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Líderes do futuro: jovens que se destacam em áreas distintas

Convidamos executivas poderosas para indicar mulheres que estão se destacando em suas respectivas áreas

Por Solange Azevedo
25 set 2017, 14h09

O que elas têm em comum é o apreço por desafios e a vontade de fazer a diferença. Juliana Dal Pino se engajou na luta contra o zika vírus quando o avanço da microcefalia começou a aterrorizar o país. Isabela da Cruz saiu do interior do Paraná para reverberar a voz de comunidades quilombolas Brasil afora e batalhar pela regularização de terras reivindicadas por seus antepassados.

Já a portuguesa Carolina Valentim desembarcou sozinha em São Paulo para trabalhar com publicidade, que usou para combater a violência de gênero. A empresária Juliana Glasser não se intimidou com a tecnologia, área predominantemente masculina e elitizada, e ainda tratou de promover a inclusão.

O talento e a obstinação dessas jovens não passaram despercebidos. Ao lado da diretora de TV Patricia Pedrosa, da economista Priscilla Albuquerque e da estilista Samara Sarmento, elas foram consideradas lideranças promissoras por grandes executivas. Veja a seguir por quê.

Entretenimento: Patricia Pedrosa, 33 anos. Diretora e roteirista da TV Globo.

Indicada por Monica Albuquerque, diretora de desenvolvimento e acompanhamento artístico da TV Globo: “Patricia é disciplinada e determinada. Lidera com precisão.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Por que acha que foi escolhida líder do futuro?

Nunca esperei ninguém me dizer que estava preparada para crescer na carreira porque achava que esse movimento teria de partir de mim. Quando me tornei assistente de direção, fazia questão de estar pronta para comandar o set inteiro caso o diretor não pudesse estar lá. Com delicadeza, consigo fazer o trabalho fluir.

Sua área está mais feminina?

Sem dúvida. Quando entrei na TV Globo, em 2007, dava para contar em uma das mãos o número de diretoras. Hoje, estamos por toda parte. Acho que a liderança doce, própria das mulheres, se reflete na qualidade do trabalho.

Nunca teve dúvidas sobre a carreira?

Na verdade, queria ser regente e compositora. Entrei bem crua na TV Globo, como estagiária de assistente de direção, mas o dia a dia foi me mostrando que esse era o caminho. Fui criando oportunidades e encontrando pessoas generosas, como Flávia Lacerda (com quem dirigiu a série A Fórmula). Sempre bati em todas as portas que quis abrir e encontrei alguém para me ajudar a entrar.

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Mundo corporativo: Juliana Dal Pino, 30 anos. Gerente de relações governamentais da Johnson & Johnson.

Indicada por Duda Kertész, presidente da HealthE, divisão de negócio da J&J Consumo nos Estados Unidos: “Juliana pensa em soluções que vão além do negócio e são positivas para a sociedade, como o projeto J&J contra o zika.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Como foi a concepção do projeto?

A J&J é a maior empresa de saúde do mundo. Quando a preocupação com o zika começou a crescer, vimos que poderíamos causar um impacto positivo na sociedade.

Quais foram os resultados?

Como não tínhamos recursos no Brasil, a solução foi pedir apoio ao CEO Global, Alex Gorsky, que entendeu a emergência. Capacitamos 7 420 profissionais de saúde de 37 municípios em seis estados brasileiros. Essa foi a primeira experiência público-privada para o enfrentamento da microcefalia e está se tornando benchmarking (referência de boa prática) no exterior.

Como você vê o futuro da sua área, relações governamentais?

Os problemas são tão complexos que apenas a colaboração público-privada é capaz de dar conta. A mágica acontece quando a vontade política e o poder econômico convergem.

Por que acha que foi considerada uma líder do futuro?

Talvez porque tenha canalizado minha energia para gerar impacto positivo. Minha mãe já trabalhou na Nasa; em casa, nem o céu era o limite. Não consigo conviver com esse tipo de realidade, de as pessoas não terem voz. Entendo que preciso ajudar a transformá-la.

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Educação: Priscilla Albuquerque, 35 anos. Economista.

Indicada por Maria Helena Guimarães de Castro, secretária executiva do MEC: “Priscilla criou o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), indicador de qualidade do ensino fundamental e médio.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Como foi a criação do Idesp, em 2007?

O índice olha para a desigualdade de desempenho dentro da rede. Descobrimos que no estado tínhamos escolas no nível das finlandesas, mas também das senegalesas. Fazer esse diagnóstico foi fundamental para identificar onde seria preciso evoluir e criar uma “competição”, pois os alunos e pais começaram a cobrar melhorias. O Idesp serve, ainda, de base para o pagamento de bônus para os professores.

Quais são os principais problemas da educação no Brasil?

O maior problema é que gastamos errado. Direcionamos muito mais recursos para o nível superior, atendendo alunos que não são carentes, do que para o ensino básico. Também precisamos cuidar da educação infantil. As políticas que temos são pensadas mais para as mães que trabalham do que para as crianças.

Por que acha que foi considerada uma líder do futuro?

Diria que Maria Helena considera que tenho um olhar diferente sobre políticas públicas. Sou economista e, por isso, enxergo necessidades, caminhos e soluções para os problemas da área da educação por esse viés.

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Tecnologia: Juliana Glasser, 34 anos. CEO da Carambola.

Indicada por Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil: “Juliana gera oportunidades de desenvolvimento para as pessoas.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Qual é o foco da Carambola?

