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Jornal publica crônica sobre “estagiária gostosa” e gera revolta

Num texto bem machista, o jornalista Guilherme Goulart, do Correio Braziliense, fala com naturalidade sobre o assédio sofrido por uma estagiária da redação.

Por Júlia Warken
Atualizado em 17 jan 2020, 16h24 - Publicado em 12 set 2017, 10h57
 (Correio Braziliense/Reprodução)
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Na última segunda-feira (11), o Correio Baziliense publicou uma crônica que está gerando revolta pelo conteúdo extremamente machista. Assinada por Guilherme Goulart, na editoria de Cidades, o texto fala a respeito de uma suposta estagiária do jornal, que é identificada como Melissa (ou Melissinha).

Na crônica, Guilherme relata a chegada de Melissa ao Correio Braziliense e narra situações de assédio – tudo em tom de graça e objetificação. “Decotinho perverso, coxas de fora, pezinhos docemente acomodados em sandalinhas rasteiras. Como se estivesse em uma passarela, a mocinha de 19 anos – recém feitos – desfilou a balançar os quadris para lá e para cá, para cá e para lá”, diz o parágrafo inicial.

Noutro trecho, Guilherme relata: “Melissa se apresentou à coordenação de pauta da editoria de Cidades no início tarde, horário de repórter na rua. Mas os poucos representantes da fauna masculina não decepcionaram o restante da matilha. Viraram o pescoço em direção à loura-violão e acompanharam, atentos, ao primeiro boa-tarde cantado da nova estagiária da empresa”. Mais adiante, o jornalista diz que o único defeito de Melissa era o fato de ela ter um namorado.

A crônica foi publicada tanto na edição impressa do jornal, quanto no site, mas sua versão online já foi retirada do ar. No Facebook, o texto foi denunciado por páginas como a Jornalistas contra o assédio e a página do Correio vem recebendo um grande número de comentários indignados. No Twitter, a repercussão também é grande.

https://twitter.com/bellaplataforma/status/907391487842897920

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Nessa terça-feira, Guilherme Goulart publicou um novo texto, intitulado “Um erro sem perdão”. Nele, o jornalista alega que a proposta da crônica era explicitar que o “o problema do assédio às mulheres continua sendo uma realidade apavorante e assustadora”. Segundo o mesmo, Melissa é uma personagem fictícia.

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Apesar de dizer que seu texto foi interpretado erroneamente, ele assume que o escreveu de maneira totalmente equivocada e pediu desculpas pelo ocorrido. “[…] constrangi a minha mãe, as minhas avós, a minha mulher, as minhas filhas, as minhas amigas, as minhas colegas de trabalho, enfim, todas as mulheres. Reconheço o meu erro e aceito todas as consequências disso”.

Na capa da versão impressa, o Correio Braziliense declarou que “errou ao publicar a crônica ‘A estagiária'” e pediu desculpas aos leitores. Nas redes sociais, no entanto, o jornal ainda não se manifestou a respeito do assunto e também não divulgou o texto de retratação do jornalista.

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