Para que eu pudesse batalhar, meu filho,
na época com 8 anos, é quem fazia
nossa refeição
Foto: Arquivo pessoal
Dona de casa, recém-separada e com três filhos pra criar. Essa era a minha situação aos 25 anos, quando fui morar na casa da minha mãe.
Minha inspiração para sair do buraco veio de uma vizinha que bordava. Levei umas amostras de trabalhos dela a uma confecção em busca de serviço. Menti que eu já bordava há dois anos e que os trabalhos eram meus. Na verdade eu só fiz um curso de corte e costura na adolescência. Mas consegui o trabalho.
Comprei uma máquina de bordar a prestação para fazer desenhos em macacões de bebê. Em pouco tempo já fazia 600 peças por dia, enquanto minha vizinha dava conta de 200. Meu filho de 8 anos é que cozinhava, do alto de um banquinho, pois eu bordava das 11h às 23h.
Meu salário equivaleria hoje a uns R$ 2 mil por mês. Depois de três anos nessa luta, consegui erguer minha casa num terreninho na periferia que ficou comigo depois do meu divórcio.
Montei minha empresa
Eu queria crescer e ser mais que uma bordadeira. Meu passo seguinte foi fazer estampas. Menti para o meu cliente que minhas pernas não agüentavam mais o pedal da máquina de bordar, já que eu tive paralisia infantil aos 3 anos. Com a certeza de que o meu patrão compraria as minhas peças, montei uma mesa de silk screen de 4 metros na garagem da minha casa para fazer estampas em macacões de bebê, toalhas e capuzes. Foi o início da minha empresa.
Em menos de um ano de garagem eu já fazia 300 peças estampadas por dia com a ajuda de dois funcionários. Na época, a gente secava a tinta das peças com o secador de cabelo, pois não tínhamos uma máquina térmica.
Minha primeira aquisição com o meu trabalho na estamparia foi um carro novo. O resto do lucro eu investia na própria empresa. Sempre sonhei em ser uma empresária de sucesso e independente.