Desenvolvemos softwares, mas somos muito mais uma empresa de educação. Valorizamos a diversidade. Selecionamos para nosso grupo um rapaz com paralisia cerebral e um refugiado de Serra Leoa. Enquanto startups continuarem sendo um ambiente de homens, heterossexuais e de classe média ou alta, o foco vai ser desenvolver aplicativos de táxi ou para resolver os problemas do cartão de crédito da balada.

Como promover a inclusão pela tecnologia?

Permitindo que ela se torne um catalisador para transformar a vida das pessoas. Era garçonete e ganhava pouquíssimo. Percebi que, para sair desse ciclo de baixo salário, teria de estudar muito e foi o que fiz. Mas, por ser mulher e homossexual, tive dificuldades de me inserir no mercado. Até que me inscrevi no Student to Business, programa gratuito da Microsoft para aumentar a empregabilidade, e fui convidada para dar aulas no centro de inovação da empresa. Depois disso, as coisas se encaminharam.

Por que acha que foi apontada como líder do futuro?

Talvez porque Paula enxergue que a inclusão por meio da tecnologia é um movimento necessário e faço isso na minha empresa, a Carambola. Cada vez menos mulheres, por exemplo, estão optando por essa área quando entram na faculdade. Pouca gente sabe que a primeira pessoa a fazer uma programação foi uma mulher.

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Trabalho Social: Isabela da Cruz, 27 anos. Ativista Quilombola.

Indicada por Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil: “Isabela está construindo uma trajetória muito próxima a de grandes ativistas negras no Brasil.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Quando se tornou ativista?

Comecei a participar de reuniões aos 15 anos, impulsionada por meus pais e uma tia. Formamos um grupo que contava a história da minha comunidade, a Paiol de Telha, por meio do teatro, da música e da dança. Mais tarde, fui eleita secretária de juventude da Federação Estadual de Comunidades Quilombolas do Paraná, me uni a movimentos como o de mulheres negras e cheguei ao Programa Mulheres Jovens Líderes da ONU.

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O que espera alcançar com seu trabalho?

Minha expectativa é que direitos fundamentais sejam garantidos para cada vez mais pessoas, principalmente no interior do país. Há uma grande diferença entre o que se vê nas grandes cidades e o que ocorre na zona rural. Estima-se que, no ritmo atual, levaríamos mil anos para titular todos os 5 mil territórios quilombolas do Brasil. Quero dar mais visibilidade para essa luta.

Por que acha que foi escolhida líder do futuro?

Acho que consegui ajudar a ecoar a voz da minha comunidade porque sou meio briguenta. Não tenho medo de falar, mesmo quando o espaço requer silêncio ou formalidade.

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Moda: Samara Sarmento, 32 anos. Estilista da Rubinella.

Indicada por Martha Medeiros, estilista: “Samara tem visão do negócio, do todo. Sabe que as peças devem ter estilo, mas, para a empresa prosperar, elas também precisam vender.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Como foi sua trajetória na moda?

Estagiei na Gloria Coelho. Lá, passei a me interessar por todo o processo de produção e a acompanhar de perto. Sempre fiz questão de não me limitar a desenhar. Trabalhei no Reinaldo Lourenço, onde me tornei gerente de estilo. Depois, na Saad e na Martha Medeiros.

Você se considera uma estilista completa?

Eu me cobro muito e sei que preciso aprender o tempo todo. Acredito que uma estilista deve conhecer o negócio e ter uma assinatura, mas também tem que saber avaliar o cliente para quem está desenhando e não impor seus gostos pessoais.

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Como você enxerga o futuro da moda?

Acho que ela será ainda mais ligada à tecnologia e ao slow fashion. Já há roupas impressas em 3D hoje em dia, e a preocupação com o conforto é crescente. Olhar para o meio ambiente é outra tendência. É preciso privilegiar materiais biodegradáveis.

Por que acha que foi considerada uma líder do futuro?

Gosto de me desafiar. A troca de informações com a equipe é muito importante para otimizar o tempo e os custos. É preciso pensar no melhor aproveitamento do material e em passar informações assertivas. Não pode haver desperdício.

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Publicidade: Carolina Valentim, 24 anos. Analista de planejamento da FCB Brasil.

Indicada por Joanna Monteiro, CCO da FCB Brasil: “Com sua visão moderna, fresh e crítica, nos ajudou na parte estratégica e ainda fotografou a ação Sexismo Invisível, desenvolvida para o Estadão.” (Márcio Del Nero/CLAUDIA)

Como foi a ação Sexismo Invisível?

Focamos no assédio sexual porque os dados são alarmantes e, muitas vezes, a mulher é apontada como culpada. Nosso objetivo foi mostrar que, não importam as circunstâncias, ela é sempre vítima.

Essa campanha teve grande repercussão. Qual foi a sacada?

Pintamos frases de conscientização, como “Decote não é convite”, no corpo de modelos que desfilaram biquínis da coleção de Amir Slama na São Paulo Fashion Week, em março. Numa analogia ao machismo invisível, foram escritas com tinta que só aparecia nas fotografias, por causa do flash.

Por que acha que foi escolhida uma líder do futuro?

Joanna dá valor a pessoas que lutam pelo que acreditam e gostam de arriscar. Sou portuguesa e me mudei sozinha para São Paulo porque meu sonho era trabalhar em planejamento de comunicação. Como no meu país essa área não é desenvolvida, usei toda a poupança que tinha para fazer um curso na Escola Superior de Propaganda e Marketing e me sustentar nos primeiros meses.

O engajamento das marcas em causas é uma tendência?

Abraçar causas não é novo, mas agora as pessoas cobram uma postura mais ativa das empresas. O discurso precisa ser autêntico. Caso contrário, não funciona a longo prazo.

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