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Bailarina e jornalista, ou jornalista e bailarina. Tanto faz. A coluna fala sobre métodos, histórias, entrevista pessoas, mostra tendências, espetáculos, entre outros assuntos relacionados, mas colocando em tudo isso o mais importante: seu grande amor pela dança
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Todos #unidospeladança

O movimento coletivo, espontâneo e colaborativo, #unidospeladança, foi criado por profissionais e diretores de escolas de dança em todo país

Por Flavia Viana
Atualizado em 8 abr 2020, 20h53 - Publicado em 8 abr 2020, 20h34

O mundo está vivendo tempos difíceis. Situações novas. O momento é de nos reinventarmos, de sermos solidários e de olharmos para o outro. A palavra da vez é união.

O dia a dia de profissionais de diversas áreas da dança também virou uma rotina até ontem desconhecida para eles mesmos. Escolas fechadas, professores em casa, ensaios, apresentações e festivais cancelados e muitos planos adiados. Depois do anúncio da pandemia do vírus Covid-19 também ter chegado ao Brasil, veio o entendimento de que tão cedo ninguém estaria onde deveria estar, então as lives de escolas e bailarinos começaram a acontecer de forma repentina e até mesmo desorganizada, mas na verdade foi apenas um reflexo diante a essa situação, mas junto com tudo isso, manifestações positivas de apoio a dança em todo o Brasil.

“Acredito que o lado positivo dessa crise é que as pessoas começaram a olhar para dentro, viram que somos iguais, e que podemos viver com menos em uma vibração de paz, de tranquilidade. Acho que foi preciso desligar o piloto automático. Quando foi a última vez que você viu o pôr do sol ou mesmo se olhou no espelho e viu cada parte do seu corpo? O negativo é que não estamos acostumados com planejamentos, assim, a vida financeira se abala pois enfrentaremos uma recessão e é preciso ter estratégias que te diferenciem no mercado para sobreviver. As escolas de dança precisam disso. Com urgência máxima”, explica Marcela Benvegnu, jornalista e pesquisadora na área de dança.

(Acervo pessoal/Divulgação)

Adriana Assaf é diretora da Cia Paulista de Dança além da Escola que leva o seu nome, e diz que apesar de toda a dificuldade do momento o segmento está unido. “Sou diretora de uma escola técnica de dança e de uma cia profissional, então o meu seguimento está realmente paralisado, pois a nossa realidade são as salas de aula com bailarinos se movimentando. Os espetáculos e competições de dança também estão parados. Tínhamos uma temporada de apresentações no Teatro Sergio Cardoso (SP) que está cancelada até segunda ordem, então todas as formas de espetáculos de dança estão mundialmente nessa situação, pois são eventos que envolvem muitas pessoas”, conclui.

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Bailarina e diretora artística da Bravo! Ballet localizada também na capital paulista, Ana Yazlle teve as aulas suspensas de sua escola no dia 17 de março, pois acatou as diretrizes do Governo do Estado para o enfrentamento dos desafios referentes ao Covid-19.

Na minha opinião e dentro dos meus círculos de relacionamento, houve união dos profissionais de dança. As parcerias, em qualquer setor, fortalecem marcas, pessoas e empresas. Logo que começamos nossas aulas remotas, várias escolas pediram dicas de como começar também, e pudemos compartilhar um pouco do que estamos vivendo. O momento é de união, estamos todos juntos enfrentando problemas muito parecidos’, explica Ana.

(acervo pessoal/Divulgação)

Em meio a tantas mudanças, cada segmento tem se respeitado e apoiado, seja uma escola, companhia, bailarino, marca ou festival, e nesse momento, todos veem o lado negativo sim, mas o positivo tem unido a maioria. “Todos estão se unindo, não é o momento de pensarmos em quem é melhor ou pior, é o momento de cada um divulgar o trabalho do outro, e principalmente facilitar que sejamos vistos por órgãos e pais de família dos quais muitos precisam da mensalidade para sobreviver”, explica o bailarino e coreógrafo Luan Rattacaso também professor de dança na tradicional escola Isadora Duncan em Campo Grande MS fundada e dirigida por Neide Garrido. “Enquanto artista, o positivo foi perceber que realmente somos importantes dentro de cada uma de suas funcionalidades. Por sua vez o negativo é o mesmo, uma vez que a maioria de nós trabalha informalmente, mesmo dentro de uma escola, o trabalho é informal, ou seja, somos remunerados dentro daquilo que produzimos, e se não acontecer não temos receita.” Conclui Luan.

