De morador de rua, virei dono do meu negócio
O vício em jogos me deixou sem família, sem trabalho e sem dinheiro. Comecei a vender revistas, joguei futebol no exterior e agora sou dono de uma lanchonete
Graças à minha esposa e ao meu esforço
consegui alugar uma lanchonete.
Foto: Bob Paulino
Quando tinha 31 anos, eu trabalhava como fiscal em uma empresa de ônibus. O emprego não era ruim, mas o vício em jogos acabou com meu casamento e afetou meu trabalho. Como minha cabeça estava mais ligada aos bingos e aos caça-níqueis do que a qualquer outro assunto, não tive como permanecer trabalhando. Faltei várias vezes e, assim que percebi que poderia ser demitido, fiz um acordo e deixei a empresa.
Sem companheira, sem trabalho e quase sem uma única nota no bolso, acabei numa situação complicada. Perdi minhas poucas economias e passei a morar em um albergue, onde fiquei por mais ou menos dois anos.
Imaginei que essa fase difícil da minha vida seria importante para eu reunir forças e acabar com meu vício. Isso, no entanto, não aconteceu tão cedo.
Sem teto, comecei a vender revistas
Depois de um tempo morando no albergue, fui levado por colegas a uma ONG que trabalha com pessoas em situação de rua. A ONG produz e coordena a venda da revista Ocas (ver quadro). Comecei a vender a revista no modelo proposto pela instituição: dos 3 reais que os clientes pagam por cada exemplar, 2 reais ficam com o vendedor e 1 real com a ONG, para bancar os custos de impressão.
De desempregado, passei a ser vendedor. Isso me animou bastante, eu me senti valorizado de novo. Vendendo nas ruas da cidade, pude conversar com estudantes e trabalhadores. Isso levantou minha autoestima, mas não o suficiente para me fazer largar os jogos.