto daquela moça, mas não consegui me recordar. Regina, então, me disse ser a grávida de um acidente de moto que eu havia socorrido no Réveillon do ano retrasado. Disse que, graças ao nosso trabalho de resgate, ela e a filha estavam… vivas!
Então, me lembrei da ocornrência. Ela aconteceu por volta das 23 horas da última noite do ano. O marido da vítima dirigia uma moto e ela, grávida de oito meses, estava na garupa. Ao tentar fazer uma ultrapassagem, o veículo bateu de frente com um caminhão! Os dois estavam indo celebrar a data com a família.
Infelizmente, o rapaz morreu na hora. Regina sobreviveu, mas, por causa do susto, seu trabalho de parto poderia acontecer a qualquer momento. Para tranquilizá-la, dissemos que o marido estava sendo levado para o hospital em outra ambulância. Melhor assim.
Pouco depois de sairmos do local do acidente, ela começou a ter contrações. Dentro da ambulância fizemos os procedimentos necessários para que a futura mãe chegasse bem ao hospital. Lá, finalmente, foi encaminhada para os médicos que fizeram o parto.
Emocionada, Regina me contou que foi muito difícil superar a perda do marido, mas a dor do luto veio acompanhada da maior alegria que já teve na vida: a de dar à luz. Nesse dia, quando fui dormir, pensei nos meus filhos, no quanto me fazem feliz e no quanto admiram minha profissão.
Maria Aparecida diz que é gratificante poder salvar vidas
Foto: Arquivo Pessoal
Sempre passo as festas longe dos meus filhos, pois é nesta época que mais acontecem acidentes. As pessoas brigam, dirigem embriagadas e se machucam com fogos de artifício. Todos me perguntam se eu não fico triste de passar datas como Natal ou Ano-Novo longe dos meus familiares. É claro que eu gostaria de estar com eles, mas quero fazer a diferença no mundo! Tenho isso como missão.
Salvei um idoso com parada cardíaca
Em outra véspera de Ano-Novo, fomos chamados no Samu para ir a uma residência socorrer uma vítima de 67 anos que sofria um ataque cardíaco. Rapidamente chegamos ao local, concentrados e preparados para ajudar a vítima e os familiares.
Na ambulância, o senhor parou de respirar. Mas colocamos todos os aparelhos necessários e ele voltou a respirar! Conseguimos chegar ao hospital a tempo de salvá-lo! E é assim a minha rotina de festas há cinco anos… Sempre com muita emoção.
Meu serviço diário consiste em ficar no posto à espera dos chamados de emergência. Quando isso ocorre, sigo de ambulância com um enfermeiro e o motorista, que também tem curso de primeiros socorros, e nos ajuda em situações mais delicadas.
Todos os dias, antes de ir trabalhar, desejo que tudo seja tranquilo, mas também me preparo para o pior. Sempre que salvamos um paciente, sinto que meu trabalho é o mesmo de um anjo: preservar vidas.
Todas as pessoas que atendemos sempre são muito agradecidas por isso. É gratificante! Saber que sou útil e que trago alegria me faz mais feliz. Enquanto eu tiver forças e me permitirem, vou continuar salvando vidas!”