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(acervo pessoal/Divulgação)

Shamara Bacellar é bailarina profissional, professora de ballet e de HathaYoga e também tem se adaptado não só a situação das escolas, mas também a rotina 100% online. “Eu acredito que assim como muitos universos, a proposta do online tem sido a maior delas nesse momento. A expectativa é que novos materiais sejam sempre apresentados para que haja mais interesse do público. A escola onde eu pratico tem feito um movimento para que os alunos que puderem não tranquem as mensalidades, e dessa forma eles seguiram pagando parcialmente os professores e gerando conteúdo on-line. Tenho dado aulas particulares para os meus alunos no app Zoom e também para novos alunos que se sentiram incentivados a iniciar uma prática neste momento”, explica Shamara que completa. “Temos que olhar para as reais necessidades de cada um, passamos muito tempo colocando energia em coisas, pessoas ou lugares ao invés de nos concentrarmos em nós mesmos, nossos corpos, mentes e emoções”.

Todos os mercados sem exceção estão expostos a essa situação, e não tem sido diferente para a empreendedora carioca e influenciadora digital Carol Lancellotti.

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“Como produtora de conteúdo e fotógrafa, perdi diversos clientes – duas escolas de dança inclusive, mas os clientes que atendo online deram segmento, felizmente. Já como influenciadora digital de dança, tem sido muito positivo. Estou criando ainda mais conteúdo e me reconectando como nunca com as minhas seguidoras, afinal, estão todas online e sedentas por mais informação e troca. Adiei alguns atendimentos e o meu workshop presencial. Mas ainda não adiei a minha viagem em grupo para a Rússia, o mp Ballet Tour. Como acontecerá somente no mês de outubro, ainda tenho muita esperança das coisas terem melhorado até lá. O grupo, de 10 mulheres que viajarão comigo, seguem aguardando e ninguém cancelou a vaga. Também foquei nos meus produtos e serviços para o online. Vou dar uma aula de Marketing Digital por um valor super acessível e lancei um e-book que já foi muito bem recebido. Ele fala sobre dança e fotografia e ensina as pessoas a se fotografarem melhor, principalmente em casa”, explica Carol.

(acervo pessoal/Divulgação)

Para Laura Burity, ver o lado positivo mesmo no negativo é uma dica. Ela é advogada, amante da dança, bailarina e também empreendedora na área, além de influenciadora digital com seu canal no YouTube. “Eu vejo muitos lados positivos mesmo nos negativos. Acho que é um momento novo para todo mundo, um momento de auto avaliação, de nos voltarmos para nós mesmo, de autoconhecimento. Há pessoas hoje, com 30, 40, 50 anos, que nunca foram obrigadas a viver consigo mesmo, acho que esse tem sido um grande momento para cada um de nós. Além disso, acho que esse “desligamento” muda muitos valores, muda o meio ambiente, muda nossa visão de mundo, nossas prioridades. Sem dúvida para a economia é e será um momento difícil, para bailarinos e professores é um momento cruel, a maioria das pessoas pensam nas aulas, que não irão receber, então param de pagar, e escolas estão fechando definitivamente. Isso é uma dor absurda. É uma perda imensa. Mas também acredito que o mercado seja capaz de se adaptar. Falei sobre aulas e palestras sobre dança online há quatro anos, todos me condenaram, hoje todos os professores e artistas precisam buscar maneiras de se reinventar e o online se torna cada dia mais necessário”, explica.

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“Eu tenho muitas frentes de trabalho. Com meu e-commerce @naspontasloja, as vendas caíram um pouco. Sem aulas de ballet as pessoas não consomem tanto, além da redução ou corte de muitos salários, o que torna os “acessórios” cada vez mais supérfluos. Então estou tentando focar em produtos de longa duração e que sejam para qualquer momento da vida, que valham a pena comprar agora. No meu portal de comunicação, o @naspontas, eu senti um aumento de consumo no conteúdo e aumentei a criação do mesmo como entretenimento, exercícios, movimentos para se fazer #emcasa, etc., então acho que as pessoas estão de fato com mais tempo, disposição e até necessidade disso. Agora como funcionária da multinacional que eu trabalho, as coisas ficaram mais lentas, jornada e salários reduzidos no mundo inteiro até passarmos este momento de crise”, finaliza Laura.

