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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade
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Atletas brasileiras trocam ofensas. O que está por trás desse comportamento

Uma análise profunda e real do que vimos nas Olimpíadas, e o que isso nos ensina

Por Sofia Menegon
Atualizado em 30 jul 2021, 18h56 - Publicado em 30 jul 2021, 17h06

De um lado, Simone Biles vibrando por Rebeca Andrade da arquibancada. De outro, a goleira do Brasil, Bárbara Barbosa, trocando ofensas com a atleta de paracanoagem Andréa Pontes. Essas duas cenas, posicionadas paralelamente, nos revelam uma informação importante.

Estamos avistando a fronteira, ainda longínqua, entre um mundo que nos coloca como rivais e aquele em que a sororidade é norma. Entre as feridas abertas e a cura.

Antes de julgar e apontar dedos, é preciso entender o pano que se estende sob cada uma das situações. Enquanto sociedade, não valorizamos o esforço, a superação e resultados a menos que signifiquem medalhas, títulos e poder.

Basta que façamos uma autoanálise: quantas vezes você comemorou a dedicação de um atleta eliminado nas classificatórias? O esforço é validado pelo pódio. É sob essa pressão que os esportistas de alto nível chegam às Olimpíadas.

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Quando falamos sobre atletas mulheres, as cobranças são ainda maiores. Seus corpos são colocados à mercê de olhares que ora objetificam e hipersexualizam, ora depreciam. Quando obtêm o resultado exigido pelo tribunal de fiscais da vida alheia, o destaque é o corpo “desejado”.

Se não correspondem às expectativas, são cruelmente julgadas e sentenciadas como inaptas para representar o país e a modalidade. Nunca são boas o bastante, porque precisam correr atrás de padrões de perfeição inalcançáveis.

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E imersas nessa cultura que, além de tudo, impõe rivalidade entre mulheres, tornam-se também algozes, ferindo com a mesma arma que as feriu.

comentários de Andrea Pontes e Bárbara no Instagram
(Instagram/Reprodução)
comentários de Andrea Pontes e Bárbara no Instagram
(Instagram/Reprodução)

Quando Andréa Pontes não se solidariza com os desafios da Bárbara, fazendo comparações e posteriormente dirigindo ofensas, ela fala também de suas próprias dores.

Quando Bárbara responde com a mesma violência, está direcionando à paracanoísta a revolta de estar pela quarta vez em uma olimpíada e apenas ler seu nome seguido de críticas duras e inundadas por preconceitos.

Mas logo ali, desponta no horizonte a esperança. Vimos Biles vibrar por Rebeca Andrade na final individual geral, a judoca russa abraçar Maria Portela com ternura diante do choro da colega, o apoio às ginastas alemãs por usarem calça em vez de collant contra a sexualização de seus corpos.

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rebeca andrade abraçando ginasta da seleção dos EUA
(Jamie Squire/Getty Images)

Estamos falando sobre sororidade. Não como um conceito ilusório em que todas estamos na mesma página e concordamos sobre todas as pautas. Mas como a possibilidade de estarmos em lados opostos e ainda assim nos respeitarmos. Em reconhecer que, quando uma de nós avança, todas vencemos. A irmandade que não exige que sejamos amigas, mas entende que estamos longe de ser rivais.

Enquanto torcedoras, podemos fazer a nossa escolha: apoiar as atletas, reforçando a sua importância e exigindo a equiparação de incentivos entre as equipes femininas e masculinas, ou ajudar a perpetuar esse ciclo de pressões, cobranças e desvalorização das mulheres. O futuro está posto, mas a velocidade com que chegaremos até ele depende das decisões que tomamos agora.

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Pronunciamento Andréa Pontes

A atleta Andréa Pontes divulgou um pronunciamento sobre o caso, que foi divulgado pelo GE. Leia na íntegra.

“Venho a público lamentar o desgaste ocorrido com a goleira de futebol da Seleção Brasileira, Bárbara. Como atleta paralímpica, sei o quanto nos dedicamos pela classificação para defender a nossa Nação.

Sei que as redes sociais são um ambiente democrático, onde as opiniões são expostas, mas não agi corretamente ao ofendê-la e nem ela a mim.

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Quero dizer que as ofensas proferidas pela goleira Bárbara não irão me abalar, porém não admito que essas ofensas desmereçam os paratletas e a canoagem brasileira.

Não quero que o meu erro seja a causa de uma resposta mais dura e que atinja os paratletas porque cada um tem sua história de superação. Estamos às vésperas da Paralimpíada e essa não deve ser minimizada.

Os atletas com deficiência não são inferiores, mas sim capacitados, dedicados e extremamente esforçados diante dos desafios. Sigo na certeza que manteremos o espírito esportivo, de união pela torcida e de que todos os brasileiros vão se encantar com o desempenho de alta perfomance dos nossos paratletas.”

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