Como construir uma rede de contatos profissionais sem parecer interesseira
Ser bem relacionada no meio em que você atua pode ser decisivo para a carreira. Veja nossas dicas para melhorar o networking sem passar por puxa-saco
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Todo mundo já deve ter ouvido este conselho: para conseguir um bom emprego é preciso fazer contatos. Mas, para isso, não adianta ter uma agenda imensa ou adicionar milhares de pessoas no Facebook. O importante é saber investir no relacionamento com quem atua em sua área e possa se interessar pelo seu trabalho. Só assim as pessoas vão se lembrar de você quando surgir uma boa oportunidade. Estabelecer contato enquanto trabalha com alguém é fácil. O difícil é manter os contatos ativos sem parecer chata (ou desesperada).
Mande notícias
Um simples “Olá, como vai?” de vez em quando é indispensável para que a rede de contatos não seja perdida. “Se alguém que já fez parte de sua vida profissional for promovido, dê parabéns. Caso seja demitido, mostre solidariedade”, ensina a consultora de gestão de carreira e imagem Waleska Farias. Conte também suas novidades. “Com a relação ativa, ao precisar de algo não vai parecer oportunista”, acrescenta o consultor Sidnei Oliveira, especialista em desenvolvimento de novos talentos e blogueiro do site da revista EXAME.
Relação de troca
“Contato é quando existe interesse mútuo, a ponto de você também chamar a atenção da outra pessoa”, explica a psicóloga Lilian Graziano, professora da Trevisan Escola de Negócios. Em vez de apenas pedir ajuda a seus colegas, mostre que pode colaborar. Quando alguém que você segue no Twitter publicar um artigo interessante, responda com algo que acrescente ao debate, em vez de ficar só na bajulação. Estreite os laços antes de sair pedindo: “@fulano, leia meu blog novo e diga o que achou”.
Nada de intrigas
“Ninguém arrisca queimar o próprio filme indicando alguém em quem não confia”, diz Lilian. Ter fama de arrogante, fofoqueira ou de quem “puxa o tapete” dos colegas pode minar a mais bem cuidada rede de contatos mesmo que as pessoas à sua volta não deixem clara essa impressão negativa sobre você. Qualquer colega de trabalho, ao mudar de empresa, pode queimar seu nome rapidinho por lá.”
Tenha mentores
Ao perceber que um chefe ou colega mais experiente se interessa pelo seu crescimento, não deixe o contato morrer se deixarem de trabalhar juntos. “Compartilhar vitórias e projetos, mesmo que só por e-mail, é uma maneira de manter esse mentor presente”, comenta Oliveira. Ele pode aconselhá-la diante de uma dúvida sobre trocar de emprego, por exemplo. Mas não o trate como um analista pessoal: perceba o limite da atenção que ele está disposto a dar.
Muito é pouco
Adicionar ou seguir um monte de gente nas redes sociais não muda muita coisa. “O que faz a diferença mesmo é a profundidade da relação estabelecida”, diz Waleska. Lembre-se de que as redes são só plataformas, e não o relacionamento em si. “Não adianta tentar passar uma imagem à qual não vai conseguir corresponder depois”, aconselha Lilian. Há redes voltadas especificamente para contatos profissionais, como o LinkedIn e o BeKnown, com recursos como pedir para ser apresentado a alguém e grupos por áreas e interesses. Nas redes pessoais, a dica é manter a discrição: nada de fotos comprometedoras no Facebook ou ficar o tempo todo xingando muito no Twitter.
Amigo do amigo
Seus contatos podem ser um atalho para chegar a alguém com quem nunca conversou. “Relacionamentos consistentes costumam funcionar como chancela”, explica Waleska. Se seu contato lhe disser que pode mencioná-la quando for falar com algum amigo ou colega, ótimo! Aproveite e peça-lhe que mande um e-mail apresentando os dois e explicando como podem contribuir um com o outro. Mas não force a barra insistindo para ser indicada – somente se a pessoa achar que tem o perfil é que vai recomendá-la para um amigo. Indicações ruins abalam relações profissionais e de amizade. Ninguém vai se arriscar por você se não acreditar que está fazendo a coisa certa.
Stalker do bem
Se não tiver nenhum relacionamento em comum com uma empresa ou profissional que deseja contatar, não chegue com um pedido de emprego à queima-roupa. “Reúna na internet informações que podem ajudá-la a quebrar o gelo ou a elaborar uma estratégia de aproximação”, recomenda Oliveira. Só então mande um e-mail. Seja objetiva: apresente-se em duas ou três linhas, destacando como pode colaborar e perguntando sobre os caminhos mais adequados para se integrar à equipe. Em vez de mandar seu currículo logo de cara, apenas acrescente o link de seu perfil no LinkedIn na assinatura do e-mail, por exemplo. Esse é um jeito muito mais sutil de mostrar o que já fez e soa menos desesperado.
Sem gafes
O que mais queima o filme com sua rede
– Trocar de emprego todo ano: Isso não aprofunda os contatos e a pessoa nunca é lembrada como alguém que conseguiu realizar grandes projetos.
– Inventar uma indicação: Basta uma checagem simples para a farsa ser desvendada. Em vez de ganhar um contato, é mais provável perder dois.
– Ser insistente: Se a pessoa não respondeu no tempo em que você gostaria, é porque não tinha interesse ou disponibilidade.
– Só aparecer quando precisa: Não banque a folgada, que faz contato somente se precisar de favor.
Fale com ele (ou ela)
Se nunca tinha pensado que precisava de uma rede de contatos, comece por aqui
1. Parta das pessoas mais próximas. Se ainda não tem experiência profissional, colegas de faculdade e até familiares são seus primeiros contatos. Fale com eles sobre seus planos de carreira.
2. Só gaste energia com contatos que realmente atuem em sua área. Redes de relacionamento profissional têm de ser pensadas com as metas de carreira. Não adianta atirar para todos os lados.
3. Arrisque-se no mercado de trabalho o mais cedo que puder. Se ficar esperando a empresa ou a vaga dos sonhos aparecer, perderá várias oportunidades de fazer contatos (e chegar mais perto da tal vaga dos sonhos).
4. Conquiste seus superiores e colegas demonstrando comprometimento, ética e vontade de crescer. Ser lembrada com uma boa imagem é o que mais conta para que seja chamada para um novo trabalho.