Para a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Claudia Mota, que chegou da Europa recentemente e está em isolamento, o momento não é diferente, mas também tem a opinião de que tudo isso está servindo para a união no mundo da dança aqui no Brasil. “O lado bom é que estamos todos em um só pensamento e objetivo. Ficar em casa nesse momento tem sido, apesar de tudo, enriquecedor. Podemos fazer uma autoanalise de quem somos, do que precisamos para viver e o quanto somos importantes para o outro e dependente deles também. No final, somos todos iguais, independentemente de qualquer coisa. Como profissional da dança, tenho dividido momentos com pessoas que admiro e conhecendo outras, tentando manter a forma com aulas de ballet virtuais com tanta gente incrível, tudo via internet. O lado ruim, no meu caso, é que vim de uma viagem da Europa e ainda tenho que ficar em isolamento por duas semanas. Tem sido difícil ficar longe da minha família, mas acredito que muitas outras pessoas estejam passando por situações muito mais complicadas do que a minha.” Claudinha espera também que nada disso se perca e que tantas conexões criadas se mantenham. “Essa experiência de compartilhar tudo isso com quem admiramos e com quem acompanha o nosso trabalho tem sido incrível! Espero que quando tudo isso acabar, a gente possa dar continuidade a esses movimentos que uniu de uma forma tão maravilhosa tanta gente. As vezes tenho a impressão de que somos uma única companhia de ballet no mundo, é maravilho”, finaliza a bailarina.

(acervo pessoal/Divulgação)

Para a pesquisadora de dança Marcela Benvegnu, crise é oportunidade e ressalta. “A crise é um momento de (re)invenção, de pensar nas prioridades e não só de se fazer perguntas, mas de responder muitas delas. Crise é oportunidade. O que eu posso oferecer ao mercado? Como a escola de dança vai fazer na sua volta para manter esse cliente? Acredito e espero que na volta à normalidade sejamos mais humildes e, sobretudo, empáticos”, conclui a jornalista que hoje (8) fará um Live as 21h no Instagram do @unidospeladancadiretores gratuitamente.

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Diante a tantos acontecimentos e situações semelhantes vividos pelo seguimento da dança em todo o país, os profissionais e diretores de escolas brasileiras Devanir Antolini, André Gama, Cristina Morales, Daniela Alonso, Debora Cabral, Helo Gouveia e Mavi Chiachietto juntaram forças e criaram o movimento #unidospeladança. “O #unidospeladança é um movimento coletivo, espontâneo e colaborativo, formado por diretores de escolas de dança e instituições que tem a dança como atividade principal de todo território nacional. Semanas atrás vimos todas as escolas de dança fecharem suas portas, todas! Então resolvemos nos socorrer nesse grupo. Nele falamos sobre a crença (ou a falta dela) das aulas virtuais, ferramentas de tecnologia, mensalidades, os possíveis prejuízos e outros assuntos pertinentes ao que estamos passando.

Num determinado momento, entendemos que, apesar desses tempos sombrios, somos geradores de beleza e optamos por elevar a vibração e levar ao ambiente externo mensagens de harmonia por meio daquilo que sabemos fazer muito bem, a dança.

Iniciamos com a criação de posts positivos para que pudéssemos alegrar nossos alunos e que eles nos sentissem por perto, até que chegamos na confecção de vídeos com os diretores, pessoas especiais, lindas e cheias de esperança de que sairemos fortalecidos desse período. A mensagem de amor emitida pela livre expressão de seus corpos tocou o coração de outras pessoas.

A intenção é seguir produzindo conteúdo positivo e, organizadamente, mapear as necessidades em comum entre os dirigentes das escolas de dança durante e pós a pandemia”, finaliza uma das diretoras Mavi Chiachietto.

E quando tudo isso passar? O que faremos? A bailarina Ana Yazlle deixa a sua mensagem de sermos não só positivos, mas unidos.

“Reforçamos o sentimento de que o bailarino é mais resiliente, flexível, criativo. Que consegue se reinventar e dançar onde quer que seja. Tenho certeza que sairemos fortalecidos e inspirados. O que o mundo está vivendo é uma grande lição, e nós podemos transformar isso em arte, quando tudo passar. Usamos como lema na Bravo! Ballet, “separados sim; parados nunca”. O bailarino parado é triste. Então a gente só não pode estar juntos agora, mas precisamos dançar. E dançar simplesmente acontece. Na sala, no quarto, naquele cantinho do seu isolamento. A dança transborda, não é?”.

@unidospeladancadiretoras

#unidospeladanca

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